sexta-feira, 21 de agosto de 2009

camelôs de almas

... Numa tarde dessas
ao perambular
pelo centro da cidade
vi muitas almas penduradas
numa barraca de camelô:
rotas
sarjas
balançavam ali
pensas por um
reles prendedor de roupa
como enforcados.
Nem cabide
nem arara.

O preço?
Barato demais
Outros, como eu,
olhavam, olhavam
olhavam...
'que pechincha
mais sem atrativo'.
Em meio ao volteio,
o vendedor
levava a oferta no grito:
'de quebra,
o freguês leva a mãe do desgraçado'.
Um pouco mais adiante,
uma banca
de almas tenras,
como convém
ao paladar
das bestas terrenas.
Essas atraiam mais gente.
'Levem, levem,
duas por uma',
o mercante esgoelava,
irrevogavelmente.