Não só as tuas tripas
teus peitos
tua estima
tua renda
aprenda, Joana
caem também
tua geladeira
teu tanquinho
sabe aquele armário de aço?
a TV de novelas
novinha e moderna
teu celular pre pago
tua cama de casal
o sofá lilás
a toalha florida
és capaz de imaginar?
aquele comodo ao lado
pro churrasco
tua alegria
tua gargalhada a rodo
tudo cai
Te enganas
se crês o contrário
o fio de varal comprido
cai
tudo vai encosta abaixo
e se está no chão
reles
a terra também te engole
de supetão
cada prestação
sobra nada
não...
Quem liga pro teu balaio de gato
tua conta no magazine
tua penca de filho
escorregando em morro e favela
que nasce de riso
tagarelas
magrelas
e cairão também no choro
da miséria e da fome
que prazer enche teu ventre?
não sabes se é dor
obrigação
descuido
maldição
teu companheiro
pior que tu
só mora na cama
encontra macheza
no beco da vida sem saída
na cachaça
no raio que o parta
fazendo bicos
que dão noção
torta
de ação
aquele que gasta toda energia
com o cotovelo no balcão
falando de mulher e futebol
e te enche de porrada
porque o time não sai da segunda divisão
Joana, Joana,
pra ser bacana
segura o barco
nada de refrigerante
cuida dos dentes
cuidado com o colesterol
o diabetes
a pressão alta
fica no arroz com feijão
dá gosto
verdura de verde escura
cura o porre do sacana
com a benzedura da horta
feche as pernas
como quem fecha janelas e portas
segura a onda
que o mar é bravio
Tu és o pavio
Senão tu escorregas
como o teu chão