terça-feira, 29 de dezembro de 2009

'Papisa Joana': poder, dinheiro, sexo e sangue

As mais recentes notícias vindas de Roma, Itália, porca miseria...
que envolvem transexuais, travestis e outras bonecas,
não só descabelam a comunidade 'guéia' brasileira
como deixam a quase todos, na palavra de um antigo amigo meu,
Antônio, o Belo: Calígula de fora...
o estamos no século XXI?
Pensei.
Vamos adicionar mais um adendo: religiosidade.
Ah, pronto: crimes.
Gran finale.
Como diria meu pai: catso.

O Alferes, ei-lo, sentinela da corda rota em rota gorda

2010


Nos parece estender a mão


enquanto baixa a guarda


pronta


já se aponta firme sob os pés


bem calcados em minérios
parcos


à sombra de uma natureza antiga


que supera o tempo
em constante superação


responde quase impassível
ao ralo momento
exausto,
de um passado violento,
torturante,
sanguinolento
à beira de um turvo de rio
com vívidos exauríveis.
Jazem os que nos trazem à vida.
Abênção.
Abênção.
Abênção.
Três séculos de intenção, ação, coação, exploração, escravidão, violação , conservação, proteção, restauração e viceversa...




domingo, 27 de dezembro de 2009

Papaigaio Testamenteiro em mais uma

Para que 2010 fique bem claro:
sua primeira pessoa deveria ser a última...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Homenzinhos de ouro e menininhos de pano

Eis uma viela populosa
genuinamente brasileira.
Tem duas margens e lameira
de esgoto entre ambas.
Uns tampam o nariz,
outros usam blindex e ar condicionado.
Outros entopem os cofres públicos,
uns estouram a boca de lobo com seus dejetos.
Faltam dentes e teem umbigos saltados;
sobram molares, caninos e aparelhos corretivos.
Trapos e chinelos, sujos de rua;
grifes, geladeira cheia, mp4 animal.
Avós, tios e tias, papai noel;
Vizinhos, tarados, catadores de papel
Bundas, peitos, barrigas molengas;
Cílios, batons, gravatas,lipo e perfumes.
Pipas de sonho com saquinho plástico de supermercado;
pseudoheterosecológicos, luzinhas que piscam e trenó lotado.
Varal lotado, quintal, casa sem telhado, escatológicos.
Barriga de mãe não é ventre, é lixeira de gente;
ventre é cofre, fetos excelentes.
Uns se chamam sean, outros marcinhos,
há similaridade: uns são baianinhos, outros, sei lá.
A diferença? Uns teem cofrinhos, outros o são.
Quem pode explicar mais sobre isso? Consultem o fábulo papa grana: gilmar rendes...

Ai, São Benedito, será?...

Igreja do Rosário, em Tiradentes (MG, Brasil), by Marialice em inspiração arábico vespertina...Em vigília de fachada, acima da porta de entrada, a imagem negra de São Benedito, envidraçada.A outra imagem, recorta o que você vê, ou não? 18/12/009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

circunvizinhos em próxima vizinhança

o espaço é assim
cabem todos os mundos
desde que um destes mundos
não esbarre em mim

sábado, 19 de dezembro de 2009

Fio Terra III (Vale dos Dinossauros/foto by Marialice)

Ao fundo,
o tabuleiro de São Sebastião do Paraiso (MG)
Aqui era um Vale
agora desce em vertigem calma
pela Mococa / Cajuru (SP)
e já se vê toda a palma sem
ferradura
do que se diz humano
arranhando a terra
com garras de
trator
À beira da estrada
a cor roxa
hematoma...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pagode da cor branca contagiante

Não deixe pra lá,
não,

irmão,

arregala o olho,

o cara escuro foi lá, aquele de falácia

macia,

de todas as línguas

à boca pequena,

com megafone ,

de última hora,

gravata,
postura,
elegância estudada,
discurso na mão,

feito rainha ,

pinta de bacana,

é mais um infame .

Quem mandou querer mandar

no planeta desbotado?

O primeiro bronzeado
ao natural,
chega à primeira potência,
comedido,
educado em phd,
postulado em leguedês,
de origem
miscegenada,
como eu e você,

agora se acha também dono do Planeta,
multifacetado,
um prisma
de lânguida lente
zumbindo visões equivocadas,
pelo certo e errado,
vá lá,
viu o cofre abarrotado.

Imagine,
pálido,
no vacilo,
acorda do cochilo graduado,
sabe, o gentleman impostado,
ao dançar,

tropeça no swing,
no rebolado ,
pisa no rabo da saia da
grandona,
amorenada

-o que era um doberman -

agora só falta miar

Imagine, de novo,

com duas menininhas

de chiquinhas

pra criar,

a mulher cheia de coxas

e com horta para cuidar..

- Vende a mãe! gritam

Não perdoa, mano,

ele já vendeu...

Vende o pai! gritam

De novo,

em coro,

quebra a banca:

o pai já morreu,

virou

farinha de ossos.

A mortalha-cofre
globalizada,
não esvazia,
só transborda.

Venda-nos! diz o velho mundo
Não vale,
já foi loteado.
Compre-nos,
diz o novo mundo!
Nem pensar,
já foi saqueado.
Paguem-me
o triplicado!
Barganha.
Nem adianta,
ele já é membro do seleto clube
do lucro e ganância.

Não há perdão,

irmão,

a cor branca

contagia...



quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Tear de Emanações (para minha querida irmã Naila, a própria)

Ainda usas as tuas mãos
para imantar-te de sinergias
e tecer o manto fluídico
que acreditas ser o teu escudo
e desenhas a bainha com palavras
mântricas
feito agulhas
ao bordar preces
ao que vestes.
Respiras os matizes
serenos das tramas
em cores amenas
para que teu sono
adormeça as dores
que acordam teus dias
de fibra
e repetes, linha por linha,
tua oração de sarja,
matéria-prima rústica
do teu pensar artesão.
É com teus retalhos de vida
que iluminas de cetim
tua escuridão,
maneja a cala de tua teia
e a semeia por aí...

'menino vodu'

bicho papão
cabra cega
mula sem cabeça
boi da cara preta
coelhinho da páscoa
papai noel
bruxa
homem do saco
saci pererê
curupira
caipora
- se eram personagens
de uma fantasia,
dessas que povoam
a infância brasileira,
que nos visitavam à hora de dormir,
de boca em boca
trazidas pelas gerações antigas,
muitas enxertadas,
importadas,
inventadas,
que importa,
ao sobrevivermos
sem divãs,
na vã ilusão
da sanidade,
agora,
tatu,
inclua mais
em sua
civilidade,
o padrasto de Barreirinhas...
quem vai contar ao menino
que os monstros são de brincadeirinha?....

Fio Terra II, 'detalhe' na margem esquerda, rodovia Mococa/Cajuru (do portfolio de nuvens by Marialice)


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Fio Terra I (foto de uma das muitas idas e vindas de Tiradentes (MG), na rodovia entre Mococa e Cajuru (SP/BR),


Marialice agora



se deu a um novo hobby,



desses que vão embora,



de vento em popa,



impavidamente,



feito algodão doce,



geléia de mocotó,



pão de queijo com linguiça,



cobu de roça,



pipoca de cinema:



coleciona nuvens.



Nas minhas paragens,


aquelas rio-pardenses,



tínhamos um Sapecado.



À risca,



flâmulas de times,



chaveirinhos,



jogo de botão,



balanço em árvores,


carrinho de rolimã,


cirquinho de quintal,


kit de mágica,


aulas de violão,


piano,



piorra.


Nada se compara...











escalpo de enigmas

A dor nos disseca
como terra em bolor
exala nossas entranhas
como rumores
latidos
vozes sem sustenidos

Calafrios calientes

Que alegria
quando há poesia
resfria a mente
doente
acorda o pensamento
indolente
torna-o contente
esvazia a alma
com a enchente
da magia
impertinente:
é assim que o espírito
espia
nossa vida
dormente...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ride Pagliacci...(foto veiculada no mundo globalizado da infernete)


um breve adeus a Ribeirão Preto SP BR


quando saí de meu breu ribeirão-pretano

em 05/12/2009

vislumbrei este céu no dia anterior

debruçada na sacada do meu apartamento

não era tarde
era à tarde....

mas meu coração me apressava em ligar turbinas pessoais

no dia seguinte, se sobrevivesse,

pegaria estrada para Tiradentes MG BR

com atalho por São José do Rio Pardo SP BR

eu e Thenória Valentina (sic Marialice)

Vitória (sic Bibi Canova) Kavalkanti,

a Thê (sic Sílvia Duprat)

uma ranger negra XLT 4x2

engolindo 510 km inimagináveis:

curvas, serras, pista simples,

pista dupla, pista malconservada, pista em reformas,

sem acostamento,

sem pedágios,

sem monotonia.

Até
atravessar a rodovia

381, a Fernão Dias

e voltar ao risco tortuoso

da estrada lamentosa de Lavras até aqui

- depois de Guaxupé,

Muzambinho,

Areado, a imensidão azul do Rio Sapucaí,
alimentando caudalosamente Furnas,

Alfenas,

Campos Gerais,

Nepomuceno.

Não só fomos como cá

estamos.

Ao noroeste de SP uma beleza arrasadora

ao sudoeste de MG a beleza soberana da Serra São José.



sábado, 12 de dezembro de 2009

Ei-la, solidão lunar, odor da noite

não é aquela de sondar
temer
imaginar
nem querer
é aquela centímetra
que põe nosso ser às cegas
claramente
quando queremos vaguear
e tropeçamos
sem a nossa bengala emocional
e seus truques de naipes
de peças xadrez
nos expõe à surdez
de seu nu reluzente
nossa idéia mínima
de que é intrínseca
a ferida
sob uma tênue luz
se machuca
mais
quando a lua gestacional
se liquefaz

A Beleza das Águas

Se bebe
se banha
se sonha
se vive
se sabes a água
sabes
que também a descreve
a margem

Pós-histórias tortas e equivocadas

Pouco depois
de todas as idades
estão ao relento
os intocáveis
da humanidade
que, agora, se calam
Desalmados, pois.
Tateemos nossos
corações
e os veremos
malditos
eles se vão
com malas e histórias curtas
Eis a visão da visagem
Abre-se o portão
a passagem nem sempre
se faz de forma tranquila
há bagagem
que ficará pesando no caminho
Por que?
Há muita roupagem
para uma só
personagem

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Amadores Catedráticos do Empirismo

Ah, eles se autoflagelam
com os espinhos da perfeição
quasímodos do conhecimento
perdigotam teorias
matemáticas
sem a mínima geometria
não se importam
de que lado estão
são cartográficos
desde que com instrumento,
sabe,
sem saber,
são o são...
hastes pontiagudas
da gentileza
línguas que lambem feridas
- campo
estéril de contaminação
inclusive intelectual.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Não me dei bem no paraíso, há muita filosofia nele...

Paraíso,



ora, é o mesmo inferno,



de sempre



Dizem os ''filósofos' contemporâneos,



aqueles 'diplomados'


em faculdades como as de qualquer


terceirão


- juro, tem faculdade para tudo:


é o espelho do espelho do espelho



Aquele que diz quem você é



de prontidão,



você mesmo,



aquele ser à esmo,



indecifrável



devorado e vomitado por quem?



você mesmo



e lá vem ele, com o jargão catódico,



gago:



eu? não! sou apenas um filósofo



contemporão....



lógico que não me olho no meu



olho-espelho



não me vejo



porque você



está entre mim e eu



e o que não almejo



....então,



eu solfejo,



no embate da


gente, ajoelho


e isso não é rima não


é atentado na têmpora


da subjugação


já o crer é uma aberração


e descrer é uma

maldição


e seus sofismas,


aneurismas,


teoremas,


ênfases e palavrórios


teia do imbrólio,








Enquanto humanos


na advinhação





mandrakes da história





e seus efeitos especiais

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dako Palace Hotel em São José do Rio Pardo, SP, BR, Berço de Os Sertões, de Euclides da Cunha...

Quando nos mudamos da casa


alugada, desde 1949


para a nova nossa casa


construida tijolo a tijolo


pedra sobre pedra
goteira sobre goteira,
telhas francesas,


no lombo de meu pai
e seu trabalho
em oito anos,


era 1968.


Eu tinha 15 anos de completa ignorância


felicidade e resistência.


Dores., não as do parto,
as da menstruação.


Minha mãe quis um novo fogão


a cara de sua linda cozinha


branca e azul:


lá estava o Palace Hotel, Dako


quatro bocas, forno excelente,


reluzente,


a toda prova e fogo.


Quando ela se foi


ceifada do tempo


para mim


prematuramente,


em 1976, o mesmo fogão


ficou frio, sombrio e apagado até


2009,


quando, num gesto de coragem e


pretensa reconciliação


da lembrança,


o trouxe para minha própria casa.


Sem avarias,


apenas um ou outro consertinho


de praxe.


Quase intacto.


É comovente acender


suas bocas


e cozinhar nele.



barganhas urbanas aos quintos

acordei com um pensamento
pouco corriqueiro
me deu vontade de cozinhar
feijão preto
louro
linguiça de dumont
refogados
num montinho de alho
amassado ao sal grosso
com sol
cebolas picadinhas
azeite
tirinhas de bacon
e de rúcula
trigueiros
mais uns espremidinhos
de tomates cerejas
pimentas dedodemoça
fatiadinhas
tudo em casa
está bem limpinho
foi dia de faxina
tempo nublado
lá fora o alvoroço
de obras urbanas
incessantes
constroem prédios
a cada cem m2
um filete de jardim
se sobrar
mais decorativo
que funcional
asfalto, calçada
desconstroem a cidade
aqui o mormaço
brilha em meus poros
ainda assim
me debruço sobre o fogão
talvez até seja minha idéia
faminta de compensação
não