quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quem não conhece o 'Bequim du Butiquim' ? Endereço itinerante, flutua entre as Ruas Jorge Tibiriça, Campos Salles e Sítio da d. Naila e o seo Luiz







Primeiro, um sorriso




depois o abre alas



aí, os mestres


que se fazem de garçom


e garçonete


espanam



a cadeira,



volteiam a toalha



como toureiros,




a mesa se prepara




alegre, colorida e limpinha



Chega a freguesia



faminta




com sede




vontade



alívio




cansada



para lá e para cá




à caça da legítima pilsen gelada




que põe gosto no cardápio




apropriado



com sabor criativo



variado



que leva cheiro




e tempero de cozinha





a todo vapor



levitando







em dilúvio de sabor


aos pratos


transparentes


Quem não aguenta


a fermenta


pede o vinho


suadinho de frio


no calor


safra surpreendente


Para outros


mais afoitos


um decano


cheio de malte e pedras


de gelo filtradas


Cozinha em tradição


em que a mãe


com certeza bota a mão


e tudo vai ao agrado


da clientela cada vez mais exigente


- isso é que dá ter parente....





























































domingo, 14 de fevereiro de 2010

fevereiros de reverencias à irreverencia carnavalesca


Saem dos armários e baus

personagens ridículas

caricaturas

segredos maquiados

máscaras

fetiches

almas penadas

uma dor de cotovelo bem guardada

cobras, sapos e lagartos

saem memórias desmazeladas

outras inusitadas

algumas descabeladas

mentiras

deslavadas

a falsa castidade

saem do esconderijo

paixões recolhidas

desejos embolorados

cacarecos

restos

sobras

retalhos desenganados

inicio, meio e fim

desencontrados

infancia perdida

a sombra e a luz

esperança renovada

histórias de amor e dor

cantadas com ironia

alegria

ousadia

maestria

por quatro dias

o bloco da redenção

despertada




sábado, 6 de fevereiro de 2010

avenida brasileira do samba, o maioral

Nem bem chega o carnaval




e tu já levanta poeira






tu é muito rueira





minha nega




não pode ouvir o batuque






e já sai no costumeiro




rebolado




e rebola




rebola


os pés bem afinados

com as cadeiras

tua fantasia

sai do cabide

na maior alegria

assanhadeira

no gogó o refrão decorado

na pedra, asfalto, areia






chinelinho, sandália, descalça




de toda maneira

requebra






requebra




na zoeira
o samba engraxa o molejo
refresca a moleira
faz brincar feito criança
teu suor caramelo
incendeia qualquer temporal














Fevereiro em dose dupla


Arco iris
no Bosque das Juritis

Senhora das Mercês, Tiradentes (MG)

Uma igreja de 1754 berço dos braços e mãos
negros, mulatos
escravos
e que hoje abriga
seus santos
com devotos e
devotados
aberta a tudo quanto é tipo de gente
até esta em perfeito ato
de devoção, ao contrário.
Acredite ou não.

Uma tarde qualquer de Verão



É Ribeirão Preto



terra roxa



canavial



Pinguin



Colorado



JP



USP


Lá está ela,


visível satélite


navegante


diria até


hipnotizante


em seu janeiro 2010



farol



em passeio



com itinerário

aberto ao sol


Me diga agora

se é dia

em azul




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bolhas de pedra

Frente a frente


com a 'lei' da mais valia


primeiro, o espanto


a taquicardia


depois, a dor


a azia


mais tarde, o odio


a desinteria


um grito de socorro


que ressoa em eco


desertor


da parvaria


cria bolsões
de porcaria


de miseria


tudo inunda


o bolor da covardia


o mormaço da apatia


com eles, um gesto


sem o cabo da faca


sem a bala na agulha


sem o voleio do chicote


apenas


unhas pintadas de mundos


ah, unhas imundas,
mas, quem observa?


lá vai o salto 15


todo capenga
desgovernado


pelos paralelepipedos


urbanos




terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

José e Alice, meu pai e minha mãe no início de 1973

Tão raros e tão comuns
Como julho e agosto
como arecas e bicos de papagaio
como Itália e Líbano
como 1915 e 1929
como São José do Rio Pardo e Itirapuã
como Brasil em São Paulo
como São Paulo no mundo
como Fagiolo e Felippe
como Giuliano e Badra
Como Naila e Willian
como Lúcia e Mirian
como Analice
como tabule e pão d'agua
como graxa e azeite
como coração e psique
como 1973 e 1976
como Evelise e Diego
José Domingos e Liliane
Ana Antonia e Luís Paulo
Alice Maria e João Francisco
como preto e branco
como sorrir e chorar
como viver e conviver no limiar
do oposto
ao avesso da morte
e sobreviver
ao sabor
do efemero
generosamente prolongado
como lembrar e não esquecer

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Era um jardim, virou praça, virou avenida, virou o que virou

E eis que nasceu um cacto


demoradamente
o vaso de cerâmica com bicos de papagaios
que adoram a estiagem
folhinhas de comigo ninguem pode
orquideas
um catavento que vai desbotando
alegremente
gira e gira
ao vento torto
enquanto as nuvens em desabamento
abotoam a cidade e suas ilhas
de aquaplagem humana
Veem à tona
rapidos e frescos
pingos
da chuva
Corpo boia vivo
ou morto