segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Obras primas (nem irmãs, nem parentes , nem conhecidas e desconhecidas)

São aquelas que apreciamos
em silêncio e em êxtase
expressas
em telas
músicas
(palavras, cores, rabiscadas)
vemos cores
suas dores
algemadas
aos pincéis
anéis
libertadas
em flores
muitas vezes gritam
para quem prefere ouví-las
caladas
sons e tons
que se aumenta, 
diminui
se fora
Seu autor e autora
nem moram mais aqui
viveram seus dramas, suas inspirações,
anônimos 
regentes 
maestros da vida
momentânea
libertos
apenas em apegos
efêmeros
pela paz
Vá!
Siga
nem há datas
nem acento
no movimento
parado
se revolvendo
Vá!
Como faz o tempo,
embora,
levando
seu alimento
hora
ora!

domingo, 11 de janeiro de 2015

De que vestes se desnuda tua voz

Ouvi
Tantas vezes tua voz
Delicada e afinada
cantando
Como trovão e relâmpago
Como nas caixas de som Gradiente
Graves e agudos
Desde ave
Desde retirante
Desde peixe
Desde pedra
Como vento
Às vezes pluma
Às vezes onça
a espuma
Da maré da madrugada
Às vezes chão
Caminho cego
atento
Com pés e miçangas
Colares 
o ouro, os cristais
uma coruja
postada no galho escuro
brilhante
Xamã desmontada
Que Balança o tempo
Com o Perfume de alma
Que cala a noite
ao piar afinadíssimo
arrepiante
No abraço árido
Do Sertão que se ilumina
ao dedilhar as cordas 
violão
que anuncia o  dia 
ante a trama que se enrenda
Tecida, então
Espelhos moí
Que dissessem não
À face da qual
Durante anos
Me despí