Fogem-me as borboletas
no ramalhete silvestre
Sob o disfarce de libélulas
pressinto-me ao avesso
no espelho d'água
Areia meu esconderijo
o brejo urbano
em bando defendem-me
aos alarmes pássaros tejos
Cobrem-me beija-flores
com asas helicópteras
Uma página em branco
me torna um invisível prestes
em nuvem
Meu silêncio se refugia em
tempestades de verão
enquanto meu coração
viaja ao som de trovões
ensurdecedores
Meu belo cavalo alado
o azarão
de unicórnia lança
me leva no instantâneo raio
antes que a mutação da vida
cesse minha paz e minha guerra
com uma pá de cal
formol
em bacia inox retangular
Levem-me, amigos, até onde nem a vista alcança
Levem-me, amigos,
para o boteco sideral mais próximo
na esquina cósmica da contramão
para transeuntes e motorizados
principalmente os que vêm atrás
e os que não saem do lugar