quarta-feira, 28 de abril de 2010

uma história imperfeita e incompleta

Eram dois
que viviam entre cinema e colapsos financeiros
acabou-se o cinema
prevaleceram os filhos e os colapsos
Eram dois
que martelavam a vida
entre o trabalho e o sonho
acabou-se o sonho
prevaleceram os filhos e mais trabalho
Eram dois
que viviam cada um a seu lado
um sentado em frente à TV
o outro sozinho pelas ruas e às compras
prevaleceram as compras e a TV
Eram dois
que viviam entre perdas e pouco ganho
filhos crescendo, despesa aumentando
prevaleceram o crescimento e as despesas
Eram dois
que se mudaram para melhor
o trabalho matando
a vida passando
prevaleceram ambos
Era um
depois nenhum

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Considerações políticas do Papagaio Testamenteiro

O poder sobe à cabeça,


depois dá no saco


e gera milhares da espécie 'puxa':


seres híbridos


que já nascem com cabeça à prêmio


alma vendida


a mãe no prelo


uns de quatro


outros de joelhos.


Com o olho maior que a barriga


falam pelos cotovelos
repetindo as mesmas ladainhas:
o que é meu é meu e o que é seu é meu também
vinde a mim o vosso reino.
















domingo, 25 de abril de 2010

tiro pra tudo quanto é lado

Ao acertar, acertou

ao errar, acertou também

ao menos, imaginam-se

todos ao lado do bem.

O que assusta é a linha torta

que entortam em linha reta

puxam pelos mais escabrosos argumentos

como alimentos

de raciocínios incorretos

a descobertos

pelos encobertos

comportamentos.

Se falo de política?

Me diga você.

Este vai ser o próximo tema...






sexta-feira, 23 de abril de 2010

O cavalo, o dragão e o santo

Cuspa tuas ventas em chamas
dragão
enfurecido
saracoteia
encandescido
expele tuas escamas
de lava
enquanto empunho a lança
mortal e certeira
de pau e ferro
sobre o cavalo de mil patas
calo a boca do teu vulcão
com chumaços de algodão
tu me desafias
em qualquer direção
com asas primitivas
espeto tuas costas e ventre
tu serpenteias
teu dorso inquieto
inventa rasteiras
me deixa em perigo
Com meu escudo te rechaço
minha sela repele teu ato audacioso
e
meu cavalo de mil patas
sobre teu formidável aspecto
não entende
refuga
relincheia
aos coices
espalha tuas próprias cinzas sobre ti
deves morrer porque és desconhecido
antigo

Manhãs de neblina

Os dias amanhecem assim,
névoa branca e densa
quase de se pegar,
a serra São José
escapa do olhar

Onde, raios, estão meus raios?

Talvez, na gaveta do meio



acordados a cada lua cheia



quem sabe debaixo da mesa



sob o toque a cada garfo e colher

em colisão

pode ser que os esqueci


ali



na prateleira de sentimentos



ou à beira da cama dos pensamentos
Cadê?
Dentro de algum gibi?
Enrolados no lençol da memória
quem sabe vão pinicar
o sonho ao dormir.
Mas, precisava deles agora
para palitar os dentes
e levar atmos feras
ao meu paladar
Onde estão meus raios, raios?
Aqueles que fazem cócegas
nas axilas da discórdia
afagam os caninos do silêncio
fazem as rezas pipocarem
na ponta da língua coronária.
Hum?
Cadê?
Se amotinaram no córtex ,
com certeza.
Só pode.
Uma trincheira bem armada
para tempos à míngua.





quarta-feira, 21 de abril de 2010

Papagaio Testamenteiro com enfado no topo da sibipiruna

Com um crânio de largatixa na ponta de uma das asas estendida
e a outra coçando com uma pena de outono mutante o cocoruto
distrai-se sofismando:
da vóia à nóia et pinóia
ou será o contrário?

terça-feira, 20 de abril de 2010

O mel imbatível dos deuses do fel: jiló

Basta ser brasileiro?
Não, tem que ser mineiro.
Agora, por inteiro,
apanhe ou escolha jilós verdes,
comprido ou arredondado,
de preferência o primeiro,
seja educado
- lave-os
corte-os em quatro
do cabo a rabo,
mergulhe-os
com cuidado
em água e sal grosseiro,
mais ou menos,
dez minutos.
Isso amansa o amargor
que é próprio da herbácea,
que tem fama de grudar o fígado
na boca,
e a boca no fígado,
ambos em delicada companhia.
Sem surtos culinários.
Bobagem, aprendizagem,
o que conta é a camaradagem.
Depois da molhagem,
escorra
e leve calmamente à água
até o estágio fervente:
susto
de amolecer
o mais renitente.
Aí, ao dente,
retire do recipiente
e mostre seus dotes
de serpente:
cebola roxa,
laminada religiosamente,
um teco de mel ao aniz,
compadecidamente
biquinho in natura,
sem semente,
limão cravo, dos mais valentes.
Pode ser mais ousado,
quando acrescenta
ao prato
migalhas generosas de salsa fresca,
ao vapor que exala
a iguaria ainda quente.
O acompanhamento
é aquele repente
que surge ao seu gosto
naturalmente.

Brasília e Tiradentes

Se tivéssemos políticos decentes
os cinquenta anos da capital federal
- hoje também e ainda um péssimo exemplo-
seriam celebrados de forma diferente.
Ainda estamos à sombra da forca
dos impostos exorbitantes
Pudéramos comemorar
um outro Brasil
a cada 21 de abril
de sonho inconfidente
Quem sabe em novembro...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ainda não é o fim do mundo, portanto, retornem já às suas almas...

Esse negócio de enfiar os pés pelas mãos
de jogar a sujeira debaixo do tapete
falar abobrinhas
agarrar com unhas e dentes o bem alheio
virar casacas a cada ciclo de eleições
trocar alhos por bugalhos se lhes é conveniente
tirar o cavalo da chuva
ao aperto do cerco
prometer mundos e fundos
sem fundo algum
pensar na morte da bezerra
enquanto outros penteiam macacos
fazer tudo nas coxas
vender gato por lebre
sem abrir o jogo
sempre fazendo favores com o chapéu dos outros
e acham que é o negócio da china
que ninguém está vendo
lavando as mãos?
isso não tem pé e muito menos cabeça.
É bom arregaçarem novas mangas
dar o braço a torcer
e lavar a roupa suja.
Nem de longe é o fim do mundo
mas está muito perto o fim das mentiras
das negociatas, dos abusos,
das tramóias.
Nenhum ser humano decente
temente
se presta a essas canalhices.
Está na hora do basta.
De por mãos às obras.
Não se prestem mais a serem pau mandado
peões,
fantoches de falsas promessas.
Coloquem a boca no trombone,
metam o nariz onde não foram e nem serão chamados,
Sem bandeiras, mas com a cara e a coragem
munidos de moral, ética e caráter.
Não sabem o que é isso?
Não saciam a fome?
Pois, aprendam e se já sabem
comecem a agir. E rápido.
Se não quiserem levar tamanha dívida
ao juizo final.
Pois, muitos de nós, estarão sentados na primeira fileira,
olhos bem abertos e um longo dedo de justiça
apontando bem para a cara de cada um de vocês...
Piamente.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sazonal com soluços e catarata

Gosto de épocas


particularmente nocivas a quase todos:


natal, reveillon, carnaval,


semana santa,


21 de abril,


ano eleitoral.


Me divirto e me compadeço,


conforme a data específica.


No Brasil
( e em outras partes do Planeta)


só falta o dia do imbecil.


Tem dia para tudo,
até para o trabalho,


à mercê de uma tradição de piqueniques
e pancadaria.
Aliás, quase toda diversão hoje acaba
como caso de polícia.


Mas, não tem o dia do imbecil.


Todo político tem mania de Hitler


ou de Nero ou de Tut (Tutankhamon)


Gostam de obras faraônicas


ainda que elas sejam Maias


Romanas, Gregas , Incas, Astecas etc
Têm que ser gigantescas.
(algo falho no fálico de cada um?)
Consomem um custo proporcional
ao nosso desproporcional.
São idealizações tão grotescas
que o acinte monumental
não é visível aos olhos do raciocínio.
Vamos instituir o Dia do Imbecil.
Para não fugir à regra institucional,
aceito sugestões pagas.
Só não vale o dia primeiro de abril.





quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cisco no olho


A Humanidade

está descobrindo

da pior maneira

como é afetada

pela asa ninja da borboleta

A indigestão polar vulcânica da Islândia

fecha um compacto

bussolar Norte europeu

(dizem os espíritas que o que não vai por amor vai pela dor...)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Oh, leva eu....(um soprano, um mezzo soprano, um contralto, dois baixos, um tenor e três barítonos)


Meu pai ficava com o ouvido pregado no radio

a partir do Angelus e da Ave Maria

fumando continental sem filtro

quando já havia fechado a oficina

e enchia a casa o aroma de sopa

de tutano na cozinha
com macarrão furadinho

que minha mãe preparava ao entardecer

Final dos anos 50

início dos anos 60

Hora do Brasil

notícias, músicas, reclames

Uma nostalgia fininha

em som que chiava, falava ao longe

parecia sair de misteriosas

localidades planetárias

AM

válvulas

botões

antena

12 volts
ligado na tomada

ondas curtas
para alienígenas
seletor de faixas
capacitor meia lua
A TV era igual

com a diferença de ter imagem
ondas eletromagnéticas

chuviscadas
tubo neon

branco e preto

saída também das profundezas

planetárias

Ambos abriram

vozes magistrais

como as dos Cantores de Ébano,

Nilo Amaro

e Noriel Vilela.
Todos se foram sugados pelo turbilhão.

Sodade.



segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dor na espinha dorsal, não na espiral

Não sei se estou apta a escarafunchar este assunto
mas, me coça as entranhas
me deixa sempre numa cadeira
não elétrica
mas, à beira de um choque existencial
desconfortável
como quem vai ao cinema, teatro,
calha de sentar-se atrás do maior da turma.
Vira a cabeça prum lado, pro outro e nada
não enxerga
só escuta.
Na lida, nas ruas, na vida,
sempre fui o incompatível ser
certo
Nenhuma honraria
mas aquele anônimo com nome e endereço
corretos
Não tiro a graça de ninguém
São como ventania
do inesperado.
Sem mitigar o caminho tormentoso de cada um
sempre me coloco
na questão:
cadê vocês quando estoura o rojão?
Em prece, oração, jejum, comunhão?
Bom,
creio que é a minha cara de ninhada de rua
que deve estar presente
nua
na sarjeta
crua.
Obrigada.

mais um desmoronamento nas costas dos brasileiros

Um pergunta: cadê a grappa?
O outro: cadê as peladas?
(foto/Terra)

jardim do alento

interessante como um naquinho de terra
pode desabrochar e resplandecer
em novos fôlegos
usamos nossas próprias mãos
para a semeadura
do que parece frágil
e levanta-se aos nossos olhos
a exuberância da simplicidade
tudo aqui gosta de raios e chuva forte
ventos
sol
orvalho
até mesmo o que não plantamos
nasce
e chegam sempre visitantes
inesperados
pássaros, borboletas
que contribuem com mais e mais
renascimentos
fazem morada
ninhos
uma maternidade natural
sempre há o que se ver e degustar
carinhosamente
a delicadeza de um jardim
faz nosso coração
renovar-se
nossas forças íntimas
a vida está em plantação
como uma prece

domingo, 11 de abril de 2010

Mães de Goiás, Brasília- GO- BR ( vou explicar: que tiveram os filhos assassinados por um pedreiro pedófilo, desaparecidos desde o final do ano 2009)


Convenhamos, aqui não é o fim do mundo

paradisíaco

aliás, é o início

só que ainda não fabricamos crianças

infláveis para pedófilos...

cuidado com a língua do P

papa, padres, pedreiros, polícia, políticos...

(Ah, segundo informações, o assassino pedófilo não tinha condições Psicológicas de ser interrogado... Dã...
foto/ Terra)

A sereia da floresta se transmuta em bagre africano

Tá, eu até pensei em votar em Marina Silva
PV coisa e tal, tal e coisa.
...
É
isso mesmo
um hiato na atuação.
Despenso e dispenso
Sabe, aquela moldura frágil, voz fininha
esbravejando contra as inúmeras agressões
ao Planeta Brasil?
chiii, desafinou pelo emudecer em situações graves
grossas, vociferadas, desafiantes...
Alguém viu, cê sabe, cadê?
Sumiu.
Bom , eu também.
Ciro Gomes
O cara tá lá, governo e desgoverno.
O cara continua lá.
Para quê?
Onde?
O que ele faz?
Sei lá.
É casado, de novo, com atriz global, putz, e que atriz!
Mas, esse 'global' é só um adjetivo...
Quem, então?
Amigo(as), ninguém.
Não vá pelo lugar comum
que nem é mais comuna
Anule seu voto
acerte a urna
vote em....
você!
parabéns!!!!

sábado, 10 de abril de 2010

Tobogã Milênio 21 dos horrores

quem de nós culpará


o clima


o Planeta


a Terra


a chuva


a Lua


a linha do Equador


as quatro estações


o Sol


as marés


as encostas


as árvores


os rios


o asteróide


a galaxia


a sina?


quem de nós vai atirar


a primeira pedra


contra a própria testa?


quem de nós vai


quebrar o próprio


telhado de vidro?


a própria vidraça?


há um cataclisma de reportagens


sobre o estertor das ações humanas sobre


a natureza


as redações passam horas em bares


e com os cotovelos sobre as mesas


discutindo assombrosas tecnologias


íntimas, o celular, o computador,


a paquera virtual , o namoro em 3D


de repente, cai a casa, o bairro,


o carro do ano, a telefonia ultra rápida,


a praia, o time, acaba o aniversário,


a festa, o despertador toca e é hora de pisar


na realidade tão paradisíaca, que até dói,


mas , a conta fica em suspenso:


quem vai pagar?


oras, a administração pública,


o prefeito,


o governador,


o presidente,


afinal, vota-se neles para isso


...


mas, o quão diferente de cada um


essas personagens são?


quebra-se o espelho


e os caquinhos só nos refletem...



'Ah, eu sabia que ali era um lixão,


mas não tinha onde morar...'


...


bom, perdemos o instinto de sobrevivência...



Falei em escovar os dentes,


'ah , mas eu não tenho nem o que comer...'



bom, mas cagam bastante, os botecos estão sempre cheios, os refrigerantes e o saquinhos de porcarias vendem cada vez mais...



falei em escola e família


'Ah, mas meus pais são drogados'...



mas, continuam trepando, jogando os filhos no mundo e batendo em professores, porque estes não querem lidar com animaizinhos e, sim, crianças...


'


falei em trabalho e limpeza...


'ah, mas eu estou desempregado...'



mas, continuam vivendo, roubando e matando, vendem e consomem drogas cada vez mais...



falei em lixo doméstico


'ah, mas o caminhão não passa em nossa rua...'



mas, continuam jogando o lixo morro abaixo, nos córregos, nos rios,


na rua dos outros, no terreno ao lado, na porta do outro...
há sempre uma resposta pronta para a vítima
'queremos justiça...'
não importa o quão culpados são, também
Me impressiona o quanto se fala
a gente fomos, nóis estava,
recebemos uma doação dos vizinho,
eles tava aí etc
Todos adultos, sem a mínima vontade de aprender
e passam a vida ansim, desensinando dentro de casa
mesmo ouvindo o falar corretamente nas TVs, porque
não perdem capítulos sonsos de novelas
de BBBBesteiras mil
e que também pregam a miséria como meio de vida
a bobagem
a ilusão
a moda
a recompensa ao quadrúpede pelo IBOPE ou pelo voto
'queremos justiça'...
eu também digo amém
quando o mister Lula solta mais uma vez a língua presa e questiona não só a Constituição como o Estado de Direito, porque acha lícito fazer politicagem sem regras, sem ética, sem conhecimento (contumaz em mais de meio século), sem dedinho mínimo (nos últimos dez anos)...
somos todos imbecis
ou ssomos todos himbessis?






sexta-feira, 9 de abril de 2010

Implosão de imposituras não factuais de um mundo, até, então, sem verbo

Ora, dizia-se, na contemporaneidade antiga
diante de uma fotografia
que aquela imagem valia
mais que mil palavras
agora, afirmo, que qualquer imagem
fixa, parada, em movimento,
fala mil palavras
mil opiniões
mil raciocínios
mil sensações
emite milhares de sons
orais, instrumentais,
corporais, emocionais, racionais,
iguais, desiguais,
espirituais,
intelectuais,
reais,
eruditos, ditos, bem ditos
malditos
ou não,
vociferados à revelia
à calmaria
à rebeldia
à covardia
à ironia
à idiossincrasia
à hipocrisia
que a verdade instantânea
pontua, carimba e sela à quente
e não diferencia
a palavra
o verbo
a oração
(desde que se saiba, ou seja, houve um aprendizado)

Saneamento básico familiar e escolar

Que bom que cheguei aos 56 anos sem tropeçar no meu próprio cocô
e nem dos outros
Primeiro, fiz as necessidades direitinho
na privada
dando descarga
limpando a bunda
jogando o papel higiênico no cesto de lixo
e lavando as mãos
com sabonete na pia.
Depois, escovando os dentes após cada refeição
e à noite
antes de dormir
Ah, banho de manhã e à tarde,
porque moro abaixo do Equador
e é chuva e calor
mais calor
quase o tempo todo
das quatro estações.
Até no frio tomo banho.
Porque tenho 56 anos?
Não,
porque fui ensinada e educada assim
desde pequenininha.
Em casa e na escola.
E vacinada, desde pequenininha.
E obrigada a estudar se eu quisesse passar de ano,
desde pequenininha.
E a trabalhar, desde pequenininha
se eu quisesse crescer mais.
Ah, esqueci de dizer que meus pais eram pobres e trabalhadores,
mas não eram sujos e nem ladrões.
Para que servem hoje família e escola?

poesia transfigurativa pálida

Caiu de quatro minha cara no chão
enquanto meus olhos esburacavam
a macilenta escuridão
da madrugada
que parece pegajosa na TV
lá estava em decúbito dorsal
a pena, uma única pena
de toda a asa frontal
da compaixão
numa fresta lamacenta
malcheirosa
quase negra
imóvel
descendo a ladeira de lixo
decomposta
branca e suja
suja e branca
quase irreconhecível
Era só mudar o canal
- um corpo na sombra
quente e
agasalhado -
frente a frente
tragédia e morte
se agarram ao sôfrego
esponjar do terreno borbulhante
de veneno e gás,
insólitos,
reféns de
um sólido outono
diferente
afeito a trâmites legais
por suas destemperanças
irreverentes,
imagine,
boicotar pretensões existenciais
incluindo moradia, trabalho, alegria,
longevidade
ainda que na bacia de almas
baldias,
mas, se somos seres
anônimos,
portanto invisíveis,
quem nos pode ver?