quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma nave estelar baixou em mim

De que cosmo?
De qual constelação?
Saiu do buraco negro?
Do inconsciente?
Da idade?
De que exercício mundano?
De que livro?
De que sonho?
Qual é a ilusão?
Sabes?
Pousou sem avisar
em quietude e silêncio
estrondosamente sem som
O primeiro nos abala
o segundo nos cala
porque somos ruído
Existe uma aberração em nós
que é a seguinte:
quanto mais falamos alto
e gritamos
menos nos ouvimos
e nem nos façamos ouvir
Por isso, ela pousa em garagens
intrínsecas
e nos emudece a mente
conversa ao pé do ouvido do coração, de coração, pelo coração.
Batidas fortes e surdas
incontroláveis
pressentidas ao indelével toque
sem vez aos sentidos óbvios
sussurra serenamente
e pede consistentemente
que não façamos escolhas
e sim acolhas
acolher, acolher, acolhendo
com Amor, aquele que é o próprio
que a boca diz
mas o coração não fala
Aquele que se faz
mas não se pratica
pede que sejamos livres
de nossas próprias prisões internas
desapegados e atentos ao erro do que foi passado
não voltaremos
Voltamos,
é diferente
Pede que sejamos a Soma do tempo
liberto
sem deixarmos de viver a vida
à nossa frente, de cara
Pede, ainda, que nos despreendamos
de nosso peso
e essa é a melhor parte e a mais difícil
pois precisamos deixar aquele velho lastro
gravitacional
orbitando a guelra existencial
Alguém aí me diz que não é possível?
Pois, é paradoxal
É
possível
Nossas escamas viram asas
e asas
viram nada
e nada
viramos nós
É o que somos.
Livres.
Amamos
Somos amados.
Tá na Cara!
Só falta um clique
ou clic.
Capice?