quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ode à Landa

Terelelê ... Perequeté


Alma boa, saia de linho branco
Blusa de algodão, botões perolados
Cabelos difíceis, bem penteados
Um ente sorridente, lábios alegres e avermelhados
Entoando canções da terra.
Ancas fortes, volumosas
Seios fartos sob o decote.
Cheiro de mato, alfazema, cânfora.
Descascava mexerica morgote.
À mesa de passar roupa, gargalhadas na Rua Dr. Costa Machado, 387
O ferro fumegando alisava colchas de piquet, lençóis , camisa, calças
Blusas e toalhas, tudo bem arrumado sob o acento de vime .
Nos pés, arrastava uma sandália de couro surrado.
Cadeira pintada de verde, era o cabide.
Landa, uma negra reluzente,
Bem apessoada, que morava lá pelas casas amontoadas
Rente à linha Mogiana,
Que levava para lá e para cá trens de cargas , passageiros,
Testemunhas oculares de soleiras ,
Nelas dependuravam-se luzes amarelas,
Tremulando sobre ruas de poeira.
Rádio AM entoando melancolia e melodia,
Uma faixa suburbana,
Bem baixinho, no anoitecer cheio de ócio, devagarinho,
ouvindo o rio pardo cachoar ruidoso
sobre pedras e galhos traiçoeiros.
Landa, mãe de leite, mãe de planta e musgo,
Mãe debruçada na janela, o próprio sol poente.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Melô - Curitiba (PR) 14/06/006

Moro na periferia
Só vejo cor no farol
Carro, só cheiro a gasolina
O álcool
Sou torto, desigual

Tô sempre ralado
Morro abaixo
Morro acima
Só tenho rango quando o sos patrocina
Sou torto, desigual

Tô nas esquinas, arada total
Cheiro aqui
Um teco lá
Esgoto, sarjeta
Sou torto, desigual

Passo fome, sou rabeira de ônibus
Tô no lombo do metrô
Sou torto, desigual

Não tenho escola
Nem pai, só mãe
Nem tio, nem vó
Nem primo
Sou torto, desigual

Afago de asfalto, abraço de concreto
Um cobertor de chuva, água de sol
Você é cedo
Eu sou tarde demais.

Favos de fel

Às quintas-feiras, depois das 22h,
Entre quartas e sextas,
Invernos e primaveras,
No dia 16,
Mandíbulas em hastes despencam
Dos arvoredos cerradinos, ao avesso.
Dentadas exímias,
Lacerando folhagens verdolengas
À esmo.
Ao fundo,
Entre o frio e o calor das estações,
Línguas em labaredas
Talham a paisagem com cicatrizes noturnas.
Setas de cuspe,
Flechas enxâmicas de insetos pontiagudos.
Chic-choc-chec
Mate!

Luccia d. Troya ®

Maquinista

O trem ainda corre trilhos à noite, por aqui. De carga, de metro, pesado, devagar, sacode o cerrado, apita na madrugada, rasga a periferia. O inverno a céu aberto traz seca e secura. Na natureza tudo se recolhe e se encolhe. À espera, à espreita. Sono e dormência. Preguiça. Preparo. Economia. Mas, tudo é bobagem. Fora a humanidade, tudo é soberano neste planeta. Anda sozinho. Não precisa de ajuda. Não precisa de empurrão, não precisa de cobertor. Tudo está em harmonia. A humanidade não. Está fadada à destruição ou à infelicidade? Devemos entrar e sair de costas? Sangue e suor.Trapista e Abadia. A cor da noite arde às 21 h, como se a poeira entrasse em combustão. Estou em estado de órbita. A minha vida está em aberto. E nunca sei o que estou fazendo. Talvez haja outros como eu, de comum acordo com o desconhecimento.Espalha sementes como passarinhos, só que desconstruindo ingenuidades e amadorismos.

paragem diamantina


Almatroz
Chafurda-se no abismo do medo
Lambuza-se nos pântanos de ectoplasma
Cospe catarros de luz
É vômito azedo de angústia ácida e pus

Almatroz
Trapezista em saltos triplos imortais
Bailarina de helio em vôo-parafuso sideral
Submarino etéreo sem lastro
Um futuro de arrasto, às cambalhotas
Lá vai ele - condena-se à eternidade -
anda nas pontas dos pés
para não acordar a efemeridade.


Luccia d. Troya
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July,july,july



São Pedro

Noite mais fria do ano?
Foi em 1949, quando meus pais casaram-se na Igreja Matriz de São José do Rio Pardo (SP). Desde então, aquele gelo perdurou por todos os dias 29 de junhos, anos a frio, anos a quente...
Noite mais fria do ano?
Aquela talvez tenha sido.
(Se houvesse alguém, teria sido a noite mais quente...)
mais fogos de artifício
Fogueira
Pé de moleque
Quentão
Lampião.


Blue Moon

O halo se expande e se mantém
A lua centraliza e, visíveis,
dois planetas fazem a escolta.
Ela parece menor. É inverno.
Nada igual
Demora a orbitar. Está mais lenta?
Mais preguiçosa ou só nos varre devagar?...
Lânguida e bela, como ninguém
Um leque transparente a 360º

terça-feira, 28 de abril de 2009




De morte


A morte é para quem tem sorte?
A morte é para quem tem suporte?
A morte é para quem é forte?

Almalice (Garimpo em Diamantina -MG)

Alguém que lhe entrelace os dedos com nuvens
Alguém que lhe envolva os cabelos com a neblina da manhã
Alguém que abrace seu sonho feito menina pequena
Alguém que beije sua orelha como o sussurrar de um segredo
Alguém para afofar seu travesseiro como gatinha preguiçosa
Alguém para dançar sua música num vôo de trapézio
Alguém para rir inteiro de suas meias-verdades
Alguém para catar suas estrelas cadentes
Alguém para partilhar a conta do happy-hour
Alguém para surpreender com um café da manhã em plena tarde
Alguém para olhar no dia seguinte à sombra do néon
Alguém para escrever te amo com a ponta de um batom
Alguém para mentir que é tarde
E lá fora o desejo faz fila e arde
Alguém de corpo e alma que desabotoe sua blusa epidérmica e morra fênix entre suas pernas

Quem imagina?


Saia curta

Coxa grossa
canela fina
Sandálias de tirinhas
Para a menina

funk bailarina


Motel : este tipo de ‘presente’ eu dispenso porque quem sempre se fode é o aniversariante

Sevícias mentais paulatinamente


Quanto mais conheço os outros mais gosto de mim....Viagem egotripa
Tem faro mas não tem mira
Por que desengatou a vida?
Basófilos perecíveis
Essas pessoas têm âmago?
Data de vencimento vencida.



Pingos nos hiiii!!!!......


Nós somos os bastidores do Brasil
Consumir a vida sem elaborá-la existencialmente
Pequenices
Amadurices
Pioneiras + heroínas, babaquices
Olhar sem se ver e prover um futuro para gerações que ainda nem estão a caminho
Sentido envelhecido da palavra (nada avec)
Uma pá de gente que precisa ser ‘catada’ pela prática. Só têm teorias...
Às vezes não sobrevivo, apenas bóio

Que bosta que virou esta merda.
Comunidade : vida que vai de vento em popa tirando todo o prazer que há. Céus e marés em conjunção
Estou errada de cima a baixo.

Meu irmão é arquiteto e balonista intelectual
Cada um supera o outro concretamente, o que lhe confere surtos geniais ao redor do planeta
Para usufruir de suas obras vale um brevet ou voleios du cirque du soleil

TPM/Pilha/Curto-circuito/De rá


Amor de binóculo
Amor de óculos
Amor que nos resta
Me completa
De festa
De fresta
Não escrito na testa
Com sua sutileza, safadeza, realeza. Amor de sexta-feira quando a vida segue no ensaio
Tô no balaio


Cabo teleférico (escada interna para idosos de alma, cuja inocência está na lona de circo)

Rastrear almas
Esquadrinhar cada detalhe
Pele, Olhos
Mão, guarda-roupa,cozinha, quintal
Seu desejo esta em mim
O meu desejo está em você.

...arrancar com a língua o escalpo pubiano....

domingo, 26 de abril de 2009

Hai-hai...


Terraços-espelho

refletem a madrugada

nos dedos, cigarros

acesos

levam o dia

à baforada


Mi (n) to


Não disse a verdade

Inventei

A realidade

Vomitei

sábado, 25 de abril de 2009

Estilhaços alcaçus

Palhas de caiapós
Penas de Bororos
Camisa listrada sem o primeiro botão
Ao léu
Lixando as unhas
Dente sem mancha de batom
Sobrancelhas como adereço
Brincos de ouro e brilhantes
Em curva
Balas de alcaçus e chocolate
Copos de vodca ao gelo quase siberiano
Sofá de gorgurão
Janela com peitoril
Colt 45 na gaveta da cômoda
Retratos de cabeceira: pares de menina e moça.
A caneta envelheceu
Acabou o grafite
Secou a guache
Pavio só o de vela
Dorme o abajour
Elegante a ruga do meio sorriso
Ainda dentes de pérola
Chic a armação italiana
Olhos com estilo
Risca o fósforo da meia-idade
Fogo!Fogo!Fogo!

São micagens da retórica pós-neoliberal com a modernidade de síndromes em série

Tenho pressa?
Que bobagem
Assim, de passagem
Que ritmo
Alucina
A miragem?

rol da fama para uma amiga em dimensões 20/09/007



Asas em Levitação (Para Adriana Canova) 17:22
Sem estardalhaço
Jogo o laço
Me embaraço
Entrelaço
Altero o compasso
E curto passo a passo
Ameaço
Com um abraço
o amasso
Atiro-me em queda de braço
Desfio o arregaço
Sou plataforma de lançamento
Aí vou eu, trapezista do espaço.

Banzai-08/08/004 09:14

Clube dos Antônimus ®

Ali, no meio do caminho
Um minúsculo obstáculo
Aponta-se em espinho
À noite,
Assombra-se em cacto.
Um ninho de vespas
Acaricia sem sutileza
O curto-circuito, intacto
Da alma por trás de um
zíper de asperezas
como mandíbulas de formigas–de-fogo.
Considerar a reconstituição de nossa história
Será impossível.
Somos sempre amigos pós-futuro.
Temos limites impessoais ,
legado intransferível.
Até mesmo os à prova de pactos
de qualquer natureza inverossímil.

Luccia d. Troya ®

and now? 29/07/007 17:23

Ruiva Devorar-te em Azulferina

Encarnada
Rubra
Sangue
Vinho
Rubi
Torneada
Comer-te
Corpo
Desejo
Carne Viva
Embriagante
Rara
Bela cor
Perfumada

Rubi vert

Fogo!
Incendeia a água
Alma de superfície combustível
Conjugo-me na terceira pessoa
Um verbo sem vinco
- Que não enruga intenções –
mergulhice à toa
sem ficar afogada
nada de mágoa
é a jornada intransferível
no carreirão
é bom arder
na boa
bumbum em dia
cintura de pilão
tudo se afia nela
Se não fosse
O colt 45
No jogo
Meu dedo mela

13:01 -29/08/004


Almamém ®

Quem alma, desalma?
Quem desalma, alma?
Almamém, quem tem?
Quem tem, almamém?

Luccia d. Troya ®

abori-genes-28/07/008 13:18 (fig. Hivich)


Malukus e mamelukus

A migalha de alguém
Quantas vezes já não fui também
A sobra da mesa de boteco
O resto do dia seguinte
Rolha de vinho barato
Tampinha de cerveja
O guardanapo

Insolitez

adnan

Orit o ãitus
Sioped a ahniclac
Oles o olavac
E à epolag
Oglavac ues ojesed
Odahlom:
Et ojieb
Ed sohlo
Sodahcef…

Lanterna

Esta noite
Massacrei
Arrasei
Exagerei
e
Como todas
As noites
Errei
Acertei.
É noite:
Acendi
apaguei.

Desacato

Há ratos.
Não, não.
Nao no porão.
Há ratos
Entre vãos.
Grandes, altos,
Valentões.
Há ratos, de fato.
Sim.
Na esquina
Bueiros
Jardins
Há rastros, deles,
Na praça, bidê,
Coqueiros, antúrios,
Pés de jasmim
Há, sim,
Ratos
Nos cemitérios, guarda-louças, salas gourmet
Roupeiro
Maleiro
Lugares quaisquer
Assim
Há.
Há.
Há, ratos, sim.
Milhões.....

Política

A arte de desfazer o feito e refazer o defeito

Fases de lua


Nuvens e brilho

na escuridão

sombras e luz

na vastidão

grilos e pássaros

estendem a mão

da brisa que folheia

madeira e vidro:

são poemas de areia

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Em estado de garça

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Luccia d. Troya

Pirraça (29/09/007 - 17:23)


Minta, me engane, me delate
Me flagre e ainda assim
X marque com um xis.
Não acovarde o tempo
Pedindo e implorando.
Estou em pleno delito
Passo batido
Debaixo do seu nariz.

Malas incendiárias


Desfaça a cama
Arrume a cabeleira
Saia de havaianas
Atrás da saideira

Somos Cicatriz

Nós as temos e as temíamos
Na testa
No joelho
Ralávamos até os cotovelos
- temos até no último lugar que resta -
Desenham uma memória de dor
Na pele, com sangue
Levantam suavemente a assinatura
Da queda, do tombo, do risco
À risca do medo, da coragem
Bobagem
Sofremos
Aí vem a mãe e sopra um hálito divino
O ferimento recua
A lágrima seca
O choro passa
Reacendemos
Lá está, depois,
O troféu
Ninguém apaga
A gente fica feliz
Brevemente
Bravamente:' minha cicatriz'.
E hoje?
O sofrimento parece de mentira,
Só paisagem, amostragem
Bestas e feras,
Explícitas
Inúteis
Na tatuagem.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Capim barba de bode

Às escuras
Procuro
Seu beijo
Mamilos eriçados
Colo brejeiro
O vão entre doces
Suaves
Firmes
Coxas morenas
Com cheiro de amêndoa
Terrenas
Perfume
O mato cresce,
O capim ao vento
Faz cócegas no traseiro.

Recitagem

Lembro-me bem
Só que esqueci o nome
Quem mais uma
Madalena
Presente na primeira fileira
A lousa a porta
O fundão
Lá fora o mirante de um 6º andar
Chic a Paulista
Gazeta, Gazetinha, Gazetão
Ressoa o recital à la Pedro:
Pardal, Pardal, não pise no pedal....

Jorge, Jorge, Jorge


Escudo, lança e espada

Sobre o vigoroso mustang

Pisoteia o dragão,

Jorge,

capadócio cristão.

Em Jesus, Maria e Divino

verte seu sangue

mas não treeeeme

a mão

- certeira -

derruba o arrimo

de fogo e dor.

Fé armeira.

Desatada,

campeia do espírito a foz.

Ateia sua armadura

padroeira

sobre nós.





quarta-feira, 22 de abril de 2009

carnaval




É absolutamente irreal
levar à sério
a fantasia
ideal
dançando meio-samba
meio nada
igual
este fevereiro venial.

Mrs popov

de sobra um gole
o fôlego
é sóbrio
a consciência
é mole


Cuspe

há dnaliens
em seu pequenos lábios

Gibi-teatro

lá vem a calcinha
toda de algodão
poça aqui
poça ali
umedece o vão
o soutien
meia-taça
arregaça
o tesão
o corpo,
que combinação!

Azul Cruzeiro


Matutice beagá à 1/2 lua

janeiro
janesce
2008
- milenia
a ousadia-
celeste
alquimia
da sofista
socratiana
- 1/2 lua nas minas gerais-
brejeirice
num jenascer
em janeiro
-por inteiro-
mestre à revelia:
marialice

Blefe


Joguei
banquei
paguei
apostei
duvidei
ousei
dobrei
cruzei
suei
- ganhei!

Madrugante

As luzes são tarde
ruas em movimento
lento,
frio,
no banco de detrás
lânguida
a madrugada
meio trôpega
meio bêbada
repassa o traseiro da noite
feito calcinha jogada no meio-fio

Piorei para melhor

Uma foto de 20 anos atrás
refaz
a anotação no verso,antiga,
como cicatriz de ferida,
diz:
'não engula minhas jóias, querida'

Ourives da alma

às vezes, é preciso
desenhar
a dor na pele,
suavemente,
como um ventinho
sem assustar, de lado,
reles revés
da tempestade
abortada
cortar
sem sobressaltar
de mansinho
a superfície humana,
sem delatar
a autoria,
riscar à vontade
fósforos
benzendo
acesos
segredos
ao pe´do umbigo...


terça-feira, 21 de abril de 2009

Azulejo



Me encoste na parede
Me dê xeque-mate
Deixe o telefone tocar
A secretária-eletrônica atende
Sopre seu fôlego de gata
Dentro da minha boca
Levante com assanhamento meu decote
Abaixe sem vergonha minha calcinha obsoleta
Lambuze-se
Lambuze-me
Faça o serviço completo
Complete-se
Me complete


Janela
Lá está
Um passo
Além
Um laço
Aquém
Um espaço
Também

Memória à esmo numa tarde de sol que arde até mais tarde com um choveu de manhã, agora não em 10/12/2006
É dezembro
Me lembro
Um descuido sonolento
Acendo

De repente
Guia minha mão
No vão de suas pernas
Guia minha mão
Entre suas coxas
Não
Não me desate do seu nó
Afrouxe seu desejo de estar só
Esteja a fim de mim
À sós....

Trafos










Escandalosamente a placa sobressaia-se frente ao tecido de alumínio trançado, feito casa de abelha, fazendo-se de muro. A placa, desnuda e cheia de letras dizia: Precisa-se de .... (aí vinha o palavrão para um ser ignorante sem cuecas e com peruca pubiana)... ‘Projetista de Trafos’.
Noite by noite os olhos miravam a mesma súplica: ‘Precisa-se de Projetista de Trafos’. Ao espichar de um semestre de idas e vindas, na mesma calçada bêbada, sem salto alto, ali estava sem batom, mas cruel, o pedido: ‘Precisa-se de Projetista de Trafos’. À beira vertiginosa da Avenida dos Autonomistas, em 1978, pouco escancarada, a Brown Boveri, Osasco, reluzia silenciosamente mato acima. Cadê o projetista? E de que raios é feito o trafos?
Isso mesmo. Até meu pai, falecido, sabia desde 1930: são geradores, ou melhor, transformadores de energia para luz.
De poste em poste, lá vai mais um bêbado sóbrio, de trafos em trafos....


Lounge de Hotel 5 estrelas

....Foi um estrago
A esquina e o poste.
A salvação foi a parede.
Brutalmente ela foi empurrada contra os tijolos.
Uma disse para a outra: Desculpe a má palavra, mas você me lembra a minha cunhada.
E a outra respondeu, antes de agarrá-la e beijá-la: Desculpe o meu mau comportamento, mas você me lembra o que eu adoro fazer na cama...
MMMMHHHHHUUUUÁ....


Mulher ciumenta e bem-humorada

Se essa tal de Larissa aparecer por aqui, corto todos os ‘ésses’ dela e tasco-lhe um bem dado cedilha. Vaca! E vice-versa ou vice-verssa...


Salão de Cabeleireiras Lésbicas

Penteados ao meio, risca de língua, Topetes à base de saliva, Pranchinha labial, Alisamento digital, Depilação manual
Massagem corporal com Wandona, mestre em fricção pubiana e tète-a-tète.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Feche os olhos e leia com a mente





Ainda na cozinha , a pé da lenha queimando, com fervuras sobre as brasas enlouquecidas, uma chávena de ervas soltando fumaça, pão macio , partido grosseiramente pelos dedos grossos do Idoso Sábio, com unhas arredondadas e um pouco amarelecidas. A pele muito fina, deixava transparecer as veias azuladas. O ambiente, iluminado pelas velas, era quente e aconchegante. Lá fora, na charneca,a neve caia silenciosamente respingando a noite.

Antes que as baleias devorem as pizzas

Feche os olhos e leia com a mente de narinas auditivas:

Ainda na cozinha , a pé da lenha queimando, com fervuras sobre as brasas enlouquecidas, uma chávena de ervas soltando fumaça, pão macio , partido grosseiramente pelos dedos grossos do Idoso Sábio, com unhas arredondadas e um pouco amarelecidas. A pele muito fina, deixava transparecer as veias azuladas. O ambiente, iluminado pelas velas, era quente e aconchegante. Lá fora, na charneca,a neve caia silenciosamente. (to Hivich , ainda...)


(inacabado e a continuar futuramente, quando houver pizzaiolos aquáticos...)

domingo, 19 de abril de 2009

Psitacídeos


Voam ao lerdo, asas em sustentação, avançam reles ao espaço, estabanados, soberbos e alegres, longe do chão, vestem o ar à sua passagem: de verde, vermelho,azul, preto e abóbora, tudo em algazarra e gritaria. Confusão. Bicos e unhas fecham e agarram feito alicates, rasgam e ferem sem a menor cerimônia. Elegantes, arrancam cascas de castanhas, frutas, sementes. Não é incomum vê-los sondar silenciosamente o infinito, às vezes prolongadamente. Cismam com o horizonte, ouvindo o que não sabemos. Insônia.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

À luz do dia-Primeiro ato e meio

Na abadia
À luz do dia
Uma jarra de água resfria
Sob um dos arcos
Que tal ajuste
Media
Exatamente
Dois noviços
Em seu
Primeiro
Dia.

Para assistir aos ofícios
Se pedia
Silêncio e respeito
Mais a oração
Que se anuncia
E de todo jeito
Um mistério se pronuncia.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Conversês de Cozinha-Abreato

Idade Média (das personagens): 178 anos
Alho e azeitonas pretas grelhados
sementes de tomates ao caldo de romãs, com riscas de camarão e tirinhas de dedo-de-moça

Primeira Idosa (sem bigode e com o cabelo
lilás) – Se você decifrar o passado, certamente encontrará o futuro.

Idoso II (com barba e costeleta /de porco/ nas mãos): Os cientistas vivem fazendo isso
para justificar sua própria ignorância sobre o desconhecido.

Idosa III (de
bigode – problema hormonal) – Todos eles, para mim, parecem mais leigos do que
estudiosos. Não são eruditos, são? Leigos, talvez. Pianistas ou onanistas,
sabe-se lá...


Primeira Idosa Lilás- Leigos? Isso me parece coisa de primeira
comunhão!...Perdi o confessionário. Entrei na latrina. Era noite, não me lembro,
chovia, não me lembro, por que me lembrei?... (coçou as rugas)

IV Idoso (de
pele acetinada e lábios carnudo, avermelhados, sobrancelhas em lápis da mesma
cor...aparece de chinelos) – Não gosto de religiões. Parece-me infantilidade
mal-resolvida.

Idoso II – Freud tinha razão, então? Ou será Marx. Ou ambos,
sei lá, os dois tinham barba, não?

Idosa III – Gosto de rebuscar o passado,
não de redesenhá-lo como fosse descrição tiradas daquelas folhinhas bucólicas do
jardim-de-infância.

Primeira Idosa (sulferina) – Ou primata?

Idosa III(de pelos ruivos) – Qual a diferença?

V Idoso (chega sem sandálias, pés
muito alvos, de cuecas sob o roupão aberto e desengonçado) – Chiii, que conversa
é essa aqui? Cadê o chá? Tem conhaque? E o cigarro (tossindo...)?

Idosa III
– Quanta pergunta, idiota. Diz que você não é o famoso molóide? O famigerado
verme?
Idoso II – Ou debilocéfalo?

V Idoso – Ah , vão banhar-se na lama!
Vão!...Tudo aqui está é muito velho.

Felinos


Silenciosos, espreitadores, resvalam pela noite atrás de luas novas, mariposas, aleluias, vaga-lumes e estrelas cadentes.
Deslizam pela relva sem a comunhão que se estranha , num cheektocheek à maldição da caça noturna. Lambem patinhas.
Felinas,cativas do cio, furtivas, ativas, sem emitir um som, redesenham sombras à mercê, talvez, de algum cupido vira-lata. Ronronam.
Astutos, instintivos, afiam as garras na luz de seda das manhãs, depois de longa e sussurrante serenata de miaus. Lânguidos.
E brincam entre hibiscos, bicos-de-papagaio, arecas- bambu, sapatinhos-de-judia, barrigas-d’água, patas-de-elefante, moisés-no-berço, debruçando-se no bambu mossô.
Felinos
Preguiçosos caçadores de quartos-minguantes.

Trilhos


Tu tá de novo mirando o penhasco da insatisfação ou só comendo banana com casca?



Ouça o trem
lá vem
sabe-se lá com quem

Na sela
Não durmo sem o arco
e a esticadela
a mão cheia no alvo
em seta
delicada
secreta
apontando direta
e firme
pro coração dela

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Olympus OM-1 20/09/2007 -17:23h



Photograph ‘in’ brodo

Uma meia lua ao inverso
Meia circunferência ao avesso
Um bote escorpiano ao contrário
O mergulho no raso com arremesso
De corpo pelas costas como arco
Lá vai Méria di Méria
Sem eira nem beira
Desenha com brevidade
Um salto de piscina pelo alto
Riscando a gravidade

Amigos

Um Zé
Um Pedro
O sobrado
A escada
À noite
Teatro, em segredo: talento ao esmêro
De boite
Chicote e estrasses
Íntimo sem peças íntimas
Lá está aos cogumelos,
Alcaparras,
Forno de praxes, risotos dylans,
Geladeira em xeque,
TV na ponta dos dedos
E finais de semana
Em leque:
Ui, me abana....

Merecência

Faz tudo o que te compete
Rápido, rasteiro, devagar
Com paciência
Faz o que te dá na telha
Com eficiência
E te cabe materializar, sempre, a complacência

Sogima 2007


Fujo,
Fujas
Foge tu, tatu
Fui
Foram
Foi-se
Vai
Vão
Fumos (everybody, sorry)


Série: o crime mora aqui

A madrugada em silêncio
Na relva, dobra o lençol
A noite, enrola suavemente
O som
Abafa a vizinhança
Do crime
Em formol
Criança
Casal igual
Violento
Fechado
Entre quatro paredes
‘made in normal’
Caro policial: preste atenção vital
Eles só vivem de aparência
Seu trabalho crucial é
Encontrar evidências
Repara: tá na cara!

La dame quelque chose (11/07/007 - 19h)









Caia no meu colo
Com vestido até os pés
Plissé abaixo do decote que
Aberto, se esconde,
Como la dame quelque chose
La femme de largo sorriso
Fã inconteste dos bichos
Faz pose.
Caia no meu colo
La dame quelque chose.