terça-feira, 7 de setembro de 2010

Algum dia, quem sabe, na maré dos náufragos em praia de sol , drinques e preguiça?...


Que onda me trazes?

A dos libertados

ou a dos libertadores?

Ambas vorazes

Em que cheia me presenteias

o tão só do teu

nó longínquo

passageiro e itinerante

de naus em que tu te volteias

teus ós

Netuno, Poseidon

Por que tratamos a infelicidade com tanto cuidado e carinho?


Talvez porque nascemos grudadinhos

e, por ser da família, damos atenção

comidinhas

água, bebidinhas

banho

levamos para passear

para trabalhar

para a escola

para o bar e para dormir

talvez porque seja de estimação

em nosso coração

mesmo quando nos chateamos e brigamos

perdoamos

sempre nossa companhia mais desagradável

não a descartamos

lado a lado

até quando, num descuido

nos alegramos

nos apaixonamos

nos desdobramos ao outro

ou à outra

e vemos que esse contato

magnífico, novo,

que nos arrebata

dura pouco

e lá estamos, novamente,

agarradinhos à ela,

a feliz infelicidade