terça-feira, 26 de maio de 2009

sal a grosso modo em dízimos

cadê meu véu?
quem acendeu minha vela em alto-mar?
quem pagou pelos meus pecados
e me enviou
sorrateiramente
a conta?
Prestações ao léu.
Quem, pelos infernos, acendeu a lenha do meu fogão
torrou minha paciência em %
e majorou o quinhão de minha fome
em potes alimentícios
no freezer?
Quem usou o chip do meu cartão,
fez ddds no meu celular,
rezou 1/3 da minha ladainha,
fez promessas para mim?
Cadê meu incenso de benjoim,
meus resquícios,
vícios,
capim barbatimão,
a moeda novinha,
a medalhinha do meu santo de estimação?
Sou almamiragem...
Só tomo bênção real
benzida, cozida, apimentada
de irmão espiritual.
Serve, de praxe, um ritual de anjo,
de santo,
de madre,
batismo, conspiração etérea,
aérea, bicicleta, carro, carroça, jeep
avião.
Fecho meus sentidos com zíper.
Serve o que há
e houver
para a afinação.
E não queiram pedir exame de dna.





Decanter da paulistania em conserva


Paulistania adora
encenação

batom e esmalte

salto alto

saia justa

decote

terno, gravata,

travesti

carro e avião


- fina descompostura


Paulistania adora flertar


marcar encontros

ficar

cinema e arte

botequim

jazz

Cabelo comprido

teatro

estréia

congestionamento

stress


-pega e viatura


Luz de velas

flores, vinho

diploma

glamour

rabo de saia


A paulistania

tem mania

de sofisticação

blazé

seda e cetim

praia


chiqué

de férias?

um tour

receita de infância do papagaio testamenteiro-versículo segundo do meio início

1970
Era a sobremesa oficial de domingo.
A religiosidade procedia à caipirinha de cachaça,
lá pelas 10 h,
enquanto fumegava preguiçosamente na panela um molho farto com tomates italianos.
Carne de frango aos pedaços, direto ao forno com batatas suculentas,
sempre sob temperos :
alho, sal, vinho tinto,cheiro-verde, cebola.
Pela casa, uns ditos cujos dispersos, mas cientes de que a macarronada seria a estrela da mesa. Queijo parmesão ralado na hora e generosamente.
Toda a família reunida na copa, o pai à cabeceira, os demais babando suas mazelas em cada prato, conversas de semana,escola, namoro, cinema, baile, e ele lá com grunhidos , sempre hum e hum a cada comentário , enquanto a alegria era polvilhada em risos de mãe ,
que se divertia .
Era ela quem também assinava a famosa receita doce, sempre a última a sentar-se.
Lá, então, se ia o domingo entediado, redimido pela iguaria.

Bavarois Branco que se compraz de:

250g de açúcar
7 ovos
1/2kg de natas
100g chocolate amargo,

6 folhas de gelatina
2 colheres de sopa de genebra
1 copo de leite


Encontre um recipiente adequado,
lave bem as mãos e treine seus músculos e pulso:
bata as gemas de ovos com a genebra,
com jeito vá adicionando o açúcar até amalgamar a composição.
Derreta a gelatina no leite aquecido, delicadamente para que um entenda o outro e fiquem perfeitamente juntos. Em seguida junte às gemas de ovos.Bata as claras com o mesmo empenho, aerando-as como se esculpisse um castelo de nuves, bata também as natas e misture todos os ingredientes, leve-os a gelar numa linda travessa, digna do melhor champagne.
Neste ponto, mentalize desejos e não conte um a um seus segredos.
Plante-os no jardim. É só respirar fundo.
Desenforme e cubra com o chocolate derretido até salivar, servindo bem frio.
Assim como colocar o chapéu na cabeça,
descansar a bengala na soleira,
retocar o batom,
fazer xixi na floreira
ou tirar caca do nariz.