sexta-feira, 29 de maio de 2009

Moquecas molecas


Junte um pequeno bocado de gente
decente
um naco de terra morada e num cultivo
suficiente
panela de barro desenhada e cozido
sem repente
porque é demoradamente.

Vá pro fogão à lenha
beba um cálice de vinho tinto
respire fundo
- em punho,
os ingredientes.
Abra sua mente devagarinho
se atenha

Seis a oito postas de peixe
à moda do apóstolo Pedro
cebola lavada e crua em rodelas
alho sem miolo,esmagado,
para dar cheiro à panela.
Azeite, folha de louro,
sem segredo

Meia dúzia de tomate maduro
ah, nada mais puro
corte e forre o fundo
mais a cebola
- à parte,
um coco seco, mas cheio de água
rale meio molhado
guarde a outra metade

Arrume tudo:
intercale sua presença
e a dos demais.
Azeite.
Tempere com pouco sal
Deixe borbulhar,
não esqueça o dendê,
qsp vital

O cozimento é rápido
A paciência em slowmotion
finaliza o cardápio.
Festa para três aniversários
exige imaginação
Da próxima vez,
jogue fora seu calendário

Jura que não tomou todo o seu vinho?
Então, estou a caminho....








Perfectione

Por mais estranho que pareça
tudo no planeta
está em busca
da face perfeita

quinta-feira, 28 de maio de 2009

transcender o mar sem naufragar

oceano,
vasto
oceano,
em teu colo netuniano
me basto
teu talude é casto
teu manto
devasso
- nada mais
profano
que tentar
desvendar
mares -
indizível mar,
vastidão indecifrável
que se alterna
no imensuravel
embebedar-se
de ondas.
Vasta planície
hidrosférica
abissal,
o rebolar de sua espinha
de magma,
num sambinha
cheio de maresia,
inferniza e batisma
o celestial.


(en) fado


ao ressoar do


tim-tim por tim-tim


responda de leve


com reticências


se for um leque


de mínimos detalhes


abane-se desapercebidamente


ao o esmiuçar de repentes


alente-se com


o descobrimento
como se fosse o Seraphim


Se tiver que beber
uma raiz quadrada


ofereça em troca
uma taça de cosseno


se houver caquinhos


seja o todo


ante os segundos


seja o átimo


ante o espelho do não


mostre os caninos do sim


pois, o buraco negro


é um suicida penitente
um belo furo nágua










quarta-feira, 27 de maio de 2009

D'angola


Tenho cria

com fotografia

sou mesmo uma

afinada com a guilhotina

e o obturador

- ainda que sem cor,

cheia dela,

esparramada,

contida,

extertor.

Tanque e espiral

revela-se o expor

de camada fina, fosca,

em brilho,

fixador.

Interrompi o clic

para acionar o olhar

na objetiva,

de perspectiva,

então,

co lo ri da.
Super chic.........




cio da noite

o que há com a lua nova?
o outono já são ventos
o céu já são nuvens
os dias se acorrentam às feras
as noites chocam óvulos

'Kamu alem birdir bizim'

O beco se alastra
com seu gemido de cão
aos poucos contrasta
com uma réstia de chão

Dorme, dorme, em vão
cabe na poça a estrela
seu brilho cintila pagão
a lua recorta e espelha
renovado sermão
com a pontiaguda destra

Cale, cale, a prece
não emudece,
não.

terça-feira, 26 de maio de 2009

sal a grosso modo em dízimos

cadê meu véu?
quem acendeu minha vela em alto-mar?
quem pagou pelos meus pecados
e me enviou
sorrateiramente
a conta?
Prestações ao léu.
Quem, pelos infernos, acendeu a lenha do meu fogão
torrou minha paciência em %
e majorou o quinhão de minha fome
em potes alimentícios
no freezer?
Quem usou o chip do meu cartão,
fez ddds no meu celular,
rezou 1/3 da minha ladainha,
fez promessas para mim?
Cadê meu incenso de benjoim,
meus resquícios,
vícios,
capim barbatimão,
a moeda novinha,
a medalhinha do meu santo de estimação?
Sou almamiragem...
Só tomo bênção real
benzida, cozida, apimentada
de irmão espiritual.
Serve, de praxe, um ritual de anjo,
de santo,
de madre,
batismo, conspiração etérea,
aérea, bicicleta, carro, carroça, jeep
avião.
Fecho meus sentidos com zíper.
Serve o que há
e houver
para a afinação.
E não queiram pedir exame de dna.





Decanter da paulistania em conserva


Paulistania adora
encenação

batom e esmalte

salto alto

saia justa

decote

terno, gravata,

travesti

carro e avião


- fina descompostura


Paulistania adora flertar


marcar encontros

ficar

cinema e arte

botequim

jazz

Cabelo comprido

teatro

estréia

congestionamento

stress


-pega e viatura


Luz de velas

flores, vinho

diploma

glamour

rabo de saia


A paulistania

tem mania

de sofisticação

blazé

seda e cetim

praia


chiqué

de férias?

um tour

receita de infância do papagaio testamenteiro-versículo segundo do meio início

1970
Era a sobremesa oficial de domingo.
A religiosidade procedia à caipirinha de cachaça,
lá pelas 10 h,
enquanto fumegava preguiçosamente na panela um molho farto com tomates italianos.
Carne de frango aos pedaços, direto ao forno com batatas suculentas,
sempre sob temperos :
alho, sal, vinho tinto,cheiro-verde, cebola.
Pela casa, uns ditos cujos dispersos, mas cientes de que a macarronada seria a estrela da mesa. Queijo parmesão ralado na hora e generosamente.
Toda a família reunida na copa, o pai à cabeceira, os demais babando suas mazelas em cada prato, conversas de semana,escola, namoro, cinema, baile, e ele lá com grunhidos , sempre hum e hum a cada comentário , enquanto a alegria era polvilhada em risos de mãe ,
que se divertia .
Era ela quem também assinava a famosa receita doce, sempre a última a sentar-se.
Lá, então, se ia o domingo entediado, redimido pela iguaria.

Bavarois Branco que se compraz de:

250g de açúcar
7 ovos
1/2kg de natas
100g chocolate amargo,

6 folhas de gelatina
2 colheres de sopa de genebra
1 copo de leite


Encontre um recipiente adequado,
lave bem as mãos e treine seus músculos e pulso:
bata as gemas de ovos com a genebra,
com jeito vá adicionando o açúcar até amalgamar a composição.
Derreta a gelatina no leite aquecido, delicadamente para que um entenda o outro e fiquem perfeitamente juntos. Em seguida junte às gemas de ovos.Bata as claras com o mesmo empenho, aerando-as como se esculpisse um castelo de nuves, bata também as natas e misture todos os ingredientes, leve-os a gelar numa linda travessa, digna do melhor champagne.
Neste ponto, mentalize desejos e não conte um a um seus segredos.
Plante-os no jardim. É só respirar fundo.
Desenforme e cubra com o chocolate derretido até salivar, servindo bem frio.
Assim como colocar o chapéu na cabeça,
descansar a bengala na soleira,
retocar o batom,
fazer xixi na floreira
ou tirar caca do nariz.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

D'angelo

Singelo


o anjo

com o qual
sem o mínimo cerimonial
me arranjo


Página-cabeção




Tomara

que a vida

c

a

i

a

na sua cabeça
toda

prosa

e

verso

Auto-retrato de pronomes próprios feito à mão

caneta naquim
lápis de cor
grafite de muro
gibi
foto em branco e preto
pá de cal
encruzilhada
de esconjuro
café amargo
passado no coador
de pano
livre-arbítrio
artesanal
coração amador
uníssona em mim mesma
sem clareza
de meus eus
alma impessoal
com a sagrada religiosidade
dos ateus
leio-me no que não li
ao me enganar me dano
ao me danar engano
convicta casual
de impropérios à êsmo
calendário de equívocos
um nu exposto ao avesso

sábado, 23 de maio de 2009

vísceras cerebrais em caimbras documentais /maio 2009

Me ocorreu, agora, em solo brasileiro:
sem cair na cabeceira do campo de pouso.
Cadê o travesseiro?
Repouso .
Piloto. Arrume o prumo.
Tampe a garrafa.
Você, energúmeno.
Acenda a vela de criado-mudo.
Pois, sussurro:
...que isso não sirva de exemplo para outros aliens...
Sou dissidente de Capella.
Dicto presto:
Queimem todas as casas do MS

para que a natureza permaneça,
ilesa,
curativada,
acesa,
VIVA! E VERDE!
Vão assar porco e gado no roleta-russa....
Serve à Sibéria,
ou ao RS.
Lo mismo, para a Amazônia.
Queimem todas as barracas e moquifos, cafofos,
favelas depauperadas
sobre o rio.
Esqueçam o peixe pescado em vara
e abundem nos
carrinhos de lanche
hot-dog, salgadinhos,
lombo de boi,
farinha e farofa,
sifu.
Arranquem obturações de ouro,
da boca, já sem dentes,
desses insurgentes de dna fumbecado,
óculos ray-ban,
piercings, cós-baixo, cds sertanejos,
aqueles calções de copa do mundo de várzea,
que os aborígenes 'locais'
usam para se cobrir cafonamente
enquanto comem macacos, papagaios, tartarugas
ai, são gente...
Queimem
Canoas, sapés, cipós:
Pneus, garrafas pets, tvs
aparelhos de informática,
mapas-mundii,
relógios analógicos,
digitais, estrangeiros, não os estrangeiros:
língua trololó...
- arranquem do planeta
descendentes de darwin,
please!!!!
Sem a santa paciência.
De passagem, os rituais que não dão em nada,
em nome da ciência.


sexta-feira, 22 de maio de 2009

manhã overloque


Carpir esquadrias,

roçar pneumáticos,

arar cerebelos.

São requisitos básicos para plantar e colher ruínas:

é preciso semear, aguar, cuidar, crescer junto com os seres medievais.

Agora, colher livros, idéias, receitas, canteiros, sombra, luz, música, pimenta, suor e saliva.

Adube a vida

edifique a língua de flores, sabores, cores.

Meio-fio de navalha encalhado


Casco de carne
ancorado no asfalto
a âncora de piche
plantada no betume
regada com concreto e brita
a luz de metrópole
grita,
não soa
no mastro a flâmula
pirata
de mundo baldio
arredio
um navio
esqueleto
de ossos e sangue

quinta-feira, 21 de maio de 2009

em janeiros,simplesmente

... não estou enviando os parabéns adiantados,
talvez, quem sabe, cantarolados,
desafinadamente,
inconsequentemente
abalroados por alguma
manada de mamutes do gelo,
mas pode ser que você pique a mula no dia 15 (como sempre)
e enfie o pé na jaca em algum lugar desprovido de decência e roupas,
aparecendo nu naquela velha janela que tínhamos na década de 70,
escorregadia e sem parapeitos de putanas,
com o violão debaixo do sovaco,
- e!,não me venha com falsos pudores pendurados nas orelhas -
um belo e colorido cachecol sobre os ombros,
pintados à mão.
Se dê de presente uma bela e promíscua tatuagem.
Lembrei-me de você a semana toda devido àquela lambisgóia inglesa
(ou britânica ou galícia ou escocesa, valha-me Deus, sei lá)
denominada Julie Andrews,
que me fez assistir a uma overdose de filmes da mesma citada anteriormente.
Gargalhei a maioria deles.
Uma fina e inequívoca atriz híbrida.
Então, deixe suas sapatilhas de lado,
não use o batom, nem empoe o nariz.
Pode esquecer o esmalte.
Esvazie os cinzeiros e puxe a descarga.
Comemore bastante o a partir de hoje.
Overdose de bolo com guaraná.
E vá implorando aos céus
por nuvens brancas no horizonte
empoadas de nódoas
meretriz...



Coloredes Mandiopãs (for Hivich)


Nada como nadar na chuva

principalmente as que chovem há um mês.

Sentir o bolor e a umidade da terra,

do chão alagado,

das paredes, do teto, das janelas,

das roupas, da noite, do dia.

Sinta em toda a sua vastidão molhada,

um céu carregado de nuvens de água e água.

Há natureza de sobra encharcada.

Mas, não pense que não percebi que você não compareceu no Natal e no Reveillon.

Também não ouvi seus coquetéis molotovs.

Nem ao menos um Parabéns a Você...

Creio que você percebeu que estou evitando conjugar verbos a partir da terceira pessoa.

Estou com ojeriza de terceiras pessoas.

Também não suporto mais ver as caras de figuras masterizadas .

Aquelas, midiáticas, cinematográficas, carimbáticas,

que gostam de

adotar negrinhos (magrinhos, raquíticos) e posar com eles no colo,

feito anjos brancos benfeitores

sanando o mal e negro africanos.

Como se a África não fosse a mãe também
da maioria todos nós,

sararás, cafusos, confusos,

mamelucos, malucos,

olhos verdes,
castanhos,

azuis,

cegos,
oblíquos,
puxados,
amendoados,
amontoados,
vesgos,
brancos,

vermelhos, amarelos.

Está com suas galochas inglesas?

Beijos áridos

Lúcsia

bloody mary ( e as bananas aladas ?)


Sunday hot Sunday. Acho que eu vi um gatinho rumo à porta da quinta dimensão... certamente, ele vai subir no telhado da crença, esgueirar-se pelo beiral da incredulidade, olhar para a porta do infinitesimal quântico e lançar-se sobre o trapézio do conhecimento cósmico
- pasmem... - sobreviver (melhor ainda), sem ser um gatinho de novo... Sol e taste. And sun and torresmo de mim mesma (por ventura, aventura a ser si sesma.... ?)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Erro de acoplagem - mayday,sos,pqp,fdp...

Erro,
erras?
Era eu?
eras?
Não,
era o
Eros...
.............................
................................
.....................................
Frisson
fricassè
ficasse
fingisse
fritasse
fulminasse
não o eu: o Você.
.........................
ah, diplomacia...
gosto do banho-maria
do som da noite
quase adormecida
no radinho de cabeceira,
música baladeira
de leve
maneira
em be ve ci da
Te entreguei-me em segredo
para todo mundo
cruzei os dedos
como quem cruza a vida
Me acoplaste em seu bedéu
em lentos e re pe ti ti vos
se gun dos
para sempre
reconhecidamente
de sa per ce bida.



Desboto sem o vinho....

Arranquei meu coro,
salguei minha carne
sequei minhas veias
estendi músculos
arranquei cabelos
cortei unhas
limei axilas , púbis e pernas.
Engraxei o cérebro,
amoleci os olhos,
subornei o coração,
ludibriei a alma,
com a palma da mão,
aplaudi ,
com a garganta,
cantei,
arranhei,
tossi,
engasguei,
cuspi.
Nuvens vesgas,
eternas.

Esquisitices de um astrolábio perdido na átmos-fera

Tenho uma mania.
incontrolável: viver.
Um grave defeito de caráter:
dizer a verdade,
sem doer.
Uma alergia irremediável,
de dar manchas na pele:
sentir.
Um comichão suave,
mordendo a língua, até
colocar entre grades band-aid,
o repetir.
Um desabitual ritual humano de não mentir.
Toda torta, que me importa,
atirar para cima e acertar embaixo:
desde que acerte o alvo.
Relaxo se for alta patente,
parente distante, rente, ausente, renitente.
Incoerente sem distinção
nos meus repentes.
Confesso, não preciso de ameaças.
Arrepio só de imaginar desgraças.
Sou covarde,
sem alarde,
o que me alarma mesmo é minha coragem
barata,
antenada,
alta-voltagem, mesquinha
na minha rinha.
e isso não é rima,
é alarde,
besta sem crina.
Também sou vagem,
vagabundagem
a mim mesma
presumida,
com votos, devotos,
de fêmea bem parida,
arrependida,
infame ,
sem brevet de partida,
codinome:
desconhecida.
Meu plano de vôo?
Leia, de novo,
a faísca desta lida...





Gracia plena: retra-tus du cotidi-anus

Alguém escapou da guia...

Será que algum de vocês, entre milhões, se sente hor-rí-vel! ao entardecer de sábadus e domingus interior-ânus ? Sentem no cerne da geladeira GE ou double stereo gradiente ouvindo reminds ou revivals de 80 ou 90? Se descabelam porque não têm DVD, MP3, iPOD? Olham o horizonte e vêem só uma tênue linha sobre uma sombra que é cheia de contornos, não reta, como a distância entre o lar e o trabalho? Sentem um tapinha de angústia perante os canais 17,18,19, 21, 60,61...200,300,900 ... porque tem uma voz falando estridentemente e uma platéia artificial estrondosa de palmas e um roteiro estridentemente e um horário estridentemente sem saída, quando olham um carro na garagem, um cão na soleira, um gato em vários muros,um energúmeno espiando no vitrô do banheiro, um serial killer roncando na guarita de seu condor-mínio?....Ou, no mínimo, na casa vizinha?...
Dominus tecum..
Sabe, adoro quando o meu inexplicável e intraduzível melhor amigo Riviti me leva em folhas sulfite A4 para as mesas de bares cult paulistanas. Como eu o levo pelo meu universossauro afora...
Bueno, quem de vós, piedosos e pietados, se lembram de iguarias predatórias, denominadas: Laranja Mecânica, Pequenos Assassinatos, Cerimônia de um Casamento, Amarcord, Os Deuses Devem Estar Loucos...Ou Calígula... Ou Comilança? No coments.





Chegou quando? Papagaio testamenteiro, segundo ato do início para o meio

a síndrome do todo-poderoso
começa na infância
precisa de ajuda para nascer
mamar, vestir, limpar a própria sujeira.
faz birra para satisfazer
o que não consegue por si só
cresce, entra na escola com mais tantos outros
tontos
para aprender que a companhia
não é solitária
e que conviver é uma questão
necessária
debate-se antes de debater
a valentia vem em bando
não é destra
nem canhota
assim como a ação solidária
mas, permanece intacta
a selvageria
latente
do já adolescente
com brincos, anéis,
a alegoria estúpida
da inconformidade intermitente
sem nenhuma valia
se é alimentada
sem filosofia, poesia,
matemática e quântica.
Virar páginas de livros
como as do caderno,
não deixa ninguém inteligente.
mas, a juventude
aparece e a mente esquece
de que era tudo um
apreender para tornar-se gente
Lá está, de novo,
a velha histeria do eu
bestificado,
valente, que não admite
ser questionado,
só quer marcar território
num impulso inconsequente
Veste-se diferente, desapartado
do rebanho,
sem a consciência
de que está bem marcado,
muito mais tatuado
do que o gado
ao seu redor,
à sua frente.

Cosmopolita da gema podre

Gosto da vida nas grandes cidades:
teatros, shows, espetáculos.
Variedades.
Cultura injetada nas veias
crimes e assaltos
nas avenidas,
palavrões
nas paredes.
Em grafite,
em sangue,
em catarros, em merda.
Tapetes persas,
lenços de seda
turcos,
chás aromáticos árabes.
Restaurantes
de chefs
inusitados,
pratos
indecentes e belos,
paladar
instigante.
Melros,
sabiás,
besouros,
uma fauna em extinção,
que vai à mesa.
Nenhum elo.
Quão refinada é a
cidade da esfera
sideral.
Os tesouros
a céu aberto.
Desde que os lacaios da terra
a mantêm
suprimindo
cada vez mais
as urgências
energúmenas de sapiência
humana:
gasolina,
sangue e
carne de animais,
pastos de rebanhos comíveis,
lenha de florestas
combutíveis,
cobertores
de lã
Aquecedores,
guarda-chuvas,
sombrinhas,
cor-de-rosa e azul.
feminino e masculino.
Basta?
Não.
Desembasta.

Jamais, nunca. Nunca, jamais

Teu céu
não possui véu,
assim como o de ninguém,
também.
Liberte-se da cegueira
livre-se da viseira
deixe de olhar o chão
desvende-se -
saia da prisão.
Jamais diga nunca,
não diga nunca, jamais.

16/04/2007 -13:29 Um naco de gente mastigado pelo vento, lambido pelo tempo

'Bilú-Tetéia'
Sinceramente, me esqueci de que não era apenas um ensaio.
Pensei que V.Sa. fosse se dar ao pequenino trabalhão de assinar as pequenas paginonas com sua própria arte,
aos traços de um cinzel virtual.
Meu horóscopo de hoje me aconselha a não (Ene a ó til!)
entrar em ação bêbada ou drinkosa
ou cheia de firulas na cachola.
O seu diz para resguardar a virgindade.....
Baccio

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mãe Jequitibá

Mora em Vassununga, rente ao céu,
minha outra mãe.
Que abracei uma única vez,
seus três mil anos de idade.
Lá está, elevando-se
sobre o dossel
de seu séquito
qual paridade,
feito prece, não tem. Então, se ainda não a conhece, ao menos agradece e diga amém.

07/02/2004 Hormônios de pura cretinice...

Ave!
Eu vos saúdo com o desmesurado espanto de uma alma.
Façam ao menos um movimento com os dedos e enviem uma mensagem de basta .
É uma questão de quem tem espiritualidade ou não.
Nem imagino tão nobres colegas e conhecidos passeando ao largo de um mundo humano extremamente cruel e sanguinário, habitado por feras e bestas em sua maioria.
Por que piedade desta espécie ignara e vil, a humana (é lógico) como diziam os melhores poetas bêbados e loucos dos anos 60?
Mais loucos estamos nós, porque temos que manter a sobriedade até mesmo entornando garrafas de nétar etílico à base de uvas.
Ainda assim, lá está e aqui jaz toda e qualquer sanidade humana perante atrocidades cotidianas, reportadas às Tvsinhas como folhetins policialescos.
Como se fossem livrinhos de cabeceiras cheios de corpos mutilados, bebês afogados, rostos queimados, membros arrancados, furos na testa, na nuca, na mandíbula, cortes no abdômen, nas costas, mão sem dedos, pés sem unhas, fraturas múltiplas, carros destroçados e casas inundadas. Rios de lama em avenidas, mar de sangue, morros de escombros e sujeira, um horizonte de favelas e sobradinhos decepados.
Para quem ainda não entendeu que arregaçar as mangas não significa arregaçar o planeta, insinceras condolências...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

soluços etílicos (por um acaso, bebíveis...)

era uma parreira de uva
assim, como quem não quer nada
só ornamental
terreiro de pedra bruta
(existe pedra suave?)...
quintal
passarinho
uma intimidade
pendurada.
Para isso serve varal.
Aproxime seu olho nu
curioso
anal
(ou quem vai saber - e se interessar - oral...?)
focalize sua imaginação
sem nenhuma imaginação...
v^o qu^?
Não viu duas letrinhas....
Vou contar: havia um vinho chileno,
delicioso,
tinto.
Lagosta,
pimentinha,
umas invenções
ã mostra,
incríveis...
Tudo terreno
daqui até
as outras dimensões.

violáceo violino educado adequadamente (ai, caiu o retrato da nona da parede cheia de mofo....)

acordes
indeléveis
perfeitos
me acorde
de leve
estou com defeito

arranha-gato

Quer saber?...
eu não
quer fazer?...
me dispense
quer acontecer?...
sarei
quer morrer?...
desanimei
Quer quebrar?...
tô na maresia
Quer diluir?...
gelei
Quer refazer...?
conte seus caquinhos
quer consertar?...
rezo..
quer polemizar?..
nem discuto
quer o horizonte?...
ah, olhe a lua
quer o mundo?..
olho redondamente
ao redor
ao redor
ao redor.

Via crucis de quem não engatinha..., como meu pai e a lima da pérsia




Parece que tudo está impregnado de preconceitos,

por todos os poros meridianos.

O século XX, infelizmente, não foi solúvel em água

- era o desejo de alguns milhões de terrestres (incluindo-me).

O século XXI, provavelmente, não será tão volátil quanto os mesmos milhões de outros nós

desejam

(excluindo-me).

Algum de vós sabeis se engatinhas?

Lembro-me de outros engatinhando.

Eu mesma não. Não me lembro.
Mora em mim uma nova memória antiga

....É uma rica passagem de quintal de infância ,

na Costa Machado 387,

do primeiro de quatro Zés mais famosos do planeta,

o Fagiolo, que pilotava sua pequena oficina eletromecânica,

como um imenso laboratório de faz-se e conserta-se tudo.

Since 1949.

Para minha existência, um oásis e um universo particulares,

ceifados, como ele o foi.

Numa de suas raras e inesperadas conversas ,

em súbito intervalo para descanso do trabalho com afinco,

Zé Fagiolo sentava-se, numas tardes,

no primeiro degrau de uma pequena escada que fazia o acesso de um corredorzinho com mureta e jardineira

(plantados salsinha, alpiste e hortelã) ,

saindo da cozinha e da sala de estar

para o quintal com chão de tijolos,

pegava uma Lima da Pérsia

descascava-a com a unha manchada de graxa,

partindo do fim para o começo da fruta

e lá ia explicando as boas e nutritivas propriedades:

clareava os dentes, limpava os rins, tonificava o sangue,

sabor de saber que passava de pai para filhos -

cada qual tinha que ter um pezinho da bendita -

mas , não era para engolir o bagaço,

que amargava na boca depois de mastigado.

"Cuspa fora".

Era o jeito do Zé, que , na vida, ao invés de cuspir o

amargo,

engolira-o.
Filho de italianos imigrantes( junção marítima-atlântica de um convés congregando semelhantes de norte e sul ,à êsmo , no início do século XX)

dedilhava otimamente um violão apenas de ouvido:

Por que uma Lima da Pérsia?

... Sei lá .

2004 nada cordial

Como dar um passo além?
Um cão late à noite,

Lá adiante, como se fosse aqui
Animal.
Sem eira.
Está frio.
Uma superfície mensal.
É fim de maio.
21 horas, sexta-feira.
Soturno
O tempo parece confuso.
As notícias de agora pioram.
O mundo em TV tem efeitos colaterais.
Por ora não há música.
Aqui fora, um léu, um breu, um céu.
Noturno.

Luccia d. Troya

Fábula do papagaio testamenteiro (segundo início do começo)

MOOG E ROMEU (14/10/2003 - 10:45) São Paulo


Ali mesmo, na Alameda Santos com a Rua Pamplona , era 1976.
Do 16.o andar, apartamento 1612, via-se o Parque Trianon , a praça Alexandre de Gusmão, o Dante Alighieri, filas duplas de mães e seus filhos barulhentos, espaçosos, bem amparados, predominando além de simples quadriláteros urbanos.
Em dois quartos, sala, banheiro, cozinha , mais areazinha de serviço, ardia na frigideira uma omelete francesa, à la Paulo - fotógrafo dos Shopping e City News, que dirigia um karman-ghia preto, o famoso patinho feio .A fritada exigia cuidado e capricho, mesmo no instantâneo da fome. Era o que havia na geladeira: nada além de ovos, mussarela, salsinha, leite, ingredientes reféns de uma tarde de sexta-feira paulistana. Após bater gemas e claras com um garfo e no pulso, sem muitas bolhas de ar, um fio de óleo preparava o recipiente aceso para assar o líquido denso, leitoso, já tomando ares de panqueca cremosa - sobre ela esfarelava-se grosseiramente o queijo, mais atraente ao ser polvilhada com um susto de cheiro-verde , rasgos minúsculos de cebola, ambos os lados crestados igual e cautelosamente, moldada no fundo e nas bordas. Pronta, era só rocamboleá-la, então, num gesto de ousadia e digno de malabarista. Que ficava apenas na imitação de algum gourmet.
Bem diferente , acontecia lá fora, na vertiginosa Avenida Paulista, um emaranhado de veículos e luzes, vitrines do dia e da noite, ininterruptas, cruzando ares tradicionais e modernos, a voracidade de transeuntes e ônibus monoblocos, pesados , que faziam a mentirosa simbiose entre um destino e outros. O meu era a Fundação Cásper Líbero, ali, pertinho do desencontro comigo mesma. À tiracolo , o proseio incessante de José Riviti, intraduzível melhor amigo, paulistano-mor.
No ar, buzinas e ronco de motores , óleo diesel, esgoto, patchouli e almíscar.
No anoitecer, antes de chegar à Al. Eugênio de Lima, ao chopp e às mesas na calçada, feito oásis à beira de estacionamentos itinerantes, forrávamos a ansiedade com mostarda e molho tártaro, próprios da mini-lanchonete MOOG, um corredorzinho espremido e à salvo na Rua Pamplona - famoso no pedaço - balcão grudado com banquetas e mesinhas rentes à parede-vagão. Não mais que 18h e lá estava estalando o sanduíche de pão grosso, quente, queijo derretido , na chapa, escapando tomates e alface, um luxo para uma interiorana , nascida à beira do rio pardo, experimentando, então, o melhor do cardápio, que incluía maionese.
O som de São Paulo, ouvíamos através da eclética Eldorado FM . Sintonia que se dava de repente, sem chance para estranhezas e arrependimentos. Na Jovem Pan, uma voz alegre iniciava a programação com o inusitado " Saint Paul du mon petit coeur..." e a cidade prevalecia, com o refrão do ano: "amanhece trabalhando, não sabe adormecer..."
Tudo o que eu queria era dormir até tarde, descer para o térreo sem interrupções, ver o metrô inaugurar uma década , chegar à Praça da Sé sem penitências pessoais e razoáveis, seguir até a Mooca , olhando a proa da via Alcântara Machado. Em pé, no monobloco coletivo , Mercedes-Benz, pela Brigadeiro Luís Antônio, Av. Liberdade , não havia pausa para o frango xadrez ; depois , Praça João Mendes Jr. e só pensava no Almanara, Largo do Arouche, charutinho de folha de uva .
Era natural também espichar-se o tempo até a esquina da Consolação com a dr. Arnaldo - Baguete à vista - um fôlego na madrugada, depois de quase tudo, recheado com tenras fatias de presunto. Comia-se em pé, os cotovelos apoiados nas mesinhas de pouca circunferência e altas.
Ao lado, o furtivo assanhava-se no Nuestro Mondo .
A metrópole fervia com seis milhões de habitantes e já era muito. A cidade , aleatoriamente, mudava a minha história de lugar. Bastava eu dormir e acordar, lá estava São Paulo onde não estava antes. E assim sucessivamente.
Um dia fui ao restaurante Brahma. Uma atmosfera antiga e vermelha, cadeiras almofadadas, com cheiro de cigarro e bebida, cuja decadência era o que mais atraía. Lembro-me de Arruda Camargo, grossas e despenteadas sobrancelhas brancas, timoneiro do velho jornalismo paulistano, abrindo espaço no salão vazio para que degustássemos uma iguaria da gastronomia alemã: joelho de porco e salsichão branco, acompanhados de purê de batata ao molho páprica, suando cervejas geladas , que derretiam provincianismos latentes. Pelo menos por algumas horas...
Do outro lado, na Lapa, Libânia, madrinha familiar lá da rua Bandin 33, City, rendia , na travessa de louça ovalada, tenras alcachofras , recheadas imediatamente com miolo de pão banhado em azeite , pedacinhos de salsa, acrescidas de segredinhos de tempero bem somados delicadamente , pétala por pétala, já cozidas sem exagero. Depois, só desfolhar o inesquecível.
Retornar ao apartamento no Cerqueira César ,à noite, era uma Tv em preto e branco. Como os grandes gibis nas bancas. No apartamento ao lado, Odete, ex-modelo de Dener, referia-se a todo mundo como "pessoa", senhora de voz potente e amiga também de Perinha, com vestidões floridos, unhas exageradas e uma longa prosa ao caldo de café e cigarro. Ela foi nossa intérprete junto à Lella Lombardi , no Hilton, porque falava italiano e Marta e eu tínhamos que entrevistar a única piloto de Fórmula Um , filha de açougueiros, para o Shopping/CityNews.
No ano, incandescentes eram as numerosas salas de cinema, assediadas quase que diariamente. As melhores estréias inauguravam longas filas, pulverizadas em sessões contínuas.
Shows e teatros alimentavam mentes vorazes, que consumiam estranhas peças e musicais inesperados. O elenco despejava em nossos colos Tide Nogueira, José Celso Martinez Correa, Bethânia, Gal, Caetano, Gil, Rita Lee, Lúcia Turnbull , Fagner, Ednardo, Belchior e Cida Moreira.
Elis foi um capítulo à parte, junto à casa de psicotransoterapia, um surto da época, com Roberto Freire, Miriam Muniz e Sílvio. Ruth Escobar lá também deixou suas nuances .
A cidade em cartaz oferecia rumos após cada espetáculo. Era como se a metrópole paulistana tivesse mesa cativa na Cantina do Amico Piolim, no avarandado do Planeta e o batismo da cultura só se realizasse no quadrilátero da Praça Franklin Roosevelt, ao som de Alice Cooper .
No Opala verde-limão, com máscara preta, Maurílio -Burguer dirigia nosso grupo.
Aos náufragos da madrugada, como o anjo barroco Antônio Novaes, Dú -Jundiaí, Willian - dr. Pêssame, desapartados dos privilegiados redutos intelectuais da parada, permanecia o plantão do Mais Um e Eduardo's , forrando as calçadas com mesas e seres bizarros, recém-saídos de algum lugar inimaginável, mas por dentro de tudo ao redor. Confundiam-se e nos confundiam. Eram e não eram famosos, artistas, ilustres, vagais, geniais.
Não distante, entretanto, das ruas Martinho Prado, Avanhandava, Augusta e Santo Antônio, conhecidas pela dupla mão , abertas ao conhecimento e ao novo, ainda assombravam a todos , acintosamente , os porões militares da brutalidade, da tortura e do atraso. Tautologia, dizia-se , na época. Um imenso contraste, que aterrorizava num silêncio covarde, surpreendente e ameaçador. Inútil.
Logo mais, na rua Bela Cintra, deslumbravam e desbundavam o pânico , indescritíveis freqüentadores da Boate Medieval.
Afora, muitas noites adentro , descendo os seis andares desde a Cásper Líbero, ficávamos acuados no amplo pátio de entrada do Gazeta, olhando as escadarias iluminadas pelas luzes das viaturas que surgiam repentina e perversamente na Avenida, sirenes ligadas. Nada além deles. Tudo além de nós. Os corações disparavam.
À pé, duas quadras e meia, estávamos em casa. Meia-noite. Madrugada inteira. Era difícil voltar ao normal. Era insuportável ser normal.
No outro dia, de novo, a cidade estava em seu ritmo frenético , impessoal, incessante.
Uma boa perspectiva era ir à Pizzaria do ROMEU, ex- jogador do Palmeiras, numa concentração de energias para o final de tarde, ouvindo tangos e boleros, após o trabalho na Rua Dr. Almeida Lima, à bordo do troleibus linha 305, ou regressando da faculdade noturna de Jornalismo. Viram ali o Ademir da Ghia ?
Hoje, em Ribeirão Preto, percebo o quanto ainda vivo, respiro, durmo e acordo São Paulo.
O sobressalto do passado, que ultrapassa o presente e , correndo de costas, verte frontalmente a contemporaneidade para o futuro , é um assunto paulistano para mais 450 anos, com certeza.
























quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mundo Fominha, morto-vivo de todas as fomes...

Que humanidade é esta,
que só tem fome?
Fome atroz
Algoz
Retrós
Fome de bola
De gols
De justiça
De paz
Fome de resultados
De punições
De exemplos
De sucesso
De felicidade
Fome de amor
De espaço
De água
De silêncio
Fome de orações
De milagres
De Deuses
Orixás
Aiatolás
Hezbollah
Fome de Buda
Shiva
Vishnu
Brahma
Fome de vestibular
De passar
De faltar
De trabalhar
De conquistar
Fome de gozar
De roubar
Fome de criar
De copiar
trair
Abandonar
Maltratar
Fome de sangue
De gente
De bicho
A imensurável fome de matar.
(A quem puxamos?)



Minou...


Gato vadio
Arredio
Estranho
Verde-castanho
Acinzentado
Estrupiado
Cheio de sumiço
Manjado
Manco
Mau-humorado.
Gato-ninguém
De rua
De casa, também
Gato rasteiro
Do mato
Matreiro
Caçador
Gato qualquer hora
Gato embora
Matador
Silencioso
Folgado
Predador
Namorado
Marcador
Gato de escanteio
Suburbano
Feio
Cheio de luz
Com os mais lindos olhos verdes que já vi.
Obrigada, Nou.
Já se foi

sutilezas da indelicadeza on the rocks....

Meu dia seguinte tão prosaico.................
.................................
................................
Irrisório
Frugal
Um tempo à mercê de nada

Mosaico de quintal
envelhecido de chuvas e sóis
intermitentes
minha pele alimenta musgos
caracóis 'que'
passeiam indolentemente
sou o visgo desses indeléveis mucos
Acende-se uma luz e nada na minha escuridão se apaga
Moeda gasta - fútil

digitais sobre digitais
como teias de aranha
de grama
sonsa insolência
sônica
silencia
em dormentes ais.
Tostão em vão
Memória inútil
História histriônica

Alferes com feres se ferem (Tiradentes-MG)


12/04/009 (ao som de sinos e galopes, amparados pela exuberância da Serra São José e no colo com ares rarefeitos de marialice bororó, ser de rara grandeza e com respiros etéreos e contundentes de pura genialidade)


Voltar

Não revoltar

Há os que voam sem asas

Há os que têm asas e não voam

Há os que se dão sem se dar conta

Há os que dão a conta sem se dar

Há os que já sabem onde se aprumar

e reduzir

Há os que se agrupam sem se agrupar

Há os que mamam sem doar

Há os que doam sem dar

Há. Sem resistir. Existir.

Então,eis. O sortilégio.

Há os que imaginam sem sonhar.

Há os que sonham sem imaginar

Imagine! Impropério.

Sou o levar. Também me levo.

Sem piscar.

Ainda há de vir o meu ir.

Arriscar?


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ciao

Eu sei quando levo um fora
Afagam o meu ego
Como se fosse a minha testa
As palavras são as mais amenas
Tipo
Pagam a conta do bar.
Nem pisco.
Dizem:
"tranqüilo, eu te ligo.
Vou viajar."

carimbo psicossomático sem garantia de fábrica


De BODE...
(resposta que me ocorreu agora, nesse minuto etcsssssssssssssssssssssssss)

Bicho do mato
Bicho de pé
Bicho-cabeça
Bicho -grilo
Bicho no cio
De que casta viemos?
Em que classe caimos?
Bicho estranho
Bicho medroso
Bicho -preguiça
Cadê nosso ninho?
Cadê nossa toca?
Bicho de fogo
Bicho -da -seda
Bicho -das -frutas
Quem passeia no infinito?
Por que sonhamos com outras galáxias?
Saimos de casa
Caimos na real
Despencamos da janela
Remmember: ao invés de cair em si, caiu fora
O que sobrou de nós, senão o bicho-papão....?

Fábula do papagaio testamenteiro (início do começo...1)

1951 D.C

Havia no vale desencantado um jovem guerreiro que sonhava com o sucesso e a riqueza.
Mas, como todo jovem, não sabia que para consegui-los era necessário a bravura dos heróis e a sabedoria dos mestres.
Honradez e simplicidade em sua mais pura forma.

O belo jovem guerreiro havia nascido sob duas forças poderosas: a da abastança e a da abstinência.
Preferiu a primeira e rigorosamente seguiu-a à risca.
Seu mundo parecia inesgotável.
Não era.
Queria ser príncipe.
Não era.
Herdara um reinado pequeno e pobre.
Eram umas poucas alpargatas e muito ferro velho.
Sua missão era trabalhar e trabalhar cada vez mais.
Mas, um jovem guerreiro nasce para lutas gloriosas e não para estabular jegues, jumentos e burritos.
Isso era para subalternos.

O jovem guerreiro queria conquistar reinos, atrair fortunas.
Sabia que era preciso prover recursos para continuar sua escalada.
Mas não sabia como provê-los, pois não aprendera a abster-se.

Sabia apenas usar, pegar, usufruir, desfrutar.
Mas, sabia onde buscar o provento
E convenceu seu pequeno reino de que esse era o melhor caminho para o sucesso.
A riqueza viria por si.

E desenvolveu notável dom para camuflar a subtração de bens e valores alheios.

O jovem guerreiro apreciava a vida tranqüila e familiar, mas sem muita convicção.
Sua dedicação era o mundo.
Visitar outros reinados, deleitando-se com outras riquezas, ampliando seu círculo de amigos surrupiadores,
aprendendo com eles a arte de surrupiar montantes aqui e ali.
Honra e sabedoria não eram valores mensuráveis para esses saqueadores de templos e recursos naturais.
Apregoavam que a moral não trazia alimento à mesa, muito menos conforto e poder.
Repetiam ditatorialmente: “A moral é coisa de boiola, fracos, mulheres, indígenas, negros, pardos, cafuzos , mamelucos e sóbrios.’
Lema da bandeira da bandalheira: ‘todo mundo é subornável até que alguém prove o contrário e morra envenenado!!!!’

Reunia-se com os saqueadores e lambia suas feridas para ficar com as migalhas das riquezas a cada investida do bando.
E desenvolveu notável dom para burlar o sacrifício e a dura realidade.
Iludia-os como um mágico perante platéia ingênua. Muita teoria de reinos ideais.
Iludia-se com tanta naturalidade que seu reinado parecia real.
Seu dom parecia verdadeiro.

2006 D.C

Mas, plebeu, o jovem guerreiro envelheceu. O custo estava mais do que podia suportar.
E o povo de seu reino empobreceu.
Não sabia prover-se, pois a riqueza, segundo o antigo guerreiro, viria por si.
Não veio.
Mirando o infinito e vislumbrando um horizonte magérrimo, imediatamente percebeu que só haveria uma saída para a fome, o desespero e o trabalho: ocupar o derradeiro cargo de bobo na corte do Bufão

verbooral


Temorário
Templodor
Dialogozo
Berçotário
Namoramor

Luccia d. Troya

Águas morenas


(7/1973-restaurado em 2005 e 2009)

Assim é o Rio Pardo
Com suas águas pardas, novas, alvorada afora,
descendo o serrão
Solto, moreno
Beirando-se entre margens e pedras,
Revolto.

Esse Rio, parece, tudo sabe:
da terra ao lado direito,
a do outro lado,
espelho das manhãs,
guarda tudo no seu leito

Histórias vividas em murmúrios
Daquelas de confins
De matagais.
Muitas lá das Minas Gerais

É pardo como a tarde, feito de barro.
Águas que desabam em pedras,
estas ,em mágoas.
De quem bebeu na sua fonte,
quem caiu de cansaço,
Deu vida e morte,
sua correnteza fez embaraço.

De longe chamou poetas
Engenheiros, profetas, carpinteiros.

Escritores, gênios,

saiotes, fricotes, uniformes,
Tirou a sede, arrancou a fome, jogou na rede
Lambaris e bagres
Para o homem.

Esse Rio, antigo rio,
Vem lá dos montes, dos horizontes,
Um caminho de estio, à margem
Resvalando caudaloso sob pontes

sob asas, saias, saltos,

como desvencilha e encilha

uma sela em punho feminino,

dedos de rédea-

serpenteia felina,

silenciosamente.


Pardo, Rio dos mogiões paulistas e paragens
Às vezes em calma sossegada
Outro tanto em corredeira desatinada

Pardo, Rio, bonito,
rio bem posto
sempre bendito,
enchente ou calmaria,
verso, sangue,
esse Rio é fonte.

Ouça o carcará


Ao acordar hoje,

ali estavam as placas de assentimento.

Em cada esquina,

centenas de passagens tortas no trânsito, cedidas,

milhares de balas ardendo à esmo

vivas nos obtuários,

assim como as falas com erros contumazes,
com anônimo e indiscriminado itinerários,

de português -

na concordância, tudo certo, se é o sim.

Cabeças balançando-se afirmativamente,

feito vaquinhas de presépio,

menos o palavrão,

que não mais encontra freio,

em qualquer língua.

Ainda assim,

saem concordando com desentendimentos.

Milhões de sim,

assinando e assassinando embaixo

todo e qualquer ato feio,

que sangra a testa do boi,

que arranca as penas do frango,

que dilacera a garganta do porco,

abre as entranhas do peixe,

- ai, um frio de gelar conhecimentos

um degelo de infernizar florestas,

decepadas sem o menor obséquio.

Ora, tribos-bundão,

agora, eis aí:

estão acordando,

feito baratas ,

ratos,

percevejos,

pulgas,

piolhos,

carrapatos,

sanguessugas,

aedes aegyptii...

De quantos sim você ainda precisa para chegar ao não?...





terça-feira, 12 de maio de 2009

quo vadis?

Ainda não somos o fim de mundo...Eu passo.