Era da materialidade...pós-mortal... Chega de " in natura "... 24/01/2004


Agora, ante o portal de 2004, quando já arrancamos nossos membros inferiores de um 2003 sanguinolento, devemos admitir que aquele foi um ano de chegas e bastas, não? Chagas e bestas?

Mas, a priori (sorry, mano sir Will) vamos ver se melhorii...

Por que será que ninguém mais fala mais em apocalipse? Lembro-me de uma geração anterior à minha (nossa, vossa) que dançava do calipso ao chachacha... Ah, era a do Tom, o Jobim de Ipanema. Que só dançava o samba . Alguém já dançou bossa-nova? Quem sabe o rock 'an' roll? E de 1964 a 1980 , alguém dançou? Mudando de assunto, assim como Leda Nagle , gloriosa jornalista em atividade irônica e sutil, que aconselha a todos a não correr atrás do que se quer , mas na frente..., também levei 50 anos para entender o que é a não menos famosa "Era de Aquarius". Segundo os astrólogos, uma era leva em média uns 80 anos para chegar, implantar seus efeitos e dar passagem à outra. Então, a Era citada iniciou-se em 1960 , após a de Peixes, Ronald Reagan, Bush pai, FHC, João Gilberto Sampaio, Sarney, My Lai, presidentes militares do Brasil S/A Ltda. , pós- Fábios Jrs, Chitões, Esporões, big shoes, flags and bandanas , de quebra ainda um pacote vá via J. Quest, e deverá completar-se por volta de 2040...Até lá terei dobrado,amarrado e enfiado na gaveta da cômoda o cabo da boa esperança. Engraçado, porque eu olhava, olhava ,olhava o horizonte e não via nem fumaça da dita cuja ... que ela já estava levantando hábitos de freiras e padres , desvirginando castas postiços; falsos moralistas; profetas de esquina; templos de areia; gênios plagiados;frases-feitas; chavões;porões, bordões; borrões e burrões...

Mãaas, k estamus....( como diria, sem roteiro, dr, Spock)

Um janeiro a mais no percurso, célebre num ano bissexto, quase ao avesso do que passou ( assim espero), dizem que 2004 é tudo em dobro. Se minha memória melhorou ou continua ótima, não me lembro de ter começado um ano , após as chibatadas de outro , com um otimismo razoável e mirando portas abertas. Sem sofrer... as conseqüências (todas as reticências contidas nesta e em outras minhas mensagens- mazelas são em homenagem à Bibi). Voltando ao pós-parto 2004, tenho a leve impressão de que o bal masqué acabou. Está mais do que na hora de mostrarem as caras e fundilhos , acabou o disfarce, o jogo duplo, colocar a mesa para gregos e troianos e sair de fininho. Ninguém mais vai sair de fininho deste ou de qualquer outro século. Nem digo ( ou afirmo) que será o momento do expurgo e, sim, da materialidade. Se é que vocês me entendem, como diz Rivit, rememorando  literais em puro ácido, como Tennesse Williams. Não há mais desculpas para o amadorismo, a ingenuidade, a ignorância, o atraso. A omissão. O "in natura". E não há cadeiras cativas para a bondade. Nem para a imortalidade. Somos apenas pós-mortais, daqueles que enchem as soleiras de drusas, pimentas vermelhas, alhos e sal grosso, habitando o planeta, por via das dúvidas, em cujas soleiras balouçam sinos dos ventos com a mesma desenvoltura de uma carcaça seca e inerte de uma ex-lagartixa. Insistimos no código moral de conduta, herdado de nossos ancestrais, claro que com os devidos esmerilhamentos. E esta bússola está agregada aos nossos valores, como um leme biológico. Na lesma também. Assim espero. Porque estaremos anulando os pós-canibais de plantão, que se alimentam de milhares de seres humanos descartáveis, nascidos após ( e não pós...) as seqüelas da entrega das chaves da porta da frente...., liberando geral a geladeira, o sofá, a Tv e de quebra, internet, "in natura". Se é que vocês me entendem....

Lúcsia