quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ode à Landa

Terelelê ... Perequeté


Alma boa, saia de linho branco
Blusa de algodão, botões perolados
Cabelos difíceis, bem penteados
Um ente sorridente, lábios alegres e avermelhados
Entoando canções da terra.
Ancas fortes, volumosas
Seios fartos sob o decote.
Cheiro de mato, alfazema, cânfora.
Descascava mexerica morgote.
À mesa de passar roupa, gargalhadas na Rua Dr. Costa Machado, 387
O ferro fumegando alisava colchas de piquet, lençóis , camisa, calças
Blusas e toalhas, tudo bem arrumado sob o acento de vime .
Nos pés, arrastava uma sandália de couro surrado.
Cadeira pintada de verde, era o cabide.
Landa, uma negra reluzente,
Bem apessoada, que morava lá pelas casas amontoadas
Rente à linha Mogiana,
Que levava para lá e para cá trens de cargas , passageiros,
Testemunhas oculares de soleiras ,
Nelas dependuravam-se luzes amarelas,
Tremulando sobre ruas de poeira.
Rádio AM entoando melancolia e melodia,
Uma faixa suburbana,
Bem baixinho, no anoitecer cheio de ócio, devagarinho,
ouvindo o rio pardo cachoar ruidoso
sobre pedras e galhos traiçoeiros.
Landa, mãe de leite, mãe de planta e musgo,
Mãe debruçada na janela, o próprio sol poente.