terça-feira, 30 de junho de 2009

meio da noite ribeirãopretano

Minha vigília
pontilha
um berço
delicado
cheio de pespontos
alinhavado
que levo
aos tragos
É a Cervejaria Colorado.

mon ami

Hoje, vesti a blusa e vi que estava do avesso
assim, como ontem, você relutava entre
um cachecol de seda ou cachá
escorregando os dedos pelo corrimão da escada
um bocejo educado
depois, um tchau solto languidamente
ao sono.
O abajour aceso
a toalha de banho sobre o sofá
a lâmpada do corredor queimada
Hannah Arendt na estante
Jorge Luis Borges na cômoda
Bob Dylan no Gradiente.
Na cozinha, engradado de cerveja
pasteiszinhos, ovo estalado, pão, chá
TV falando sozinha.
Noite em branco e preto.

globalização das tragédias humanas perversamente proporcional à frivolidade da raça

Uns passam ao largo
outros justamente
agora
alguns sequer se dão conta
tantos se ligam na hora
mais seguem tranquilamente
muitos carregam o fardo
n se dão ao trabalho
z estragam tudo
apenas um faz toda a diferença
eis a semelhança do acerto
o espelho trágico do erro:
imagem frívola da indiferença

segunda-feira, 29 de junho de 2009

meu diploma, minha pérola, meu calvário, minha conquista pessoal e intransferível.O médico estuda. E nós? Fiz a minha parte. Me diplomei.

JORNALISMO, MALABARISMO DO CAOS


Uma jornada com uma certeza à tiracolo: somos a tese do hipotético, a mente nua, um lapso do acontecimento, a verdade em crise, o fundo falso do fato. Raptores da essência, surrupiadores de egos, fazemos streap-teases da parcialidade, sentinelas da catarse, pás e canetas da mortalidade inconformada. Em quietude falamos, aos berros calamos , inertes levitamos almas, mitocôndrias supersônicas da fome etérea, alheios átimos do factual. Ei-nos! Jornalistas, palhaços e acróbatas da crença, malabaristas do caos, entes atômicos em conserva híbrida. Salmoura do inferno. Um avesso às claras. Subterrâneos da efemeridade. A coragem do medo. O abismo da justiça e , preponderantemente, o supérfluo da perfeição.....Somos o dedo no gatilho. A letra completa do alfabeto ilegível. O déjà-vu de amanhã. A assinatura pré-histórica. O pergaminho do futuro.
Lúcia Helena Felippe Fagiolo


Em alguma data do 1.o semestre de 2003
Chácara Hípica 144
Talvez num sábado à tarde
Ribeirão Preto - SP

Em protesto à derrocada do ensinamento essencial. Ninguém nasce sabendo. Pior, ainda: ninguém nasce escrevendo. Amo o meu trabalho e o fiz acontecer.


Mantiqueira rio-pardense: atitude


900 metros de altitude

cebola, batata, cachaça artesanal

urubus, carcarás, sabiás,

canários da terra

lobo guará,

siriema.

A mata atlântica:

emoldural.

Um Rio Pardo

de pedras e usinas,

esporte radical,

faz suas curvas,

sem freio.

Bucólico,

um sítio serve de ninho

a um pequeno roseiral

- Príncipe Negro -

alegra

de surpresa

um quintal

de folhinha,

rural.

Gerânios de herança maternal

derramam flores

em viva cor

vermelha hemorrágica,

enquanto

cresce silenciosamente

o pé de café ,

origem

arábica:

amargo docilizado, bebida

para os fortes

- cheios de tato.

Em dia de São Pedro,

faço tratos com

São José.








sexta-feira, 26 de junho de 2009

contagem retro-progressiva do amanhã-ontem:receita de motoserra com fiapos de árvores centenárias ao caldo de nascentes benzidas ao luar, flambadas

Primeiro, abra um pote de conserva de lavas.
Bata bem
Depois, adicione erupções (cuidado com o nariz e o olho...)
mexa o breu (reserve a fumaça densa,
em algum canto inexpressivo da casa...)
deixe em banho-maria os dias incendiários,
com botox,
enquanto dá o ponto na massa de pântanos.
Surte, pulverizando com SOx
umas pitadas de NOx
mais umas gotinhas de CO2;
neste processo , haverá gases e borbulhas
ácidos.
Para acelerar o ponto,
segredinho básico,
use à vontade temperinhos
apimentados, porretas:
PM10, PM 2,5, COV, O3,
aqui, entra aquela farofa
pururuca de raios ultra-violetas.
Espere, bafore um cigarro e,
ainda com máscara,
sem engasgar,
leve tudo ao liquidificador: acrescente
cautelosamente
tornados, tsunamis, terremotos,
voçorocas, indústria armamentista.
Nada em excesso.
Coe bem, pode haver resíduos sólidos (e humanos...),
reserve embaixo do colchão.
Espere fermentar.
Bom,
.....resultado,
que enfado,
o Planeta resolveu
nos enterrar de
cabo a rabo.
Cansou de nos enviar a conta.
Sem sucesso.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Peter Pan virou santa??!!

E sua idade,
identidade?
Batman
Robin
cinto do sacode
e sua terra Nunca
Pode?
e sua varinha mágica
Bode?
e suas criancinhas
Fode?
e seus pelinhos negros
Pagode?
E sua raridade
Acode?
E sua
ida?
foge....

simpatias de junhos santos

Adoro a minha vida
não quero que ela
se mude de mim
e quero
que em mim
ela more
sempre para melhor
Adoro o meu lugar
não quero que ele se mude
sem me levar
e que essa mudança
longe de nos distanciar
se transforme
para nos aproximar
Adoro a minha cidade
onde me cabe
ela me acolhe
como campo de pouso
e decolagem
para o meu deslanchar
em nova identidade
Adoro o meu amor
novo
desafiador
antigo
desbravador
aceito
de peito
o descobrimento
instigador
Sou arredia à dor
Não existe rima
que combina
com o impor
de um bem que se tem
Me ausento do sofrimento
com este andor

terça-feira, 23 de junho de 2009

ventos : expiatórios ou espiatórios?


Há de chegar

afiado

feito pio da coruja

arrepiado

gemido ultrassonico

bemvindouro

de lambuja:

Atenado

embrionico,

o vento

de ventos.

Desenha

na áspera

musculatura

do Planeta,

como

uma caneta

garatuja,

a sua assinatura

Quem souber

acalentar,

dobre-os

em catas,

pegue-os,

como

borboletas,

liberte-os.

Espiar ou expiar,

deixe-os

ao momento.

Solte-os

ao vento.






segunda-feira, 22 de junho de 2009

muros-mundo

atrás daquele muro



existe o mundo



ao pé da roseira



flores de sangue



escuro



coagulado



a autopsia da periferia



é só agonia



néctar de letargia



movimento



violento



virulento



mártires do pós-humano

O nome dela é Neda
Como foram as Marias
pintadas de guerra
'santa'
ao batismo de sangue
de fé
de fome
de mulher
de causa
e efeito
com a inocência
que é própria
do ser
ainda
humano
Quem vai brindar
em transe
ao
batismo
contínuo
da barbárie?

domingo, 21 de junho de 2009

ó, des-soráreis e des-sorareis!


A que postais
o infinito
ungido
pela palma
humana
em ambas
convertido
se compostais
de parcas
preces
as vestes
que estais
vestido
em alma?

sábado, 20 de junho de 2009

trânsito tranquilo,com os sintomas flamejantes usuais

viu? quase nem eu...
nem chegou a encostar
apenas um cisco
no olho
o ectoplasma
está intacto
esses meteoros
correndo desse jeito
ateu
onde irão parar?

Hoje vi mais uma 'estrela' riscando o céu

Apenas , pisquei
um meteorito
riscou a minha
atmosfera
instantaneamente
desejei


sexta-feira, 19 de junho de 2009

1953: eus de mim em parto

anônima desarmonia
em perfeito estado
- latente,
sob tempestade-
a via escorregadia.
nada de choros de alarde,
só grudada
na patente
de arisca
familiaridade.
Anzóis
de raios
fisgaram
a réstia
de
gente.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

sangue estelar

Minha nona Genoefa
meu nono Rômulo
meu avô João
minha avó Etelvina
Itália e Líbano
Badras, Felippes, Giulianos, Fagiolos
Não sei bem contar
essas histórias
manuscritas com células
sobre o oceano
Atlântico
Olho o céu.
Olho o céu
e olho o céu.

terça-feira, 16 de junho de 2009

escarafuncho

Reviro-me
rebusco-me
fuço
nas gavetas
nos armários
dentro dos sapatos
meias
soutiens
nos fundos
de molduras
encaro-me
em porões
sótãos
mezzaninos
nichos
rabiscos
no moleskine,
sensual,
rememoro o casual
devoto e familiar,
bestial
com
cinta-liga
baton-rouge
itinerários
de rupturas.
Enfio o nariz
nas rachaduras
fissuras
tocas
frestas.
Folheio-me
em
álbum de fotografias
diários ginasiais.
De vista,
banheiro público
murais
Arranho-me
em cercas
sarjetas,
pulo quintais.
Toco de cigarro,
ampola branca
jaz nos idiotas
mortais,
agulha,
seringa,
garrafas,
latinhas,
carnavais,
bebês sem pais,
vitral púbico,
paro em sinais.
Sei, só eu respeito a lei
e os demais?
Gente:
cadê o meu Planeta?

sem erros capitais

Não há mais
espaço e tempo
no Planeta
para o eu ou você.
Agora, sem demora,
somos eu e você.

conjugo-me em asas

sob nuvens rasas
soltar as amarras


desatar os nós


lançar o lastro


desencilhar
inflar o vôo
com rédeas largas
ao navegar
em pleno ar
soo




segunda-feira, 15 de junho de 2009

lápis de cor



é tarde
da noite


passeia o vento


silencioso


o pequeno caminho


de terra


é entrecortado


por um rastro


de capinzinho


a paisagem rural


traz o sombreado


de altivo eucalipal


centenário
um mato
de cheiro
adocicado
faz cócegas
no memorial
cetinoso
da alma
e se
alastra
de
fininho




entranhas uterinas estranhas


ovas

ovo

óvulos

chocas

choco

choque




domingo, 14 de junho de 2009

onde paro, me deparo

herdar a natureza
ou o mundo?
nos lançamos ao futuro
mas, onde ele está?

Barbatana do Planeta, vórtice apocalíptico, deu curto na tomada do mundo

O dia passa zunindo
lá está o alfabeto,
todo em símbolos,
fórmulas, siglas,
equações
- parcial hegemonia
do intelecto.
Zum-zum-zummmmm
bo qui aberto
indo e vindo
o planeta inquieto
põe
à descoberto
fenômenos
de indizível
afonia

a trilha das Mercês com sua vigilante outeira em Tiradentes (MG)

Ao lado, um São Francisco, de ajoelhar
de outro, a benta água,
gargarejos com vinhedos
a 14 graus no quente
só por medo de errar
de endereço...
ou de não acreditar
o suficiente.
Por certo, concluo o credo,
penitente.
Crédula, certamente.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

ecosmose

ouça os radares,
o deserto
cega
nossas pegadas,
descobrindo-as.
ouça os sonares,
o mar aberto
queima nosso abecedário
com uma pá de cal.
ouça as bússolas,
desnorteiam
nosso glossário
tecnológico.
ouça os sinalizadores,
confundem nosso
ciclo vital
clonando itinerário.
ouça o ouvir,
ouvir
ouvir
ou
vir....
apenas,
ouvir.
só.

domingo, 7 de junho de 2009

Queridos (as) amigos (as)

Belos e covardes
doces e audaciosos
tênues e fortes
boas e ácidas víboras
cândidas, desleais
De aço e água,
vidro e mágoa,
falsos, verdadeiros
avessos, reais.

extravios perfeitamente catalogados na sala de Achados, Perdidos, Desencontrados

teu riso errou de endereço
por que tua alegria ainda não chegou?
tua felicidade voltou por falta de selo
teu prazer afundou na praia
tua satisfação acusou CEP errado
tua conquista bateu no poste
teu nome não saiu na lista dos aprovados?
tua gargalhada foi pro lixo
teu orgasmo múltiplo lambeu com a testa
teu grito de gol bateu na trave
teu cavalo de pau atropelou o ponto de ônibus
teu porre acabou dentro do rio
tua cantada sobrou na tua mão
teu namoro ficou de besta
tua loteria deu azar
teu palpite gorou?
tua unha quebrou ao limpar o dente
teu pensamento passou ao largo
rente...
teu alvo saiu de férias
teu salto 15 te deixou descalça
tua criancice ficou para trás?
teu chifre parou no batente?
tua imaginação foi pro beleléu.

Caro remetente: sem drama.
Isso é comédia. Faça como toda mocinha
em filme de terror barato,
corra, tropece e caia de boca na lama....

non sense sensorial

Chegamos:
aqui
- onde?
ao instranponível
que
se descasca
agora
e alardeia-se
em outros
in:
transponíveis,
sem espelhos
e, sim,
espelhados.
visionários filamentos
de um presumível,
mausoléu futurista
resguardando em lacre
o
senso:
em lasca.
Fiapos
sortidos aos tatos, possíveis e imaginários:
cores
luzes
sons
cheiros,
sabores.
Fizemos horrores.
Tome.
Pegue as rédeas.
Vá.
Lá está a imensidão.
Não vê, não?

talheres de grafite e neon penitentes e tropeiros



O dia dorme

a noite acorda

traz bocejos da

madrugada

sem batom

a pequena sacada

um confessionário

íntimo

sacramentalizado

faz mira

no pequeno naco

de universo

- confesso -

de toda mentira-

me

rogam-se pragas

tecem-se preces

espargidas

de dúvidas atrozes

tiradas do colo-

me

como elioses

de teses paridas

si len cio sa mente

em ato

nada contrito

limita-se o amanhecer

ao limiar do infinito

lá vem o alinhavo

de certezas

desfeito ao dia

rarefeitas

como ungidas

copiosamente

são os feitios maneiros
arredios

da romaria

diária

desenhando

a passagem humana

num arremate

grosseiro

sábado, 6 de junho de 2009

qual e tal tão desigual


POE (IRE) SIA


POE (TE) SIA


PO HER (ESIA)


PO E SIA


PÕE (e) SIA


PÔ & SIA


PO ÉS IA


PO E TAR


PO E TAL


PO ETC

sexta-feira, 5 de junho de 2009

meteoros-pipa


Plumagem da travessia

fulminante

Em silêncio da ousadia

faz a inusitada abordagem,

relampejante

Para muitos, arredia,

contraditante,

aérea

Para poucos, arrepia,

trespassante,

etérea:

irradia, irradia...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

ai, esqueci a panela no fogo....Ui, tropecei no emprego...ops, derramei tudo no patrão...putz, vomitei dentro do ônibus

Saladinha acadêmica
folhinhas verdes,
leguminhos coloridos
ervas caseiras, básicas,
acompanham a mesura atávica:
grãos variados
- resumem a cênica
postada do fogão à mesa -
discretos,
comedidos
-epidêmica -
devorados para dar função e cor
escarlate ao sangue,
um descarnar que provê a carne.
Disposição,
para o voraz noticiário
que consome o global
em flashs diários
- arquipélagos
fantasmagóricos -
teia de mistérios,
faminta de carniça.
Pesadelo infanto-juvenil
co lo ni al.....
Antítodo: elixir paregórico
para oníricos
nada categóricos da raça.
Dou plantão na hortaliça.
Ei,ei,ei!
O que você quer que eu faça?

plasmem!...


sois o sóis

sóis o sois

fragmentos dantescos do quotidiano

* A maior causa das catástrofes é, sem dúvida, a natureza, sim:
a natureza humana.
* O ser humano suporta tudo, menos a verdade

quarta-feira, 3 de junho de 2009

dialeticotômico espiritual

ou estamos no apogeu de uma breve jornada
ou no longo perigeu de uma ínfima estada

imponderável subterfúgio de civilidade


a sola gasta
a gola rota
unha roída
dente quebrado
comida requentada
pão dormido
bainha desfeita
tanque vazio
pneu furado
hora atrasada
mala furada
camisa rasgada
pérola falsa
aliança penhorada
retrato poído
a grama alta
mato crescido
conta vencida
a gota, a gota
a gota, a gota,
a gota, a gota,
a gota, a gota
e não basta...

navegantes do amanhecer

barco, barco, barco
ao longo do remar
segue requebrando
o navegar
corta com seu prumo
de mestre
o mar

soleira junina


uma xícara de café
quente

sobre a pia da cozinha

vazia

no vaso, um botão de flor
oscilante

meio em pé

vigia a sala

sozinha

janela e porta, escancaram

abertas
o semblante

da paisagem

vizinha

é meia estação
a quatro graus

lua quase cheia
espia o venial

a vela pela metade

ilumina

o santo de devoção
suspenso no mastro
do arraial




terça-feira, 2 de junho de 2009

audição inodora (bemtevi)


arregale os beiços

a língua olfativa

de fora

- vem a cheia

de lua -

maré degustativa

de rua

sopre bem os ouvidos

o que já saiu

ainda

não foi embora...


um leste de mim


um catavento sofismático

ardeia

à beira do portal

enigmático

de clima tropical

segunda-feira, 1 de junho de 2009

à beira do vazio


ver

ti

gi

no

sa



a presença

do acaso,

por acaso,

uma fatalidade


des con cer tante

a ausência







de consistência

na pretensa






eternidade




Ao século XX, os despojos do século XXI (vôo 447)

Estamos em pleno
futuro do pretérito
Correndo alucinadamente
para frente
- mais e mais
nos encontramos
lá atrás
Quanto mais vivemos na
pós-modernidade
mais acompanhamos
nosso féretro
e, acredite,
sem nenhuma
credibilidade...