sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pagode da cor branca contagiante

Não deixe pra lá,
não,

irmão,

arregala o olho,

o cara escuro foi lá, aquele de falácia

macia,

de todas as línguas

à boca pequena,

com megafone ,

de última hora,

gravata,
postura,
elegância estudada,
discurso na mão,

feito rainha ,

pinta de bacana,

é mais um infame .

Quem mandou querer mandar

no planeta desbotado?

O primeiro bronzeado
ao natural,
chega à primeira potência,
comedido,
educado em phd,
postulado em leguedês,
de origem
miscegenada,
como eu e você,

agora se acha também dono do Planeta,
multifacetado,
um prisma
de lânguida lente
zumbindo visões equivocadas,
pelo certo e errado,
vá lá,
viu o cofre abarrotado.

Imagine,
pálido,
no vacilo,
acorda do cochilo graduado,
sabe, o gentleman impostado,
ao dançar,

tropeça no swing,
no rebolado ,
pisa no rabo da saia da
grandona,
amorenada

-o que era um doberman -

agora só falta miar

Imagine, de novo,

com duas menininhas

de chiquinhas

pra criar,

a mulher cheia de coxas

e com horta para cuidar..

- Vende a mãe! gritam

Não perdoa, mano,

ele já vendeu...

Vende o pai! gritam

De novo,

em coro,

quebra a banca:

o pai já morreu,

virou

farinha de ossos.

A mortalha-cofre
globalizada,
não esvazia,
só transborda.

Venda-nos! diz o velho mundo
Não vale,
já foi loteado.
Compre-nos,
diz o novo mundo!
Nem pensar,
já foi saqueado.
Paguem-me
o triplicado!
Barganha.
Nem adianta,
ele já é membro do seleto clube
do lucro e ganância.

Não há perdão,

irmão,

a cor branca

contagia...