domingo, 11 de setembro de 2011

Serra São José, Tiradentes-MG, três dias em contínua combustão




Um vento
e
basta
A vida queima
escorre a fumaça
só se vê o rastro do carvão
Um vento
sacode
O tempo desembesta
só se vê a vidraça
do lado de fora
da escuridão
Um vento
esbarra
O cristal trinca
a vista embaça
e leva ao escorregão
do embora
Um vento
espana
a fagulha se inflama
dispara o fogo
incisivo desde o chão
Um vento
estala
O mataréu envergalha
vira palha
esparrama cinzas
no que resta da floresta
Um vento
assovia




não sobra planta, pássaro, bicho,




plantação




Criminoso ou não,




o fogo não queima a culpa,




alimenta-a




continuamente.












(uma homenagem aos bravos voluntários e bombeiros )