terça-feira, 30 de junho de 2009

meio da noite ribeirãopretano

Minha vigília
pontilha
um berço
delicado
cheio de pespontos
alinhavado
que levo
aos tragos
É a Cervejaria Colorado.

mon ami

Hoje, vesti a blusa e vi que estava do avesso
assim, como ontem, você relutava entre
um cachecol de seda ou cachá
escorregando os dedos pelo corrimão da escada
um bocejo educado
depois, um tchau solto languidamente
ao sono.
O abajour aceso
a toalha de banho sobre o sofá
a lâmpada do corredor queimada
Hannah Arendt na estante
Jorge Luis Borges na cômoda
Bob Dylan no Gradiente.
Na cozinha, engradado de cerveja
pasteiszinhos, ovo estalado, pão, chá
TV falando sozinha.
Noite em branco e preto.

globalização das tragédias humanas perversamente proporcional à frivolidade da raça

Uns passam ao largo
outros justamente
agora
alguns sequer se dão conta
tantos se ligam na hora
mais seguem tranquilamente
muitos carregam o fardo
n se dão ao trabalho
z estragam tudo
apenas um faz toda a diferença
eis a semelhança do acerto
o espelho trágico do erro:
imagem frívola da indiferença