quarta-feira, 3 de junho de 2009

dialeticotômico espiritual

ou estamos no apogeu de uma breve jornada
ou no longo perigeu de uma ínfima estada

imponderável subterfúgio de civilidade


a sola gasta
a gola rota
unha roída
dente quebrado
comida requentada
pão dormido
bainha desfeita
tanque vazio
pneu furado
hora atrasada
mala furada
camisa rasgada
pérola falsa
aliança penhorada
retrato poído
a grama alta
mato crescido
conta vencida
a gota, a gota
a gota, a gota,
a gota, a gota,
a gota, a gota
e não basta...

navegantes do amanhecer

barco, barco, barco
ao longo do remar
segue requebrando
o navegar
corta com seu prumo
de mestre
o mar

soleira junina


uma xícara de café
quente

sobre a pia da cozinha

vazia

no vaso, um botão de flor
oscilante

meio em pé

vigia a sala

sozinha

janela e porta, escancaram

abertas
o semblante

da paisagem

vizinha

é meia estação
a quatro graus

lua quase cheia
espia o venial

a vela pela metade

ilumina

o santo de devoção
suspenso no mastro
do arraial