De qual constelação?
Saiu do buraco negro?
Do inconsciente?
Da idade?
De que exercício mundano?
De que livro?
De que sonho?
Qual é a ilusão?
Sabes?
Pousou sem avisar
em quietude e silêncio
estrondosamente sem som
O primeiro nos abala
o segundo nos cala
porque somos ruído
Existe uma aberração em nós
que é a seguinte:
quanto mais falamos alto
e gritamos
menos nos ouvimos
e nem nos façamos ouvir
Por isso, ela pousa em garagens
intrínsecas
e nos emudece a mente
conversa ao pé do ouvido do coração, de coração, pelo coração.
Batidas fortes e surdas
incontroláveis
pressentidas ao indelével toque
sem vez aos sentidos óbvios
sussurra serenamente
e pede consistentemente
que não façamos escolhas
e sim acolhas
acolher, acolher, acolhendo
com Amor, aquele que é o próprio
que a boca diz
mas o coração não fala
Aquele que se faz
mas não se pratica
pede que sejamos livres
de nossas próprias prisões internas
desapegados e atentos ao erro do que foi passado
não voltaremos
Voltamos,
é diferente
Pede que sejamos a Soma do tempo
liberto
sem deixarmos de viver a vida
à nossa frente, de cara
Pede, ainda, que nos despreendamos
de nosso peso
e essa é a melhor parte e a mais difícil
pois precisamos deixar aquele velho lastro
gravitacional
orbitando a guelra existencial
Alguém aí me diz que não é possível?
Pois, é paradoxal
É
possível
Nossas escamas viram asas
e asas
viram nada
e nada
viramos nós
É o que somos.
Livres.
Amamos
Somos amados.
Tá na Cara!
Só falta um clique
ou clic.
Capice?