quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ciao

Eu sei quando levo um fora
Afagam o meu ego
Como se fosse a minha testa
As palavras são as mais amenas
Tipo
Pagam a conta do bar.
Nem pisco.
Dizem:
"tranqüilo, eu te ligo.
Vou viajar."

carimbo psicossomático sem garantia de fábrica


De BODE...
(resposta que me ocorreu agora, nesse minuto etcsssssssssssssssssssssssss)

Bicho do mato
Bicho de pé
Bicho-cabeça
Bicho -grilo
Bicho no cio
De que casta viemos?
Em que classe caimos?
Bicho estranho
Bicho medroso
Bicho -preguiça
Cadê nosso ninho?
Cadê nossa toca?
Bicho de fogo
Bicho -da -seda
Bicho -das -frutas
Quem passeia no infinito?
Por que sonhamos com outras galáxias?
Saimos de casa
Caimos na real
Despencamos da janela
Remmember: ao invés de cair em si, caiu fora
O que sobrou de nós, senão o bicho-papão....?

Fábula do papagaio testamenteiro (início do começo...1)

1951 D.C

Havia no vale desencantado um jovem guerreiro que sonhava com o sucesso e a riqueza.
Mas, como todo jovem, não sabia que para consegui-los era necessário a bravura dos heróis e a sabedoria dos mestres.
Honradez e simplicidade em sua mais pura forma.

O belo jovem guerreiro havia nascido sob duas forças poderosas: a da abastança e a da abstinência.
Preferiu a primeira e rigorosamente seguiu-a à risca.
Seu mundo parecia inesgotável.
Não era.
Queria ser príncipe.
Não era.
Herdara um reinado pequeno e pobre.
Eram umas poucas alpargatas e muito ferro velho.
Sua missão era trabalhar e trabalhar cada vez mais.
Mas, um jovem guerreiro nasce para lutas gloriosas e não para estabular jegues, jumentos e burritos.
Isso era para subalternos.

O jovem guerreiro queria conquistar reinos, atrair fortunas.
Sabia que era preciso prover recursos para continuar sua escalada.
Mas não sabia como provê-los, pois não aprendera a abster-se.

Sabia apenas usar, pegar, usufruir, desfrutar.
Mas, sabia onde buscar o provento
E convenceu seu pequeno reino de que esse era o melhor caminho para o sucesso.
A riqueza viria por si.

E desenvolveu notável dom para camuflar a subtração de bens e valores alheios.

O jovem guerreiro apreciava a vida tranqüila e familiar, mas sem muita convicção.
Sua dedicação era o mundo.
Visitar outros reinados, deleitando-se com outras riquezas, ampliando seu círculo de amigos surrupiadores,
aprendendo com eles a arte de surrupiar montantes aqui e ali.
Honra e sabedoria não eram valores mensuráveis para esses saqueadores de templos e recursos naturais.
Apregoavam que a moral não trazia alimento à mesa, muito menos conforto e poder.
Repetiam ditatorialmente: “A moral é coisa de boiola, fracos, mulheres, indígenas, negros, pardos, cafuzos , mamelucos e sóbrios.’
Lema da bandeira da bandalheira: ‘todo mundo é subornável até que alguém prove o contrário e morra envenenado!!!!’

Reunia-se com os saqueadores e lambia suas feridas para ficar com as migalhas das riquezas a cada investida do bando.
E desenvolveu notável dom para burlar o sacrifício e a dura realidade.
Iludia-os como um mágico perante platéia ingênua. Muita teoria de reinos ideais.
Iludia-se com tanta naturalidade que seu reinado parecia real.
Seu dom parecia verdadeiro.

2006 D.C

Mas, plebeu, o jovem guerreiro envelheceu. O custo estava mais do que podia suportar.
E o povo de seu reino empobreceu.
Não sabia prover-se, pois a riqueza, segundo o antigo guerreiro, viria por si.
Não veio.
Mirando o infinito e vislumbrando um horizonte magérrimo, imediatamente percebeu que só haveria uma saída para a fome, o desespero e o trabalho: ocupar o derradeiro cargo de bobo na corte do Bufão

verbooral


Temorário
Templodor
Dialogozo
Berçotário
Namoramor

Luccia d. Troya

Águas morenas


(7/1973-restaurado em 2005 e 2009)

Assim é o Rio Pardo
Com suas águas pardas, novas, alvorada afora,
descendo o serrão
Solto, moreno
Beirando-se entre margens e pedras,
Revolto.

Esse Rio, parece, tudo sabe:
da terra ao lado direito,
a do outro lado,
espelho das manhãs,
guarda tudo no seu leito

Histórias vividas em murmúrios
Daquelas de confins
De matagais.
Muitas lá das Minas Gerais

É pardo como a tarde, feito de barro.
Águas que desabam em pedras,
estas ,em mágoas.
De quem bebeu na sua fonte,
quem caiu de cansaço,
Deu vida e morte,
sua correnteza fez embaraço.

De longe chamou poetas
Engenheiros, profetas, carpinteiros.

Escritores, gênios,

saiotes, fricotes, uniformes,
Tirou a sede, arrancou a fome, jogou na rede
Lambaris e bagres
Para o homem.

Esse Rio, antigo rio,
Vem lá dos montes, dos horizontes,
Um caminho de estio, à margem
Resvalando caudaloso sob pontes

sob asas, saias, saltos,

como desvencilha e encilha

uma sela em punho feminino,

dedos de rédea-

serpenteia felina,

silenciosamente.


Pardo, Rio dos mogiões paulistas e paragens
Às vezes em calma sossegada
Outro tanto em corredeira desatinada

Pardo, Rio, bonito,
rio bem posto
sempre bendito,
enchente ou calmaria,
verso, sangue,
esse Rio é fonte.

Ouça o carcará


Ao acordar hoje,

ali estavam as placas de assentimento.

Em cada esquina,

centenas de passagens tortas no trânsito, cedidas,

milhares de balas ardendo à esmo

vivas nos obtuários,

assim como as falas com erros contumazes,
com anônimo e indiscriminado itinerários,

de português -

na concordância, tudo certo, se é o sim.

Cabeças balançando-se afirmativamente,

feito vaquinhas de presépio,

menos o palavrão,

que não mais encontra freio,

em qualquer língua.

Ainda assim,

saem concordando com desentendimentos.

Milhões de sim,

assinando e assassinando embaixo

todo e qualquer ato feio,

que sangra a testa do boi,

que arranca as penas do frango,

que dilacera a garganta do porco,

abre as entranhas do peixe,

- ai, um frio de gelar conhecimentos

um degelo de infernizar florestas,

decepadas sem o menor obséquio.

Ora, tribos-bundão,

agora, eis aí:

estão acordando,

feito baratas ,

ratos,

percevejos,

pulgas,

piolhos,

carrapatos,

sanguessugas,

aedes aegyptii...

De quantos sim você ainda precisa para chegar ao não?...