sábado, 29 de dezembro de 2012

Que chatice ler e ver tudo de novo

Overdose das barbaridades nos canais de TV
2012
aquele ano que não morreu, ainda
nem acabou e gestará mais um, 2013,
assim sucessivamente e, provavelmente, 
com suas próprias barbaridades reprisadas
Nem pensar que pensei em  mix de metas
pro ano que vem, tipo:
deixar de fumar
- emagrecer
deixar de beber
- emagrecer
deixar de comer
- emagrecer
deixar de dormir
- emagrecer
deixar de passear
- emagrecer
deixar de rir
- emagrecer
deixar de contestar
- emagrecer
deixar de ler
- emagrecer
deixar de estudar
- emagrecer
deixar de pensar
- emagrecer
deixar de recusar
- emagrecer
deixar de cheirar
- emagrecer
deixar de fingir
- emagrecer
deixar de ver
- emagrecer
deixar de sentir
- emagrecer
deixar de viver
- emagrecer
Deviam deixar de matar, morrer
e de nos encher!



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Todas as paixões, declaro-as declaradas


Já fui bebê chorona e criança às gargalhadas
Menina descalça pelas ruas, quintal e calçadas
Também vivi a adolescência menstruada
efusão de hormônios de complexidade simplificada
Estudante, colegial, os estágios do dar às costas às caras
Flertes, namoricos, mensagens cifradas
Quando encobrimos as descobertas não declaradas
Vacilamos, transpiramos, o coração bate às pernadas
Vergonha, medo, desejo, enganos, acertos, juras sonhadas
Faculdade, a liberdade, longe de casa, orgasmo às enxurradas
Paixões , todas, comidas, engolidas, mastigadas
o veneno, o ruim, às cotoveladas
Amores para sempre que não resistiram às madrugadas
lágrimas, decepção, solidão, tristezas intercambiadas
Atiçagem ao reboliço dos sentidos, brasas acendidas e apagadas
Quem não as vive ou viveu encorajadas?
Infelizes ou felizes, felizardas
Consumidas
Com prazo de validade e assim limitadas
Até hoje, revogam-se as disposições contrariadas
Sigo a alma que segue desacampada
e outras almas passeantes
Desencontradamente encontradas
Toda aquela gente que acredita que não se engana
já nasceu enganada


sábado, 8 de dezembro de 2012

"Puisque je doute, je pense; puisque je pense, j'existe"

Assim como Descartes , 
depois de uma longa vivência num mundo
insano, cheio de dor e caos
a conclusão:
chegamos ao fim 
da ilusão. 
Nunca fomos, de fato, realidade.
Eu somaria com: vivo, portanto, não duvido.
Somos mera reprodução
e mesmo nascidos
repetimos com mera evolução
nada de especial
erros
porque
errar é humano!
Então, erramos a torto e direito
Ninguém deveria ser punido.
Deveria ser corrigido.
E quem, errante por natureza
pode nos corrigir?
Somente o fim.

.



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Manjar!

Há anos não comia um.
Minha mãe fazia com a maestria de mãe.
Aliás, nada mirabolante em sua cozinha: tudo simples e saboroso.
Hoje, tudo rebuscado e neurótico!
Passam por maratonas de degustação e perícia,
como num laboratório de DNA,
como se o velho e bom fogão tivesse sido assassinado,
e o alimento exigisse novas e torturantes magias!
Num Planeta de fome, mestres se diplomam em iguarias!
O que isso significa?
A quinta essência dourada da porcaria!
Oh, chefs famosos,à la  Indiana Jones
saqueando 'arqueologicamente' tumbas secretas de segredos:
culinárias e o alimento dos deuses futuros: longevidade e inteligência!
Não vejo nenhum chef famoso poupando animais em abate descomunal.
Aliás, se deliciam com isso.
Iguarias sem igual.
Ervinhas, só para variar...
Vamos ao matadouro!
Aviso, nada à mesa, tudo in natura e da pior forma!
Há gente que gosta....

domingo, 2 de dezembro de 2012

Chuvas de dezembro em dezembro tropical

Dezembro é assim
um mês diferente
porque é dezembro
chove sempre,
 mas às vezes
À noite
de madrugada
à tarde do dia
A chuva de dezembro
é chuva de verdade,
não machuca
não estraga,
acontece,
porque é dezembro
e dezembro é dezembro
um mês especial
Anuncia o fechar de algo
o completar
o cheio
de ponta a ponta
vazio
o fim:
a simbiose
a metamorfose
dos meses
em doze
a dose
porque é dezembro
afinal
férias
Natal
Anuncia o final
do início
o início do final.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O que choca o mundo, previsão Maia

Nem pensar que somos nós e que isso vai vingar...
Deveria
Mas, chocar?
Não somos mais aves
Nem mais humanos
Apenas sem as penas, 
cansados de bracejar
imitar
copiar
tentar
estudar
as asas das quais nos perdemos...
inventamos motores
turbinas
foguetes
alimentamos com voracidade````````````````````````````````````````
inconscientes```````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````````` (?)
o impulso para os céus`
A Terra
nosso colo
nossa casa
nossa mãe
quanto desprezo por ela...
Porque nos vemos o quão horrorosos
nos tornamos no espelho
Ninguém quer se responsabilizar por espoliá-La
A Terra
como se fosse um útero vadio...
Então?
Sobrevivam ao caos!



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Somos a Casa de onde viemos

Moramos em nós a alma que habitamos
aqui e esquecemos
 nossa Casa mesmo está no sentir,
a construímos continuamente  pedra por pedra
tijolo por tijolo, tábua por tábua
mesmo que seja um cômodo ou dez ou mil
não há espaço para nós o suficiente
assim
afora nós
e novamente a queremos construir
por onde andamos
e ainda não nos satisfaz
queremos mais
às dezenas e às centenas
mais 
e
até não podermos mais
porque a vestimos  pedra,  tijolo,  tábua
e o fazemos em carne, a que odiamos,
nos incomoda a carne,
não a compreendemos,
as vísceras grudentas, pegajosas, macilentas
que cheiram a torcemos o nariz
não resiste ao tempo
que nos resiste:
fingimos gostar, admirar,
então
roubamos as flores, as ervas, as especiarias
porque nossa casa concreta inútil as inveja
belo verniz
imitamos uma natureza feliz
a que não possuímos
nos possui
Nossa Casa não pode ser edificada aqui
porque ela está dentro
em todo canto de nós
fora daqui



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O vir e o ir


Estou na estrada
a estrada  me leva
Eu levo a estrada
Nos seguimos
A estrada e eu
Eu e a estrada
Olho para trás
Ela olha para frente
Olho para frente
Ela olha para trás

                                                                                                                                                Nos olhamos lado a lado
simultaneamente
Ao redor
 Também a linha do horizonte
Lá longe
então
o atrás
vai sumindo
e lá na frente
vai ressurgindo
Como esvaziar um copo cheio
Ao vento
E descobrir que  vai
De novo
Se enchendo
Com o esvaziamento



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ainda um ínfimo cheiro perfumado de vida por aqui

Uma certa hora da noite
 os apartamentos escuros se enchem de luzes
brincam nos arredores aromas
de banho, perfumes, lanches
Hora de passear com os bichinhos de estimação
de falar com namoradas e namorados
de combinar com amigos a balada
talvez, os  mais reclusos  preparem 
um cardápio elaborado, 
junto à TV, o som, o livro
Não há uma rotina discrepante,
dissonante
É possível ouvir a água que sai da máquina de lavar,
o elevador, 
o abrir e fechar dos portões,
mesmo assim
permanece o perfume da vizinhança no ar
Café coado, omelete, carne de panela com batatas
cerveja, 
às vezes a maria joana
entra no ambiente e este
nada estridente nem repugnante
Guardam os carros, vão à academia ou simplesmente
dão voltas no quarteirão
Nem tudo está estragado
Nem tudo está perdido
Nem todos estão bichados
e doentes
Pode até que sim
quem sabe
Muitos escolhem estar à sós, 
de bem
Serão estatísticas algum dia?
Não deixam de estudar e de trabalhar
Falta algum drama?
Tragédia
Conflito...
Sei não





quinta-feira, 22 de novembro de 2012

meu telhado é um céu de beleléu

Se o quero ver
subo no banquinho, na pia e olho o horizonte
pela janela basculante da cozinha
ou vou ao jardim, subo no banco de madeira
piso na grama, canteiro, peço licença aos galhos e flores
tudo se vê na planície invertida celestina
posso caminhar até lá fora
mais paisagem ainda me espera
abro o portão
miro a serra
o quadrante de arredores
sossegada está a aurora
que me acompanha desde menina
a tarde
a noite
madrugada
feito piscapisca
de árvore natalina



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Mariana, Mariana

Seu nome é chama
não fique preocupada
a vida espana
a dor enganada
Mariana, Mariana
ouça a música
da manhã ensolarada
dorme, dorme
nos braços da lua
prateada
Escreva sua história
encantada


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vela acesa


Um pedacinho de noite
Acordada
Que abraça o sono desperto
lambe a madrugada
janela aberta
à brisa oeste
Quase fria do que choveu
no poente em brasa
adormecida
A sombra tardia
Se apaga
Como ligar a chave


terça-feira, 13 de novembro de 2012

O século XX fez muita gente adoecer sem saber

E elas estão vivas, medicadas
para o século XXI
Cheias de remédios e drogas
Vazias de sintomas
repletas de ressonâncias
eletromagnetizadas on line 
Atraem ,feito ímãs, a  espessa
energia negativa:
precisam de mais remédios e  mais drogas.
Outros, não, transitam pelo lixo
incólumes,
lucrativos,
até perderem os dentes
a casa
o carro
filhos e vergonha:
melhor os que perderam só os dentes...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Meu pai e o 02 de novembro

Hoje seria uma lembrança comemorada
mas, meu pai passa muito longe daqui
ele se foi numa data 
como essa
bem cedinho,
 mal havia amanhecido
 seu sofrimento expirou
exalado
mal sabia
 o meu começara
1973

domingo, 4 de novembro de 2012

sem infância, nossos jardins se tornaram canteiros de flores sinistros



Somos 
 fiapo de unha encravada e roída de pântanos
 cutícula esgarçada do mindinho montanhoso
fio ensebado de cabelo desprendido aleatoriamente pela planície
parcial digitall nas areias incandescentes
 nano gotícula do espirro viral no carrossel de nuvens
 lágrima sangrenta do riso estilhaçado das estações temporais
 caquinha que se desprende do nariz cósmico
 bituca do sol
 birita da lua
 chulé vulcânico
cecê oceânico
 óleo azedo dos eixos polares
 graxa escura das engrenagens tectônicas
caldeira marítima das entranhas em decomposição
maus humores em magma
azia vulcânica da Terra
tornado de células descartadas
 teia do sovaco florestal
onda da tsunami de desgostos

por que nos choram?
Choramos?
cada um
um a um
voltamos ao ponto de partida
sem saída
uns passaram de ano
outros, nem apelando
mas, todos com o boletim escolar humano devidamente assinado
colado em cuspe na própria testa
Reprovados!







sábado, 27 de outubro de 2012

E já estamos quase no ano que vem




Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O ponto de parada está lotado
Você pode não perceber
A barra da calça suja de barro
A fuligem nos ombros
um fio de cabelo pendurado
 resto de ano passado
Debruçado na vitrine
Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O guarda chuva amarrotado
 congelador com restos de comida
Muitas nuvens no céu da noite
Mira aquela estrela sem nome
Você pensa saber
o sentido da vida
Pratos e copos sujos sobre a pia
passa o dia, chega a tarde
a conta no banco vazia
e você só quer beber
Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O suor na roupa veste o ontem
A toalha desbotada no gancho do banheiro
toco de vela
a ressaca da sexta
o porre do sábado
o almoço de domingo
fantasia
O carro na revisão
A questão é que muitos nascerão
E muitos voarão
Mas, muitos nascerão para serem ultrapassados
Mesmo que já quase é o ano que vem
O futuro, sabe, parece
 lanterna guardada com pilhas velhas

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

haicai alhures


Alma, dormi
Cá e aqui
acordo ali, acolá

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Por trás das estrelas

Navegam em  pesado silêncio
 sonhos perdidos
amores frustrados
arrependimentos
corações partidos
bilhetes rasgados
ressentimentos
lágrimas escondidas
gritos abafados
verdades mentidas
pensamentos
intimidade ferida
confiança traída
sofrimentos
Por isso
é bom que peguem depressa
esse lixo.



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O labirinto secreto dos esconderijos descobertos


É feito de todas as línguas mortas
Aquelas que falam pelos cotovelos
Molhadas de chuva
Sem mofo e arejadas
De todas as letras
garrafais
De todas as cores
Que aparentemente nos cegam
Vestidas de sol
E nos fazem ver
Navegam  maltrapilhas
Engarrafadas
enferrujadas
Caladas
Boiando e
Assoviando
sílabas marejantes
Aos cochichos com o vento leste
Que olha a noite
Transpira no zumbido trovejante
das asas da vespa negra
Ao meio dia
Têm o feitio delicado  das pétalas
Lívidas e perfumadas
Ante o carrasco imaginário
Do sentido inevitável
Chorar e rir
Aos remos
Remar o barco
 
 
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ao entediante tédio inspirador

 a tarde lesma,
escorre ao devagar,
sob sua presa     
 
(a um arcanjo humano, literário e recente na Terra...)          

Nem um pio

Se você não disser
eu também não digo
assim  combinamos
um pacto
um juramento
'não vamos quebrar o encanto'
a noite que dorme lá fora
finge estar acordada
feito  TV ligada
diante do sofá vazio
espreita a sala
a lactea brilhante
 silenciosa
na meada cheia
somos o fio

 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A última humanidade, somos


Alguém já pensou nessa possibilidade?

Como quem se vê

Exausto

Diante de um beco sem saída

Muitos já sabem dessa verdade

aqueles que mais lutam

Para que a memória e o vínculo

Sejam a história recontada com devoção e respeito

Assim como o que era o antigo

O início do Futuro

O fim do humano

sábado, 8 de setembro de 2012

A oito mãos (I)

Comece com um sábado a celebrar
desses pegos aleatoriamente
Depois uma grande panela emprestada
 no fogão setentino
Adicione cebolas em rodelas finas
e que não faltem lâminas de alho transparentes
as tais  folhinhas de louro
salpicadas de alecrim
minúsculas e essenciais pedrinhas de sal
azeite de boa cepa oliveira
generosa
- quase uma oração ao vespertino -
pimenta do reino grosseira
e com muita saúde
espremidos nas mãos
limão siciliano
e laranja
enriqueça-os com gotas de um bom vinho tinto
Tudo sobre dois grossos pedaços de lombo
 tostados
ao devagar
que raptam o gosto sobre a chama intermitente
Batatas redondas e pequenas
semicozidas
ao aguardo
assim como tenros aspargos e
brócolis
um bouquet de aromas
perfuma os cômodos abertos e claros
desde as horas iniciais da manhã
Eu, Diego, Kele e Nelson
cada qual pilotando
em conjunto
concomitantemente
um sábado setembrino
ribeirãopretano
diferente
Ainda tem mais...
vale esperar o domingo
pois, sem esquecimento,
adicionei na receita
o famoso tamarindo...




 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ao U Inverso

De repente,

me vejo onde não sabia

estar também

Alguém me pinçou

nada sorrateiramente

de onde, posso dizer, sou

um ser em vôo

'senta a púa'

solidariamente

me topo de cara

na cara de quem

me escancarou bem

Agradeço

idem


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desfolha

uma chuva de ocasião
passa de raspão
no meio da noite
em nuvens
de agosto
diante
do céu de inverno
exposto
a contemplação
é encarar Lua e Vênus

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Chegou Mariana, hoje

Seja benvida ao Mundo, à Terra e à Vida

Seu berço é o Planeta

sua jornada o Universo



(ao Sundays -Mingo e família)

A nave estranha do estranho

Apenas um zumbido,

claro, preciso,

que parece mastigar a noite barulhenta,

enquanto a mente

se prepara

para mais uma insônia dormente.

Um som diferente,

espichado, sutil, persistente,

que pousa repentinamente

e, então, silencia.

Porque cala o pensamento.

Ali, ao soslaio da noite,

no amarrotado da cama,

a sensação de alguém lá fora,

estranha. E havia. Um brilho indefinido,

quase desnudo.

E quando, de repente,

tudo fica muito quieto,

o medo parece atear fogo incerto

na vigília seca.

Engatinhando pelo corredor escuro

até a vidraça da cozinha,

o olhar sorrateiro

vê a pequena nave na grama do jardim,

botando ovos violáceos

bem onde dobra o vento.

Então, com a voz sumida,

fingindo que não está,

deixou a gravata de seda italiana

pendurada na maçaneta da porta,

a cashemere inglesa no corrimão da escada,

o recado num bilhete: 'saí '.


(em 17/03/010)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Um ente querido nos acena do Infinito

Nossa existência humana é surpreendente



E trágica



Vivemos como se fôssemos únicos



O instinto nos empurra às cegas



e o pincelamos com matizes de falsa nobreza



Um ente querido se foi hoje



Praticamente jovem e sofrido



dor que o acompanhou por 15 anos



Diz um outro ser querido



que há sempre um lindo propósito



até mesmo na doença



Outro ser querido diz que a terra



silencia para absorver as estações



Quero crer que nossa passagem



serve, afinal, para despojarmo-nos



de tudo o que construimos



com um único propósito:



o de sermos antiUniverso





(in memorian de Denise Campana, pessoa que conheci com raridade)








terça-feira, 24 de julho de 2012

Imaginamos a vida e ela nem nos sonha

Não somos uma raça evoluída e nem especial

Tolos os que creem nisso

Simplesmente estamos aqui

E fazendo a maior bagunça

A vida, não. Segue impassível

ilesa, silenciosa, soberana

Até o que para tolos humanos é morte

para ela, é vida em todos os sentidos

e direções.

Nada perde

Nem sabe quem somos

apenas que estamos

A imaginamos bela, forte

Ela nem nos sonha

Está em tudo

Nós?

Não estamos com nada.

domingo, 22 de julho de 2012

Novos malditos contos de fada

...

Não era uma vez

Foram várias vezes...

Lá vinham eles

debruçados sobre o berço

babando

rosnando

dentes podres à mostra

um hálito fétido

e unhas feito punhais

Destilavam estórias de ninar

pesadelos

O mar bravio

o navio a pique

a noite tenebrosa

um céu de arrepiar

e trovejante

assoviava a tempestade

a tripulação destemida

alucinada

cantava:

rum, rum, rum

um trago de rum

e cortamos a cabeça de qualquer um...

Saque
pilhagem
piratas da alma ,
tesouros,

segredo,
armadilhas,

um X
na trilha de bobagens :
pedacinhos de miolo de cérebro

Lá vem a fada:

gritam os céus

enfim

foda-se!

Sombras à sombra

Às escuras

tateio a tua sombra

que

às claras

manuseias a minha

À luz

manuseio tua sombra

às escuras

tateias a minha

segunda-feira, 16 de julho de 2012

a noite e o vento de julho

Os dias têm sido assim
depois da neblina, clarezas
que correm em pequenas rajadas de vento
e se estendem na noite e madrugada
um repassar interno da estação
inverno-me ao sol
aqueço-me às estrelas
A portinhola do forro tremula
avisa
é ventania na casa silenciosa
O relógio na parede segue pontuando
delicado e intermitente
segundo a segundo
quase sem fim
Quase tudo dorme em vão
nem eu nem o vento nem a noite

sábado, 14 de julho de 2012

Aqui dentro tem uma luz lá fora

É da vidraça



que transparece



a viagem



do olhar



Entrópica



fenixiza-se na paisagem fresca e perfumada



transmuta-se nas cores vermelha, amarela, verde e lilás


levita em asas pássaras


espanando o algodão do silêncio




pois, a solidão às vezes




vem para fincar seu garfo




na matéria da noite maturada




outras vezes




a dissecar a anti matéria da manhã


Acende-se imantada





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vermelho, Amarelo, Verde: Pare, Olhe e Escute

São códigos que não salvam vidas, somente

Salvam a vida

Aquela, ali, que ninguém dá conta, nem paga 10%

Interna

Parece tolo imaginar que somos Vermelhos

E somos, por isso temos que seguir em Amarelo

Depois, passando no teste, ficamos Verdes.

Mas, nada disso vale se não pararmos, olharmos e escutarmos

para seguirmos Verdes.

Tão sutil, óbvio, subliminar

que nem pensamos mais

e isso é a charada

o xeque

o derradeiro

o beco com saída

sexta-feira, 11 de maio de 2012

À Mãe de todas as mães e seres

Sagrada Senhora
Generosa Mãe
Te ouço cantar
meu canto de ninar
'...É hora, É hora, É hora
criança...'
Te ouço entoar
meu sonho de viver
'...É hora, É hora, É hora
criança...'
Tua voz tão baixinho
me eleva à esperança
de em teu colo
renascer
Amorosa Mãe
deito minha cabeça cansada
em teu seio
e digo
emocionada:
Mãe, estou com saudade de Casa
Tua voz, tão serena ,
me acalma e canta:
'...É hora, É hora, É hora
criança...'
Sagrada Mãe
te busco crescida
me agarro ao teu manto
perdida
Teu sopro de vida
levanta meu ânimo
e
é tua linda voz querida:
'É hora, É hora, É hora
criança'

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ninguém quer ficar para trás no futuro

Principalmente os que  imaginam
erroneamente
que a vida continua lá na frente
E acelerar é a melhor maneira
de burlar o tempo
Que engano
O cérebro armazena o dano
Não há lá na frente
e nem lá atrás

sábado, 21 de abril de 2012

Na sua presença impensável - Redenção

'... um gosto imaginário de romã



cheiro pretendido de alecrim



a chama amarela da vela branca



acesa de fato



suave feito algodão doce



indicava a via



a seguir



por dentro



uma vespertina sensação



de aconchego



exalava o chegar



Saiu e voltou



nenhum milagre naquele dia



mas lá estava



sua alma



sã e salva



por enquanto..."






Na sua presença impensável - Suspense

'... Logo ao chegar

tudo parou

a hora

a folha

o ponteiro

o vento

o movimento

Silêncio

Incabíveis ali

o sonho

a ansiedade

o impasse

a necessidade

o arrependimento

De praxe

fez o cumprimento

aquela voz não era sua

soou como um aqui

qualquer

estava no momento

estranho

absorveu

o batismo da atemporalidade...'