sábado, 1 de maio de 2010

Tsunami Negra

Lá vem ela sobre
a região Sul
que tem o Mississipi
e o Golfo do México
sem cavalaria, desta vez.
uma tsunami turbo diesel.

A serra, a mata, as borboletas e o poço de água e ferro


Hoje, com Benhê, amigos

e outros cidadãos

subi a trilha até os ombros

da serra São José

Fui até o pescoço.

No caminho estreito, outras vezes aberto,

um pouco no aperto,

sempre de frente ao paredão monumental de rocha

tem-se a vista permanente, lá embaixo,

da pequena e bela Tiradentes

num chamego que só estando aqui se sente.

A trilha segue num desafio

íngrime e brando, alternadamente.

Haja pulmão, coração, joelhos e alma.

Não cheguei ao cume, à calçada dos escravos,

nem à cruz do Carteiro.

Muitos vinhos e cigarros, na história anônima.

Outros o fizeram, sem dúvida.

Me faltou pouco, aquele em que falta tudo.

E, por conseguinte, voltarei a não me faltar nada.

Estar sentada no colo de relva e capim, ali mesmo.

A primeira vez tem certa renitência.

Mas, onde quer que se chegue

está bem chegado.
Poço de água escura e limpa,
cheia de ferro,
pássaros, borboletas.

A paisagem tem suas árvores desenhadas

pelo vento

pela chuva

pelos relâmpagos

cipós de existências

entrelaçados feito abraços

mais o sofrimento

tocaia

sombras

assombros

escancarados

no cheiro

e suor do tempo.

Luta-se agora pelo Tombamento,

algo óbvio, mas intransigente.

Assim é.
fotos feitas por Marialice (maioria), eu e Eliseu Henrique