sábado, 16 de janeiro de 2010

O aborto da natureza em terceira dimensão

Qual é a verdadeira face da pobreza?
E qual é a cor que ela tem?
A dor da miséria e da catástrofe
doi mais em quem?
Os despojos de vítimas fatais
de hecatombes naturais
são espólios da humanidade?
Quem vai adotar os órfãos?
Quem vai alimentar os aleijões?
Quem vai sustentar o sobrevivente?
Dar água e limpar a sujeira do que era uma cidade?
Recompor o chão?
Reconstruir um lar?
Afagar o cão?
Qual é verdadeiramente
a ação do semelhante ao assemelhado?
Por que há uma direção única
de socorro
quando ainda há centenas de milhares soterrados pelo
preconceito e pobreza
em seus próprios territórios,
esses obviamente condenados à extinção pela exaustão?
Mas, os conhecidos abutres alçam vôos além mar
em seus veículos abarrotados de equipamentos ,
junto ao sobre peso de voluntários solidários na ajuda
visualizada e disseminada
bem pagos , diga-se de passagem, brancos, bem nutridos,
e com dinheiro ainda mais,
doados pelas divindades terrenas
e outras moedas
subtraidas de nossos impostos
suorentos
- clicados com faces benevolentes e heroicas
atraves da onipresente midia
Milk shake of the band aids
Cada bando e matilha
brigam pelo palmo de cooperação
Imposição.
Hierarquia. Patente. Armamento.
Tecnologia.
Usucapião .
Disputam cada centímetro da tragédia.
Enquanto a própria se decompõe na sarjeta,
sob sol intenso, muitas vezes descoberta,
exalando seu cheiro fétido, sua deformidade,
sua careta de espasmo insofismável.
Aqui, mesmo, há mais e mais
semelhanças quotidianas.
No vizinho, ao lado, no quintal, no onibus,
na escola, no quarto, banheiro, na esquina,
no dia e na noite, no berço,mundanas.
Quem se importa?
Já vi muita porcaria, mas,
Clinton, Bush e Obama?
Doce triunvirato de comadres.
Eis a comédia.
Só faltou a valiosa adesão, depois da honrosa permissão do espaço aéreo de Cuba, de Bin Laden...