quarta-feira, 29 de julho de 2009

nem a pau de mingau

Não, não confesso
nada
nadinha
porra nenhuma
pode me torturar
me fazer de estrume
poço
fosso
merdinha
Não, não confesso
que menti,
trai,
subtrai,
somei,
multipliquei,
numa geometria
ao avesso
Não, não confesso
que subverti,
contrai,
espalhei,
retrai,
encolhi
e semeei
a praga do meu desejo
Não, não confesso
que estou nessa
há anos
décadas
cada ínfimo
aniversário
bodas
graduação
descontração
e contramão
Não, não confesso
voraz,
incapaz,
sob pressão,
injeção
que não deixei para trás
Não, não confesso
de jeito nenhum
nem anonimamente
deslavada e
claramente
depravada
que amo
o amor que
sem princípio
desde o início
te amei
em cada ferida,
querida,
a menstruação
de alma
espremida
em tesão
atiçada.
Não vem, não.
Não confesso nada.
Observação: por favor, não espalhe minha vida por aí como se fosse milho pros bicos.