domingo, 10 de janeiro de 2010

Mãe Joana, barriga de arrimo, a casa cai, sim

Não só as tuas tripas
teus peitos
tua estima
tua renda
aprenda, Joana
caem também


tua geladeira


teu tanquinho


sabe aquele armário de aço?


a TV de novelas


novinha e moderna


teu celular pre pago


tua cama de casal


o sofá lilás


a toalha florida


és capaz de imaginar?


aquele comodo ao lado


pro churrasco
tua alegria
tua gargalhada a rodo
tudo cai
Te enganas
se crês o contrário


o fio de varal comprido


cai


tudo vai encosta abaixo


e se está no chão


reles


a terra também te engole


de supetão


cada prestação


sobra nada


não...


Quem liga pro teu balaio de gato


tua conta no magazine


tua penca de filho


escorregando em morro e favela


que nasce de riso


tagarelas
magrelas
e cairão também no choro
da miséria e da fome


que prazer enche teu ventre?


não sabes se é dor


obrigação


descuido


maldição


teu companheiro


pior que tu


só mora na cama


encontra macheza


no beco da vida sem saída


na cachaça


no raio que o parta


fazendo bicos


que dão noção


torta


de ação


aquele que gasta toda energia


com o cotovelo no balcão


falando de mulher e futebol


e te enche de porrada


porque o time não sai da segunda divisão


Joana, Joana,


pra ser bacana


segura o barco


nada de refrigerante


cuida dos dentes


cuidado com o colesterol


o diabetes


a pressão alta


fica no arroz com feijão


dá gosto


verdura de verde escura


cura o porre do sacana


com a benzedura da horta


feche as pernas


como quem fecha janelas e portas


segura a onda


que o mar é bravio


Tu és o pavio
Senão tu escorregas
como o teu chão