Sim, sim, sim, Natal
Quantas bobagens e baboseiras
quantas lembranças infantilizadas
e
pior
prometemos crescer
Papai Noel?
Ai, lembra?
Prometemos nunca mais acreditar
E lá estamos, de novo,
acreditando nos shoppings
nos amigos invisíveis
em outras línguas: ocultos
Tenebroso receber um 'presente desconhecido'
talvez aquele coleguinha idiotizado,
aquela zinha
sem a mínima pontaria
sem um pingo de sensibilidade
apenas o paralelo da escravidão
(quer mais?)
O festim das aves
chester
perus
galos
galinhas
frangos
galetos
Assim como leitões, leitoas,
a boiada toda, inclusive
Não
Natal é sagrado, só um peixinho
churrasco de abobrinha, pimentão,
cebola
Tipo, vamos manerar porque quero sarar
meus mil anos do aborto de mim mesmo
somente neste dia, especial,
em que o Planeta segue a mira de Vênus
e renasce continuamente aquele
açoitado, crucificado, continuamente,
num hiato de tempo, emergido, eregido,
ressurgido, regurgitado
continuamente.
Imagino que ele é um vai e volta perpétuo
e que ele já está saturado dessa sangria desatada
À mesa, amiguinhos comestíveis e com fartura da morte
Desde que o tamanho seja descomunal
Com farofa...
Dizem que é dos orixás
Com vinho
Dizem que é o Baco sentado nos barris
Refrigerante, aquela aberração contumaz e frequente
Injetando pressão alta e obesidade precoce
Ah, os médicos estão cada vez mais milionários.
Os hospitais são uma grande rede hoteleira.
Quanto mais imbecil doente, melhor.
A indústria farmacêutica está de ampola em ampola
trilionária
Assim como a indústria automobilística
e a de armamentos
e as plantações que deixam os narizes
Garanto, que fizemos todos mais felizes,
porque estouramos o cartão de crédito e o fígado.
Mas, rimos, cantamos desafinadamente,
enchemos a paciência de todo mundo
e ainda vomitamos na pia
Em 2012 , faremos tudo de novo?
Igual
Outra vez
...