domingo, 29 de março de 2009

Risos entrementes



Somam-se alguns anos
quem sabe
uma década
meses de esconderijos
subterfúgios
camuflagens
fantasias
com as quais
lido ao menosprezo
das simpatias
esconjuros
todas em alto-relevo
derrapando
na curva do ato
em nó
vai entrocamento
a sós
aborto da alma
sólida
sem eliós
meio cuspe
meio suor
cede ao mortal
por que é falso
o pé imortal?
Reles
vazios
visíveis.

Desague em desmonte


Um rio, um rio, um rio
uma montanha
um mar
Um rio, um rio, um rio
Uma montanha,

um mar
Um rio, um rio, um rio
uma montanha
um mar
Um rio é uma montanha?
Uma montanha é um mar?
Um mar é rio

Uma montanha...
um mar
Uma montanha

uma montanha

de rio e mar

sábado, 28 de março de 2009

grrrrrrr....miau....

Excesso de realidade
fantasias íntimas,
mínimas,
recesso.
A viagem com um sonho
concepção infantil,
animosidade,
relações ínfimas:
afinal,
que animal não aceito em mim
?

Bouquet



Prove do meu contentamento
A matéria-prima é de Diamantina
superior em seu processo artesanal
no ponto
uma amargo docinho
que logo no primeiro gole
arde pra dedéu
depois amacia
moe as entranhas da alma
caipira
enquanto destila
o carbono C
sem impurezas,
tão cintilante
que nos faz corar

quarta-feira, 25 de março de 2009

Gravura de cor



No fogão

de chão

- onde estala a lenha -

ardente é a chaleira dágua

que escalda

fumegante

o pó de café

em comunhão

com o mascavo

e a água fervente

Em pé

a mãe negra

feito doce com canela

com seu colo

alimenta


- de caneca na mão-

sorridente.

domingo, 22 de março de 2009

Mandíbulas infernais


Não bate mais meu céu
estilhaçou-se meu inferno
e agora piso em migalhas pontiagudas
com cuidado descuido
para não me ferir com suas agulhas
inúteis
assim é :
uma superfície sem fim
por onde andamos
na ponta dos pés
evitando tocar
encandescentes
fagulhas.