quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Tear de Emanações (para minha querida irmã Naila, a própria)

Ainda usas as tuas mãos
para imantar-te de sinergias
e tecer o manto fluídico
que acreditas ser o teu escudo
e desenhas a bainha com palavras
mântricas
feito agulhas
ao bordar preces
ao que vestes.
Respiras os matizes
serenos das tramas
em cores amenas
para que teu sono
adormeça as dores
que acordam teus dias
de fibra
e repetes, linha por linha,
tua oração de sarja,
matéria-prima rústica
do teu pensar artesão.
É com teus retalhos de vida
que iluminas de cetim
tua escuridão,
maneja a cala de tua teia
e a semeia por aí...

'menino vodu'

bicho papão
cabra cega
mula sem cabeça
boi da cara preta
coelhinho da páscoa
papai noel
bruxa
homem do saco
saci pererê
curupira
caipora
- se eram personagens
de uma fantasia,
dessas que povoam
a infância brasileira,
que nos visitavam à hora de dormir,
de boca em boca
trazidas pelas gerações antigas,
muitas enxertadas,
importadas,
inventadas,
que importa,
ao sobrevivermos
sem divãs,
na vã ilusão
da sanidade,
agora,
tatu,
inclua mais
em sua
civilidade,
o padrasto de Barreirinhas...
quem vai contar ao menino
que os monstros são de brincadeirinha?....

Fio Terra II, 'detalhe' na margem esquerda, rodovia Mococa/Cajuru (do portfolio de nuvens by Marialice)