segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palhas da severidade


Toda noite, molho plantas envasoadas

e o piso claro de duas pequenas sacadas

a bacia cheia de água dorme no quarto

enquanto o blade runner gira no ar

as estrelas da madrugada

Não há nuvens

em meu copo cheio de gelo

e muito sol casa afora

levantando poeira e desmaiando

pencas de flores, sementes, painas

Gaia não está nada satisfeita

com a nossa passagem de usuras e rapinagens

resolveu fechar as torneiras

severamente

Nos cansa em mormaço e secura

Derretendo-nos

Deve ser para vermos o que nos sobra

em falta

e de trás para frente
dessorando nossa essência vital