sexta-feira, 1 de maio de 2009

Desacertos aphrodizyakus (que eu adoro)

José Riviti

É penumbra
Não há assombro. Só espanto.
Gela uma lâmpada acesa
Num cômodo
Um violão –suas cordas vibram – ele solfeja
Aprende um tango. Ensina o inesperado.
O pingüin vigia a geladeira
A campainha está muda
A janela não olha lá fora
Emoldura as costas da alma
A sala de um só
Preenche tudo


À bordo de 1978


Estivemos num pequeno pedaço de mundo
Tortos, espertos, abertos,
Oriundos
Cacos de vidro
Lâminas de aço
Projéteis sem pontaria
Cacetetes, fumaça
Correria
No meio, o namoro, o flerte,
A vida a la carte
Traída pelo covarde.

Batismo pagão contemporâneo às margens poluídas de qualquer rio tanto dentro quanto fora


Na água
Sem sal
O fundo de lamaçal
A luz brilha como sol
De um toque espiritual
A fé liberal crê no sobrenatural
A crença só tem fé no material


Século XXI: Holocausto do Eu

Overdose de crueldade
porre de mínguas
à revelia
falas
línguas
sobriedade de inviés
retrós
virus
bactérias
sonsa a consciência
de tribos
ignaras
à mercê de misérias
ancestrais.
Se as conjugações
não retomarem
os trilhos,
tudo vai
às favas...

mustangs apaches


Sela e jeans
14:30h 03/06/007

Mãos no bolso, cós baixo,
O frio deixa o dia
Cinza
Armadilha na tarde
Jeans e camiseta
No circo do hipismo
- estou velha para isso –
Lá vai uns 27 anos
Em boa forma
Cabelos anelados, castanhos alourados
Olhar azul e triste
De volta à casa
Miro o infinito,
Um mito,
Sem saber que já estou lá.

Dorme em mim

Amo alguém assim
Doce de cobre
Meio alecrim
Vai no cavalo branco à galope
Que come capim
Amo alguém assim
Com alma de azevim....

06/12/2006 noite avessa (by me)


Estranhezas de mala e cuia

Ruivo ou ardente?
Pimenta ou aguardente?
Doce ou picante?


Será que foi depois de 06/06/2006 ou 26/06/2006?
Antes ?
Rapaz culto, inteligente, bonito, bem apessoado, olhos verdes, lábios carnudos, percorrido, com bagagem experiente e experimental, mente aberta, corpo fechado, musical, plasticidade de idéias,pensamento veloz, humor pontiagudo, alma liberta, espírito navegador, por onde andarás?
Foi pego por um descontrole remoto entre um espirro e outro? Talvez com os olhos fitos nos infinitos?
Quem sabe está amarrando, até, hoje, os quatrocentos mil e quarenta e quatro cadarços de sua coleção de coturnos....
Ou contando os botões de camisas lisas e xadrezes (quadriculadas...) frente ao toucador.
Acende uma vela , dá uma olhadinha no horóscopo, o chá no fogão, o cesto de roupa parece transbordar, cai uma revista, a partitura está de ponta cabeça, o cinzeiro cheio, a xícara suja, tem pó no tager, a correspondência fechada beira o lixo, o violão dorme encostado na parede e na porta de entrada um quadrinho avisa: mandei dizer que não estou.
BennnhhhêêÊ!!!! Há novidades na pretensiosa e descabelada via láctea. Acabo de inaugurar a Via Centaura.
Baccio e ciao.
Et vivre la Itália.

Ferpas de vidro

28/04/007
17:15h
É outono, parece inverno
Não o frio, a cor da tarde
Parece agosto, é abril
O vento dá arrepio
15 h parece 16
e assim vai

Caquinhos
Você, sóbria
Eu, happy hour
Você conferencia
Eu denuncio
Linguaruda
Língua de trapo
Agora que você está entrando em combustão
Eu, não....

De raspão
Dois dias antes
Aos pulos, sobressaltos,
Ares de debutantes
Soube que o centauro
Chegaria bem perto
Com seus cascos esbeltos
Crina flamejante
Setas em riste
Elegantes
Mas, lá estava eu
Ofegante
Aos cacos nos cascos
Foram dias e noites
Apavorantes...
30/04/007 – 20:45h

Menos famosos (fig. by Hivich)17/04/004 09:51




Outro assunto: um rapp para "anothers and anothers",frequentadores isquêmicos de botecos periféricos.

Título: Point Manés Ninguéns

Letra :
Andei, andei, tropecei,
Fingi que sarei
Sempre na contra-mão
Percorri vários Ninguéns
Hoje, eis-me aqui,
de montão
No Point Periferia
da cidade
Para quem,
da minha idade,
Quer se dar bem

Faço o que todos
da minha geração querem,
Uma esteira, sem eira nem beira,
Para emagrecer, inventar uma real,
Parecer alguém.

Azaro o meu passado
Acuado e estressado
Num canto sujo do banheiro
Até consigo intimidar
o acossado

Mudo o penteado
Modernizo os óculos
Troco a cor da blusa
Sou uma mentira dita cuja

Mas, eis o recado,
Não saio do babado,
Continuo atrasado
Não encaro a verdade

A alma continua suja.