sexta-feira, 31 de julho de 2009

A capa mágica do terror que não esconde as próprias vísceras

A pós-humanidade

reproduz-se

anestesiada
em
neo-zumbis

Corre sossegada

e alucinantemente

acalmada
pelo prologamento
inequívoco
de pedrigrees
aleitados
com fármacos
e outros
à 'gris'
Seu destino enfeita lambris
no prumo:
office

academia

balada

delivery

check-up

férias remuneradas

empresa

indústria

camelô

pirataria

evento

congresso

pesquisa

shopping

consumo.

O zoológico humano

com franquia globalizada

abriu as jaulas.

Crê que,
finalmente,
farejou seu rumo.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Esquivo ser em paralela

Leva-se uma sangria

até onde?

Acolho-a numa bacia
de almas
com água e sabão?
Estanco-a com azia
de desinfetante
e pano de chão?
Guardo-a para um dia
jogá-la
numa panela de pressão?
Ou abro as janelas
e faço jejum
de chorumelas?

faro de ouvido



Não é arredia
a luz da flor
que arrepia
com a magia
do seu odor

Nem é fria
a brisa
que assovia
no desenho
com lápis de cor

Toda magia
De tocar,
Cheirar,
Ter sabor,
Vem do sentir
A vida
Que se recria

quarta-feira, 29 de julho de 2009

nem a pau de mingau

Não, não confesso
nada
nadinha
porra nenhuma
pode me torturar
me fazer de estrume
poço
fosso
merdinha
Não, não confesso
que menti,
trai,
subtrai,
somei,
multipliquei,
numa geometria
ao avesso
Não, não confesso
que subverti,
contrai,
espalhei,
retrai,
encolhi
e semeei
a praga do meu desejo
Não, não confesso
que estou nessa
há anos
décadas
cada ínfimo
aniversário
bodas
graduação
descontração
e contramão
Não, não confesso
voraz,
incapaz,
sob pressão,
injeção
que não deixei para trás
Não, não confesso
de jeito nenhum
nem anonimamente
deslavada e
claramente
depravada
que amo
o amor que
sem princípio
desde o início
te amei
em cada ferida,
querida,
a menstruação
de alma
espremida
em tesão
atiçada.
Não vem, não.
Não confesso nada.
Observação: por favor, não espalhe minha vida por aí como se fosse milho pros bicos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Simplesmente, em casa, sem curto circuito intelectual

Uma antiga sensação
veio brindar comigo,
hoje
O motivo?
Estar, finalmente,
em casa, por inteiro,
algo que experimento
sem quotidianos medianeiros.
Terei visitas reais de volta,
de repente, com precipícios e
vertentes,
nos olhos de quem não me desmente.
Ah, moradoras renitentes.
Foi quando fiz
um prato corriqueiro
- parece 'oração' -
dessas
que se faz aleatoriamente
todo dia
- Ave Maria -
sem se dar conta
e pronto, está feito
então.
Fui pro fogão
e desatei um
delicioso
arroz com feijão
Mas, uma ação rotineiramente,
só que das mais belas
algo que já desejava
e
de li ca da men te
Há tempo não ouço mais este advérbio.
Nada incomum,
se eu não incorporasse
um molho repentino
e contrito de tomate
cenourinhas fatiadas
bem fininhas,
gengibre,
sutilmente,
pulverizado com açafrão da terra
para o arroz corar
gentilmente.
Claro, cebola em lâminas
transparentes,
alho, pérolas de sal grosso
tudo pego
num azeite de origem
decente.
Sério
e convincente.
O feijão só deitou
na água já fervente
com todos os louros:
de outros ingredientes,
sabiamente
ensinados
por mãe bem indulgente...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Brodo rasteiro

Hoje fiz um cata na geladeira
Pensei num brodo bem
à minha brasileira:
batatas, cenouras, gilós,
quiabos,
cheiro verde,
cebola, alho.
Tudo está na imaginação,
o sal em pedrinhas
a salsinha
a pimenteira vermelha.
Antes, não reclame,
vai o vinho tinto,
o pão dormido,
o azeite extra virgem.
Dá um caldo
interessante
se acrescentar a clara e a gema
levemente
ao cozido.
Experimente.

escotilha de marés aladas

Me alimento de ventos
que sopram
um perfume de terra
e grama molhadas
também respiro ventos
de brisa que trazem
o cheiro de capim seco
aquele barulhinho de palha
espalmada
Em especial
ventos de ventania
arrepiada
que passa assoviando
feito alma penada
Saboreio o sopro surpreendente
repentino e morno
quando a atmosfera
parece sofregar
um suspiro quente
Mastigo o ar
parado
que escorre
sem se mexer
pela garganta da gente
paralisado
só por um instante
dormente.

Seleção Masculina de Vôlei - BR

Sem habituais clichês
desses carimbados
em qualquer fim de linha
sobre os products made in Brasil
de toda espécie
não há nada mais inusitado
do que a atuação impecável
da Seleção de Vôlei
masculina
que vem colecionando títulos
importantes
Um balé irrepreensível
de gigantes
sem bola
nos pés...

domingo, 26 de julho de 2009

Abro meus poros

Existe um narrador de futebol
um horror
que narra aos berros
gols
Me enche de nojo
o tal do C. Machado
Globo
Cruzes!
Melhor é abaixar o som
ver com o coração.

sábado, 25 de julho de 2009

Bill James Murray

Sei lá,
toda vez que vejo a cara
de Bill Murray num filme,
começo a rir
Não que ele seja engraçado,
ele é,
mas me vejo naquilo que ele leva às telas.
Me olho vivida.
Viva.
Será por que ele contracenou com as belas feras?
Partidas.
Será por que ele me fascinou
como eu,
sozinha?
Ah, matei.
Fico com esta.
Fã.

Daybreak of loneliness or on a small farm (30/05/1979)

I want the ground
the beated soil
pounded by swallewed vodca
deaf ears of sound
Silence of the night
cold gate
daybreak with whip fashion
comes to solve the thick
calm so bright
The morning brings
poor poetries
and they are so proud
the people who visit us
without truth
and fill us up with longing
those ones who do not
arrive till us
Lord, what can I do?
Hopelessly, I'm listening for
your footsteps
looking for a meaning
I'm able to be seen
on the crossing of the roads
Can't you see me, yet?
Now, I weigh a net.
(Tuesday, june, 05, me and mr Riviti.J, Cásper Líbero, São Paulo, SP)

baú de revirados

Encontrei um achado
perdido
do meu olhado
desde o finado
2002
às 15h25m,
numa reta que desliza
esquiva.
Poderia naufragar assim
mas, conto
...Foi uma vez:
quando ela passar
acenda as luzes
se for noite,
apague o brilho do olhar,
tire o pó da luz
do abajur
ou do luar
Abra a torneiras do jardim
Sem pensar
pense em mim.
Quando ela passar, diga:
oi, como vai?
Remova ervas daninhas
Ora, alegre-se
varra o asfalto e se recorde de mim.
Quando ela passar,
deixe que eu sinta
a dor e chore
embriagadamente
meu porre
mas, me perdoe,
nem tive
a chance ,
aviso ao condutor
recuse o cobertor
de lã da compostura
se lá fora
aumenta 40 graus.
Quando ela passar,
ligue FM,
acenda a fogueira,
o cigarro,
gele a cerveja,
faça churrasco
e depois
me diga o que fazer
de mim.
Senão, sele o cavalo
porque, assim,
sim,
para sempre
estarei a fim...
Quando ela passar,
peço,
só não passe por mim.
Tô no meu cavalo
emburrado

patrimônio materno decorativo

Estou aqui nas baixelas de prata
com todas as minhas baixesas,
polindo-as,
com aquele afã dos músculos sedentários,
mas repito-me,
deixe-me jogada entre copos e culpas,
muito feliz para me chatear comigo mesma ao sugo.
Confesso, sabotei meu mal,
inclui-me sorrateiramente na ong do bem (longe...).
Luccia d. Troya

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sem fazer barulho

Queria saber como
acordar seu sono
devagarinho
Queria saber quando
desabotoar seu sonho
de mansinho
Queria saber onde
encontrar
seu coração baixinho
Queria saber por que
você vive de fininho
Queria saber o que
fez você gozar
rapidinho...

Às sextas, rezadeira pra brabeira se soltá...

Semana de sextas-feiras
como são dádivas espreguiçadeiras!
Me converto ao pagão das bobageiras
à esbórnia regada às tranqueiras
como fiéis companheiras
matusquelas, matusaléns,
velhas sombreiras
que sopram as teias
da solidão em minhas olheiras.
Luzes apagadas carinheiras
Faço o solo aceso da cegueira.

Papagaio bico de alicate

Nas ruas, estradas: dirija com responsabilidade. Tenha cuidado.
Respeite o trânsito. Além de coiós como você, há crianças e animais
Você já foi ou é um ou outro
Ou os dois.

Vou aproveitar que ninguém está olhando (nem eu) para ver melhor

Bebo um gole de café orgânico
fuço na gaveta de dobrados
cheiro a palmilha dos calçados
alinho os retratos na parede
dou corda no relógio de '70
leio remetentes das cartas
vasculho os bolsos de calças
folheio páginas de livros
conto as moedas na gaveta
cheiro as roupas no armário
abro a geladeira
experimento a sobra de comida
tomo uma taça de vinho tinto
(chileno)
acendo o cigarro Hilton
jogo as cinzas na pia da cozinha
abraço o travesseiro
leio o salmo assinalado
outra taça de vinho
mais um cigarro
ligo o ventilador de teto
(à la Blade Runner)
acendo o abajur
olho o São Francisco
(de Assis)
assisto Leda Nagle
tiro o notebook do descanso
(Toshiba) pé de boi
penso: vou pedir uma pizza
e se o telefone tocar
atenderei
e direi:
não estou.
E se for você
perguntarei:
onde estou?
Rabiscarei uns anotados de
cabeceira
para lembrar depois
ê vida encaracolada!
apanho o chuvisqueiro com a mão.

Sem resistência e eletrodos

Por alguns 'séculos'
o remédio era
injeção de água na veia
eletrochoque
saco plástico
Eis que ela
se vingou
por todos os comas
que experimentamos
a sangue frio
induzidos, institucionais.
Tentaram nos afogar
na seca.
O que vem à tona?

A notícia ganha vitrine sensorial de lamber também com os olhos


Um dos mais dialéticos dos prazeres

para um jornalista nos seus reais afazeres

é dizer com todas as letras os dizeres

do fato, da notícia, cheios de haveres.

É cumprir determinados deveres

muitas vezes, surreais,

como um sonar instigando reporteres

à imparcialidade dos escreveres.

Entre mil outros tereteteres.

Maior a satisfação nos ateres

é ter na imagem dos veres

algo muito mais nos sensores

da matéria

cheiros, sons, orações, denúncias

tato, reverberando por uma

sala-vitrine que, de fato,

dá à profissão a equação

de desempenhá-la ao mastigar

dos olhares.

(ilustro aqui com mais uma criação de W. Fagiolo:

um projeto para um estúdio de TV em Ribeirão Preto-SP)


quinta-feira, 23 de julho de 2009

ora, bolas Platão

Mentir

jamais

se for capaz

de desmentir

Mentir,

nem uma vez mais

repetir

Recomece

desde o dia atrás.

Não diz

que é o xis

que a raiz

é o triz

Faz

por pedir

recomeça

sem pressa

a esperteza

expressa

de ser feliz

infeliz...

Tolices embrulhadas bombom. Acredite, adoro chocolate amargo, mas... o meu tom é me saldar com meu fardo.

Que tédio
dizeres que és:
diferente
carente
absorvente
de repente
incoerente
itinerante
errante
repetente
ignorante
pedante
inconsequente
aparente
intransigente
inocente.....
Lavo as mãos com gel.

grãos de saudade numa praia brasileira de mar doce


Não há no português

que aprendi

pedaços e plural de saudade.

Nem de ciúme.

Muito menos para honestidade.

Só que hoje, revejo

e pelejo

ouvindo a obra

musical e existencial

de

Dorival Caymmi

aquele vozeirão baiano

ressonante

calmante natural

sem efeito colateral

que colocou balangandãs

em Carmen Miranda,

quando ela não tinha

nada de baiana

e nem ninguém:

me mordo de peculiaridades

que só a Bahia de Todos os Santos

tem.
Menininha também.

Me abano

e me acorrento no bem

das fitinhas

do Senhor do Bonfim.

vadia, gente 'arredia' que lucra com a hipocrisia

Tu arrepias

porque és a própria

rebeldia

da

revelia
de menos valia
fatia
com a maior cotação
do dia

constelações 3 x 4

Algo novo nos desperta
a cada século vivido
no universo contido
e expandido,
sob a graça do ressurgido,
continuamente,
ainda que pareça antigo.
Muitas vezes,
esse é o perigo:
podemos sucumbir
a este nosso sonho,
alardeá-lo tão
contundentemente
que o vemos
uma partilha
com o coletivo
- aquele que não sonha
mas surrupia
o que está pronto,
e de bom tamanho.
Dizia, regurgitando
literal e espiritualmente
seus mestres,
nos anos 70,
Riviti J.: se é que você me entende...
Minhas galáxias são 3x4
porque a minha ultradimensão
não as enquadra,
então,
me socorro a um recurso íntimo,
que captura zilhões
de percepções
e as compacta.
Acredito
piamente
que
finalmente
o meu amor
está
comigo.
Por um abraço apertado
alucinado
apaziguado
pelo caminho
ancestral
percorrido,
ungido por todos os abraços
revividos
de outros seres
benzidos
que nos alçaram
para bem longe
de nossos vulneráveis
umbigos.

o balé dos bordados de concreto tecidos pelo pugilista intelectual

Polis et Urbis
ingredientes
de um desenho
e seus traços sutis
em refinada tradução
emerge da arquitetura
que perfila contrastes
entrelaça espaços
do sim e do não
A mente habilidosa
de um artífice
que se utiliza das frestas
do tempo
em encaixes mais que perfeitos
entre o imutável e o mutante
um peregrino rarefeito
amalgamando
com desenvoltura
a massa humana
e sua natureza insana
às reflexões divinas.
(para o meu irmão Willian)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Feitios baldios urbanos

Demorei para encantar um simples jardim
Nada especial, mas fagulhas de mim
para tudo quanto é canto
ínfimas parcelas semeadas
contribuidas
cooperadas
partilhas de desajeito
das quais
é bom tirar proveito
bom
jeca urbana
me sinto
repatriada a mim mesma
cumprindo a tarefa de alegrar
o drama.
Simples demais quando o canto
é de cor e salteado
Salvo engano
dou balão
nos desatinos
os quais tempero
com hermanos....

fins de mundo 'mundii'


me responda

com toda boa

ou má vontade

coçando o dedão do pé

a cabeça

bocejando

limpando as unhas

os dentes

mentindo a idade.

à toa

olhando sem ver

a janela

o namorado

a mulher

por favor,

se der,

como é viver num desses

finais de mapa distante?

aquela luzinha no breu,

um pisca-pisca do nada

saltitante?


ausência esparramada

Ao dormir no teu vazio
não adormeço
nem sonho
à noite às escuras
é frio
o passear pelos cômodos

terça-feira, 21 de julho de 2009

Mãos de água


Não vejo como me salvar

se não me estenderem

uma bóia de mãos de água

quando me perder no mar

Ao me encontrarem na onda

sereia

que me levem pra areia

numa bolha de ar

marinheira

heróis da água firme

O sagrado cerimonial da enganação secular goela abaixo.Estranhezas à parte, me banho em veredas.

Não preciso de um lugar só meu

o mundo é suficiente

aliás, ultimamente,

não cabe em mim

assim, um mundo sem fundo,

escarrado, nem frito, nem ensopado,

o menu já vem ensaboado

com um amontoado

de escremento vegetativo-animal

embalado.

Sorver o cardápio planetário

atual

me parece um ato

desatento, na verdade,

desculturalizado,

por quem frequenta

a estrebaria social

e se veste como quem

se abotoa de emaranhados

chinfrins

- credita no irreal

um virtual

Santo Graal

- adereços de encenação vazia -

fashion, sim, até inusitados,

só em aparências inventadas,

aquelas alegorias grifadas

- mostram muito o lado de fora

e nada por dentro -

plastificadas.

Poucos lêem

estão em carona constante

de Tvs e celulares.

A existência me interessa

assim como a sua textura.

Vez ou outra, encontro, surpreendemente,

alguém que pensa

intuitivamente.

Uma rara riqueza, ímpar,

que também se serve à mesa.

Aliás, alimentar-se, corriqueiramente

exige destreza, habilidade,

peregrinação e um leve toque de juizo,

acréscimos de encantamento

e sedução.

São sinais característicos

da pessoa devotada

ao sentimento.

Aqui, conheci a filosofia

da encarnação.

Por ora,

lamento

o habitar desse mundo

tão ausente

de despreendimento

e perdão.

E tenho razão em execrar

todo aquele,

jovem ou não,

para quem

cuidar da própria vida

tornou-se uma responsabilidade

a terceirizar.
























Pirambeirices on the road sem mau-olhado, Marialice e Gueguê.

Leve uma sacola na bagagem
cheia de história
com destino certo na viagem pedageira:
à beira da estrada
de sorriso morno
encontra-se quase de tudo,
café acordado
pão de queijo saído do forno
recheado
valentia
rabo abanado
luz do dia
água fria
ousadia
em dobro a retórica,
paisagem de beira
iguaria.
O menu refaz a distanceira.
De lambugem vai no Jeep
lanterna caseira
luz de velas madrugadeira
podão de touceira
chave de fenda
atiradeira
estepe
gênio moleque
avesso à pasmaceira,
que dorme na quina
da sonhadeira.
Sorrateira
é a desbravadeira.
Em casa,
fica a rezadeira.
Pego rabeira na:
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes.
Cecília Meireles

segunda-feira, 20 de julho de 2009

bombax ceiba 木棉 Βόμβαξ ο μαλαβαρικός இலவு สุพรรณิการ์ गजरा


Paineira de flores vermelhas
árvore com espinhos
desses de não esquecer,
só quer dizer: não me encoste.
Flores desse algodoeiro do mato
com berço indiano
saltam aos contrastes
em espaços urbanos.

sábado, 18 de julho de 2009

Vitrais dos Templos


  1. Solenes

    inconfortáveis

    impassíveis

    Perenes

    inconsoláveis

    irrepreensíveis

    Reluzentes

    inconfessáveis

    indescritíveis

    Transparentes

    insofismáveis

    irredutíveis

    Enlouquentes

    indecifráveis

    melodíveis

    Quando ouvirdes

    ouçam: inaudíveis










sexta-feira, 17 de julho de 2009

Lua, tua luz de prata escancara a Terra em pele e osso


Aqui jaz o 'planeta azul'

Éramos uma família

ao redor da mesa farta

descalços pelo quintal

cheio de árvores, horta e frutas.

Dava para ver os peixes

nos riachos transbordantes

Brincávamos nas ruas

a escola, de giz e lousa,

diplomava pela assiduidade

e estudo.

Quem não passava, ficava.

Repetia o ano.

Os livros despencavam das estantes.

Doença era rara

velhice um dom

dinheiro o suficiente

com trabalho no duro.

A cidade comungava

na missa aos domingos.

Sermão?

Só o do padre,

ainda assim,

a turma bocejava.

Nem tufão, nem furacão

Nem barbaridade.

Existia, sim,

como também o ideal

e o sonho.

Coisa ruim era do chucro,

do analfabeto,

daquele que não sabia

e não aprendia a lição.

Existia vergonha na cara.

A ousadia era de quem

ia mais que podia,

além.

Que pena.

Aqui jazemos.

Quem chorará por nós?












vá às favas


Feijão fava

rajado

de branco e vermelho

uns falam de lima,

pego e 'cascado' no sítio

rio-pardense,

uma noite de molho

- dobra de tamanho

No dia seguinte,

o cozimento na água

com louro

A espera se faz com

Saint Lambert

extra brut

uns dizem vinho espumoso,

porque tem mais

Para combinar

mingau de fubá ,

giló, quiabo

molengos, macios

verdolengos,

um menu de achados

mineiros,

que leva gengibre, cebola e alho

Arroz cateto, integral

tudo ao molho especial

da linguiça de Dumont

bem cozida

desmanchando-se

na frigideira de teflon

com baba de azeite

e pimenta dedo de moça.

Sempre pouco sal.

Combina, sim,

enfim,

se você faz da roça

um manjar de

atiçar a boca espiritual.