sábado, 28 de novembro de 2009

Penne à Marimbondos de Marialice

Receita simples
toda alternada de entremeios rápidos
que vão em sintonia com mãos
e ingredientes
muitos deles
no estalar de dedos
outros num piscar de olhos
e os demais
ao rufar dos tambores mentais
Na água de fervura do macarrão
adicione azeite orgânico e sal grosso
quantidades mínimas
Numa frigideira
à parte
reparta cebola cortada ao longo de suas entranhas
alho sem miolo
em lâminas
o mesmo azeite
vá lidando devagar
acrescente uvas passas
negras
castanhas do pará
quebradas
sem queimar
aspargos frescos
como gostar
deixe por abafar
em longos segundos
tampe e destampe
colher de pau
adicione vinho branco seco
rapidamente
o suficiente
umas partículas de louro
pimentas variadas e secas
como as da aroeira
roidas à mão
fiapos de dois queijos nobres
gorgonzola
holandês
com o penne ao dente
escorra seu líquido
reserve-o no mesmo
un peau
esparrame-o na frigideira
junto com tomates cerejas
desligue
e tampe.
abra um vinho tinto de sua preferência
bem seco e leve.
espere tudo amalgamar.
esbanje seu talento também
ao experimentar.
saboreie.
use seus truques
se os tiver.
nada perfeito
mas é de direito
o deleite
deste inventar...
respingue pimenta dedo de moça
chocolate amargo
ousar e babar...

O submundo aéreo do poeta,sem órgãos genitais, a não ser na mente ( e mente), catacumba sutil das asperezas do mundo em levitação...

Faz tempo que quero

lidar com este assunto sorumbático-

são enúmeros os abortos imaginários do pensamento lógico


(por causa, mesmo, dos tolinhos, aqueles que fazem xixi fora da privada e na cama, que acham que quem lida com o lixo é o lixeiro, que quem paga as contas é a mãe - em primeiro lugar - depois o pai, que ter filhos no planeta é uma condição natural da criatura e que todos adoram crianças dos outros e que os animais servem para ir para a panela ou churrascaria... e que celular é um bem de acesso irrestrito e onipresente)


vou para lá e para cá


ando de canto em canto

quadrado, redondo, oval, curvo

(desafinadamente)
e ainda não entendo

por que tanta gente

se sente pouco à vontade com poetas homens

poetas mulheres

os tais poesia e
poema in natura,
outros grosseiramente, como primatas,
vocalizam o beabá e outros dialetos recombinantes:

dizem, em todas as poucas letras, que somos um porre e tédio
e que apesar
da falta de rima de nossa existência atemporal,
nosso trabalho combina

e/ou não
Dá nó na cabeça
Dá dor de cabeça.
Argumentam (os bobinhos)

desde a tenra idade imbecil (que cresce no mesmo sentido):

o mundo tem coisas mais importantes :escola (que não frequentam e vandalizam), aprendizado (que não aprendem e desprezam), ginástica (que não praticam e lutam), vestibular (em que colam e querem passar a qualquer custo)
analfabetizado por ordem de matérias (não frequentam aulas e nada respeitam..),
execrando antecessores e autores consagrados,
artistas idolatrados ...
todos mortos em estantes públicas,
escolas oficiais e museus
Estalam estádios de esportes, praias, shows, bares e shoppings
para o swing capital de posses nada amealhadas,
são mesadas domésticas, ou seja, pagam para esses coiós se darem bem na lida...
Sem dúvida,
a preguiça mental do novo mundo leva ao
(dizem ser herança daquele troca-troca perene e pouco cristão de europeus e nativos sul-americanos)
ato de que pensar (dói...)
não lhes cabe
a não ser o copular

Uns não teem chão
outros, espaço
muitos nem sequer
se encontram sob seus luares
nem céus
cegam-se aos seus sóis
milhares os desprezam
pela singeleza da agonia
centenas os abominam
por serem entranhas sem sinfonia
que
estancam sangue
em plena sangria


são o cadafalso da alegria


dormem no colo rarefeito


da teoria


sufocam o dia a dia


nem sequer se dão conta


na maresia


dos poentes


dormentes que encenam


a vida vazia


em pretensa calmaria


Não leem a tempestade


da heresia


cobrem-se de adornos


e trapos


para proteger-se de sua


água fria


calam a fome


com a iguaria da palavra


semântica


dialética


nos termos que só de lê-la


se estrupia


e curam as feridas da loucura


apenas com poesia


Mas, é de dentro que se olha


e isso


a normalidade em curso


alheia às anomalias


prefere pular de cabeça


na súbita ascenção


do que mais a ela


abismia....
A porcaria dos que se dizem
aleutas do conhecimento
capsulam mentes jovens ou em conflito
e com os obladis obladás
seguem o rock 'an 'roll
back off!
sacou?