sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A atmosfera em febre delira


Aqui o quente é frio




empoeirado




arde e atiça




o soprão do vento gelado




se esparrama pra todo lado




tem geada, não gemada




estou cavalgando no puro sangue




Ford




faço meu café encorpado




aromatizado




perfume de quê?


madeira verde




- pergunta o solerte em cafezes...




Minha casa me agasalha e sobra




eu, Gueguê e Florzinha Thenorenta


além da passarada

vivo dela, por ela.




Nem previsões na mídia




divãs




remedinhos


uns vinhos


ah, isso é aos deuses




e desperto




certa de que




não há diagonal,




horizontal,




vertical,




banal,




cervical,


umbelical


que me demovam do




meu astral atemporal
nem leio mais o termômetro zodiacal.

Quem veio junto

ou o quê


enganou-se

se não souber a senha

feita na panela cinzelada

de Pedra

em sortilégios de

Cracas

cactos
espinhos
mato
erva daninha
cacos
cascalho
o pio agoniado
o uivo
o apito do trem
o sino
martelando
em réquiem
ressoa também
no parabéns

todos capengas

agregados.


Nada na minha vida funciona


se não me disserem as palavras mágicas e verdadeiras:


'te amo, te amo, te amo'.


Pourquoi?


Very simple:


já ouvi de tudo.


Até Je t'aime pour toujours


Não suporto ouvir


feridas se abrindo


feito


palha seca



se as noites são tão


venosas no inverno


saltam sobre nossas cabeças e telhados



não suporto não ouvir



de repente


o cochichar do redemoinho de areia e pó



deslizando qual bailarina



em rodopio de calor



esturricado



faz-me um favor


apenas este



de soletrar baixinho


cada palavra do antiamor...