quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fiapos pontiagudos de calma


Solfejo pela minha palma
de alma
uma 'cheia' de dedos
e todos os sentidos
sem medo
que se traduz em linhas
pétreas

as correntes

intermitentes

de cicatrizes de parto

ao natural

caneta de pena

em
assinatura nascentina

feito os degraus Diamantina (MG)

como

água sobre pedras
e cristais
que desaguam fora do barco

desenham sua passagem secular
inavegável em si

navegável em fá

do rumo dó

em ré
mi

farejam brisas ao sol

espinhentas

a trilha

no horizonte

em que as pontas

são molas de cama

na lapa ancestral
abrigo dominical
forasteiro
Portal
ante os peregrinos de Maria
Rainha
Viajante (pela eterna e honrosa companhia)
(Graças a Marialice, Eliseu, Eliseu Henrique, Marilda, Josi e Guilherme, pela generosidade expressa em presença , Helena e Lauro pela concretização da magia dos guardados diamantinenses)









Chove, afinal


Trovões na madrugada
voam pelas nuvens
de volta
a chuva
mansinha
se apressa
devagar

domingo, 19 de setembro de 2010

Ser humano praga, erva daninha de si

Por que elas só existem na lavoura?
Por que xingamos de câncer o que nos corrói?
Que desnome damos ao que destrói propriedades?
Pragas
Na escala ínfima da natureza,
constam ratos, baratas, insetos e répteis
Sem a mínima dignidade,
reles existentes insignificantes
como fungos, bactérias, vírus
ácaros, nematóides,
nocivos e causadores de dores imensuráveis,
o que é pior: prejuízo e morte
Nessa hierarquia perversa,
da patogenia invasora espontânea,
ei-los, os abomináveis,
monstros cruéis,
sorrateiros, muitas vezes,
invisíveis, portanto,
traiçoeiros...
Certo, comprovadamente, causam
terríveis infermidades
Mas, aqui também podemos falar das infernidades
estas provenientes, nada espontâneas,
de agentes bem conhecidos, visíveis e
igualmente nocivos; humanos e seus filhotes,
feito ratos, baratas e ervas daninhas,
vizinhos
Proliferam e crescem com a mesma fome voraz
e destrutiva
Um vai dando sequência, consequência
e vida longa (ou não) ao outro...

Bacia de Trevos intrínsecos e explícitos


Está despontando um novo aniversário


na memória umbelical
do ventre solar


prestes a parir


uma estação primavera


a data que volta


novinha em folhas


aos trevos de quatro folíolos


esparramados na bacia de barro


cerâmico


celebrando vésperas


de pleno aniversariante


faz-se o pedido


presente


concedido


em que almas


de rebentos em broto


solenemente


acrescentam água


terra


água


chama


como pipa aos quatro ventos


fazendo cócegas


borbulhantes


a cada dia 25


de setembro






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Frestas da eternidade


pegando rabeira em caudas de cometas






puxando rabos galáticos






deixando rastros estelares






galopando em asteróides




e tirando fina






andando na chuva de objetos celestes










em passeios estratosféricos










um happy hour




de jardins em jardins etílicos






de porto em porto de sóis






alamedas lunares






aos passeios caninos em nebulosas






fazendo curvas em duas asas



em rasantes


pelas constelações


























sábado, 11 de setembro de 2010

Ao pé da orelha, o puxão sutil. Doeu!....

Tenho uma amiga
Bibi
da qual gosto muito
desde os primórdios da távola celestial
Algum planeta
a depositou carinhosamente aqui
nas membranas terráqueas
com lindos olhos azuis
Em conversa
outro dia, mesmo,
eu mastigava meus
substantivos, verbos,
advérbios,
adjetivos,
sujeitos aos 'humhum' dela
Na verdade, eu estava
falando das minhas coisas
e coisas das minhas
já preescrevendo
uma lista enooooorme
-como dizia Antonio, o belo ,nos anos 70 -
de quesitos caseiros,
requesitos domésticos,
aquesitos ainda por vislumbrar,
sem noção do horizonte
e do dispendioso acesso
ao meu almejar
Ela, serenamente,
rápida e econômica no comentar:
mas você não disse que queria
uma vida de simplicidade em Tiradentes?
...

Quem não gosta de flores?

Ganhei este presente em agosto
não foi um mês dos mais bonitos
mas essas petúnias sorriram
o tempo todo
e continuam...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Um belo e simples consomeé ao repente da tarde

Ao abrir a geladeira
deparei-me com
tomates, batatas, chuchu,
batata doce branca
salsinha aos pares,
cebolas,
gengibre em demasia
uma pequena bacia de picadinhos minúsculos
variados de legumes
decorados:
cenoura, couve flor, brócolis
no armário
pimentas cravo,
louro,
azeite de ótima procedência,
e tantinhos a mais na imaginação
Solucionei a fome na chama familiar
herança de mãe
do fogão Dako sessentino
Palace Hotel
Mais ou menos assim:
uma cebola inteira cortada
em suas paralelas finas
gengibre ao murro
batatas inteiras
chuchu
devidamente limpos
descascados
então
ao azeite,
panela sob
chama ao léu tranquilo
até dourar
incluindo quase tudo,
por penúltimo
fatias grossas de batata doce
as sementes de tomates maduros
louro
pimenta sal grosso
tudo em pouquitos
mais os micro leguminados
água
só para cozimento no caldo marrom
Eleve-se aí a uns vinte minutos
bem observados
driblando delicadamente
aroma e cor.
Tomates fatiados grosseiramente
na finalização.
Surpreende-me
sempre
a harmonia dos ingredientes.
Por fim, o perfume de salsinhas
colhidas no canteiro de casa tiradentina,
cabinhos tenros e folhinhas rasgados
aos dedos de quem sabe saboreá-los
al dente.
O resultado ficou pronto para qualquer
senso irreverente.
Invente.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Algum dia, quem sabe, na maré dos náufragos em praia de sol , drinques e preguiça?...


Que onda me trazes?

A dos libertados

ou a dos libertadores?

Ambas vorazes

Em que cheia me presenteias

o tão só do teu

nó longínquo

passageiro e itinerante

de naus em que tu te volteias

teus ós

Netuno, Poseidon

Por que tratamos a infelicidade com tanto cuidado e carinho?


Talvez porque nascemos grudadinhos

e, por ser da família, damos atenção

comidinhas

água, bebidinhas

banho

levamos para passear

para trabalhar

para a escola

para o bar e para dormir

talvez porque seja de estimação

em nosso coração

mesmo quando nos chateamos e brigamos

perdoamos

sempre nossa companhia mais desagradável

não a descartamos

lado a lado

até quando, num descuido

nos alegramos

nos apaixonamos

nos desdobramos ao outro

ou à outra

e vemos que esse contato

magnífico, novo,

que nos arrebata

dura pouco

e lá estamos, novamente,

agarradinhos à ela,

a feliz infelicidade



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ombros confortáveis com air bags amigos. De fato? Duvido.

Tive e tenho amigos de doer
e a contar nos dedos pares
os ímpares são de outra linhagem
mas não posso nominá-los
pois não mereço
nem eles
são
- espero
que sejam -
curvas energéticas
de passagem
se demoram em mim
graficamente
avalio a incidência
se se espreguiçam
esqueço a procedência
languidamente
porque aprendi a ter dor desde cedo
nem é a minha rota
nem meu mote
muito menos
o meu desenho de jardim de infância
gosto de burlar os labirintos
sei fazer isso,
mas não evitar,
sei jogar e
aplaudir o vencedor
mesmo que não haja
truque da mente soleira
que manda recado ao interior decorado
que, por sua vez,
esconde a mentira
no bem elaborado reduto:
porão ou sótão
Senão,
vai ao largo mesmo,
descaradamente
não, não, não
nada anjos, nada geniais,
nada especiais
nem causais
casuais
tradicionais
mentalistas,
varietais
só sei que meu campo vibracional pegou outro rumo
Tem sutileza
delicadeza,
ética
Xeque.

Conheci uma pessoa que não acreditava que eu não lia mais livros

Livros e filmes
cinema e literatura
Meu alimento em décadas
no século passado


noite afora


dia adentro


e seus intervalos


Eis-me que
resvalo na contemporaneidade
do terceiro milenar


Por que?


Se nada a consumir minha mente
sem mais o alento
a crestar as pestanas
regurgito
falas e ditos
com enfado
Isso é triste
se é...


depois de devorar banquetes


de gentes geniais


em letras e palavras


Meu canibalismo intectual cessou


Não há mais gênios,


embora se achem ainda

Todos nascemos 1, uns zílhõens à direita e outros zilhõens à esquerda, ah, tem 1 zilhõens em qualquer outra direção. Somos 1 em zilhõens...Bom, não?

Igual a pavê de limão
leva isso e aquilo
no fim, uns acham azedo
outros doce
mas a receita é esta mesma
limão açucar creme bolacha
o lance é a forma e o ingrediente
fica lindo na mão certa
e horroroso na mão que não acerta
mas, é pavê.
Será a mão?
Ou os ingredientes?
Diga-me.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Uma nave estelar baixou em mim

De que cosmo?
De qual constelação?
Saiu do buraco negro?
Do inconsciente?
Da idade?
De que exercício mundano?
De que livro?
De que sonho?
Qual é a ilusão?
Sabes?
Pousou sem avisar
em quietude e silêncio
estrondosamente sem som
O primeiro nos abala
o segundo nos cala
porque somos ruído
Existe uma aberração em nós
que é a seguinte:
quanto mais falamos alto
e gritamos
menos nos ouvimos
e nem nos façamos ouvir
Por isso, ela pousa em garagens
intrínsecas
e nos emudece a mente
conversa ao pé do ouvido do coração, de coração, pelo coração.
Batidas fortes e surdas
incontroláveis
pressentidas ao indelével toque
sem vez aos sentidos óbvios
sussurra serenamente
e pede consistentemente
que não façamos escolhas
e sim acolhas
acolher, acolher, acolhendo
com Amor, aquele que é o próprio
que a boca diz
mas o coração não fala
Aquele que se faz
mas não se pratica
pede que sejamos livres
de nossas próprias prisões internas
desapegados e atentos ao erro do que foi passado
não voltaremos
Voltamos,
é diferente
Pede que sejamos a Soma do tempo
liberto
sem deixarmos de viver a vida
à nossa frente, de cara
Pede, ainda, que nos despreendamos
de nosso peso
e essa é a melhor parte e a mais difícil
pois precisamos deixar aquele velho lastro
gravitacional
orbitando a guelra existencial
Alguém aí me diz que não é possível?
Pois, é paradoxal
É
possível
Nossas escamas viram asas
e asas
viram nada
e nada
viramos nós
É o que somos.
Livres.
Amamos
Somos amados.
Tá na Cara!
Só falta um clique
ou clic.
Capice?