quarta-feira, 25 de julho de 2012

Um ente querido nos acena do Infinito

Nossa existência humana é surpreendente



E trágica



Vivemos como se fôssemos únicos



O instinto nos empurra às cegas



e o pincelamos com matizes de falsa nobreza



Um ente querido se foi hoje



Praticamente jovem e sofrido



dor que o acompanhou por 15 anos



Diz um outro ser querido



que há sempre um lindo propósito



até mesmo na doença



Outro ser querido diz que a terra



silencia para absorver as estações



Quero crer que nossa passagem



serve, afinal, para despojarmo-nos



de tudo o que construimos



com um único propósito:



o de sermos antiUniverso





(in memorian de Denise Campana, pessoa que conheci com raridade)








terça-feira, 24 de julho de 2012

Imaginamos a vida e ela nem nos sonha

Não somos uma raça evoluída e nem especial

Tolos os que creem nisso

Simplesmente estamos aqui

E fazendo a maior bagunça

A vida, não. Segue impassível

ilesa, silenciosa, soberana

Até o que para tolos humanos é morte

para ela, é vida em todos os sentidos

e direções.

Nada perde

Nem sabe quem somos

apenas que estamos

A imaginamos bela, forte

Ela nem nos sonha

Está em tudo

Nós?

Não estamos com nada.

domingo, 22 de julho de 2012

Novos malditos contos de fada

...

Não era uma vez

Foram várias vezes...

Lá vinham eles

debruçados sobre o berço

babando

rosnando

dentes podres à mostra

um hálito fétido

e unhas feito punhais

Destilavam estórias de ninar

pesadelos

O mar bravio

o navio a pique

a noite tenebrosa

um céu de arrepiar

e trovejante

assoviava a tempestade

a tripulação destemida

alucinada

cantava:

rum, rum, rum

um trago de rum

e cortamos a cabeça de qualquer um...

Saque
pilhagem
piratas da alma ,
tesouros,

segredo,
armadilhas,

um X
na trilha de bobagens :
pedacinhos de miolo de cérebro

Lá vem a fada:

gritam os céus

enfim

foda-se!

Sombras à sombra

Às escuras

tateio a tua sombra

que

às claras

manuseias a minha

À luz

manuseio tua sombra

às escuras

tateias a minha

segunda-feira, 16 de julho de 2012

a noite e o vento de julho

Os dias têm sido assim
depois da neblina, clarezas
que correm em pequenas rajadas de vento
e se estendem na noite e madrugada
um repassar interno da estação
inverno-me ao sol
aqueço-me às estrelas
A portinhola do forro tremula
avisa
é ventania na casa silenciosa
O relógio na parede segue pontuando
delicado e intermitente
segundo a segundo
quase sem fim
Quase tudo dorme em vão
nem eu nem o vento nem a noite

sábado, 14 de julho de 2012

Aqui dentro tem uma luz lá fora

É da vidraça



que transparece



a viagem



do olhar



Entrópica



fenixiza-se na paisagem fresca e perfumada



transmuta-se nas cores vermelha, amarela, verde e lilás


levita em asas pássaras


espanando o algodão do silêncio




pois, a solidão às vezes




vem para fincar seu garfo




na matéria da noite maturada




outras vezes




a dissecar a anti matéria da manhã


Acende-se imantada





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vermelho, Amarelo, Verde: Pare, Olhe e Escute

São códigos que não salvam vidas, somente

Salvam a vida

Aquela, ali, que ninguém dá conta, nem paga 10%

Interna

Parece tolo imaginar que somos Vermelhos

E somos, por isso temos que seguir em Amarelo

Depois, passando no teste, ficamos Verdes.

Mas, nada disso vale se não pararmos, olharmos e escutarmos

para seguirmos Verdes.

Tão sutil, óbvio, subliminar

que nem pensamos mais

e isso é a charada

o xeque

o derradeiro

o beco com saída