Não deixe pra lá,
não,
irmão,
arregala o olho,
o cara escuro foi lá, aquele de falácia
macia,
de todas as línguas
à boca pequena,
com megafone ,
de última hora,
gravata,
postura,
elegância estudada,
discurso na mão,
feito rainha ,
pinta de bacana,
é mais um infame .
Quem mandou querer mandar
no planeta desbotado?
O primeiro bronzeado
ao natural,
chega à primeira potência,
comedido,
educado em phd,
postulado em leguedês,
de origem
miscegenada,
como eu e você,
agora se acha também dono do Planeta,
multifacetado,
um prisma
de lânguida lente
zumbindo visões equivocadas,
pelo certo e errado,
vá lá,
viu o cofre abarrotado.
Imagine,
pálido,
no vacilo,
acorda do cochilo graduado,
sabe, o gentleman impostado,
ao dançar,
tropeça no swing,
no rebolado ,
pisa no rabo da saia da
grandona,
amorenada
-o que era um doberman -
agora só falta miar
Imagine, de novo,
com duas menininhas
de chiquinhas
pra criar,
a mulher cheia de coxas
e com horta para cuidar..
- Vende a mãe! gritam
Não perdoa, mano,
ele já vendeu...
Vende o pai! gritam
De novo,
em coro,
quebra a banca:
o pai já morreu,
virou
farinha de ossos.
A mortalha-cofre
globalizada,
não esvazia,
só transborda.
Venda-nos! diz o velho mundo
Não vale,
já foi loteado.
Compre-nos,
diz o novo mundo!
Nem pensar,
já foi saqueado.
Paguem-me
o triplicado!
Barganha.
Nem adianta,
ele já é membro do seleto clube
do lucro e ganância.
Não há perdão,
irmão,
a cor branca
contagia...