sábado, 9 de janeiro de 2010

Por que adoro Ribeirão Preto (SP/BR) : desde 1979.


Fiz esta foto no início de dezembro de 2009
com efeito dos ultradimensionais
num final de tarde
aparentemente virulento
ainda assim agradável,
com teto celestial de tormenta,
fotografável,
quando já estava com um pé de pneu na estrada
e o outro , descalço, na sacada
apartamento
mormaço
40 graus
tornado
imprevisível
aqui tudo é possível
até
a região sul grifar a cidade
em efêmera tatuagem
lado esnobe
que esconde sonhos pobres
em alturas
medianas
abrigando
os descendentes
de duas e quatro patas
aqueles que
jogam lixo nas praças
garrafas, latinhas,
entopem bueiros com camisinhas e ampolas
somam-se ao desperdício do canteiro de obras
Agregam-se ao pelotão de frente:
faxineiros, porteiros, seguranças,
babás, motoboys, jardineiros,
deliveries, agregados,
personal trainers de dogs,
ao deus-dará pássaros e aves
desarrumados de seus próprios ninhos
a trolha humana, civilizada, suburbana, metropolitana,
finge matar,morrer, procriar, produzir
e deleita-se,
às vezes, entre a verdade e a ficção;
finque-se no timão do barco, Ribeirão
a maioria dos habitantes urbanos não é desse chão
um enxame
uma troupe de forasteiros,
recente,
com sua
prole parida em outros epicentros,
fugindo de metrópoles violentas,
e trazem rebentos demais,
a bordo,
chegam aqui porque
Ribeirão
continua
o fazendão
iluminado
Uma réstia moderna e próspera
do aquinhoado
e eles acreditam
que roubaram, perderam, ganharam
e querem ascender aos três quesitos
infames,
punidos ou impunemente,
a cidade-califórnia, se iludem,
de pernas abertas
o faz matreira e
comedidamente
Não se engane,
Ribeirão Preto faz sua cobrança
cegamente
de olhos abertos.