domingo, 3 de maio de 2009

De minimis non curat lex 13/07/004 16h

Carus petrus e petras ...

Não ficarão nenhum sobre e sob o outro.

Assim deveríamos estar na vida.
Mas, o ser humano desaprendeu a andar lado a lado.

Uns escondem a ignorância e falta de educação com dinheiro; outros, com poder.
Alguns se revelam através de uma falsa identidade; outros, são traídos pela verdadeira.

E antes de enveredarmos por aqueles túneis sem fim, como os da cidade histórica de Salvador (BA), que unem o Convento de São Francisco ao Convento da Lapa, de soror Joana Angélica, ao forte de Monte Serrat, ao forte de São Marcelo, ao Pelourinho , por quilômetros e quilômetros afora e adentro, é admirável que ainda algum ser humano suporte o outro. Mas, na Bahia, tudo parece possível.

Defesas que se construíam por séculos na esperança de que estariam à salvo de épocas cada vez mais insanas.

A intolerância, arrogância, intransigência, ignorância e loucura não são prerrogativas de um grupo de pessoas, grifadas nas cartilhas religiosas do século X ou na cartilha do capitalismo voraz do século XX. Não foram mortas no ninho, cresceram e se multiplicaram. E aí estão elas. Da classe média alta, em Brasília, assando índios, cafusos e mamelucos; dos traficantes, nos morros e nas favelas no Rio, sustentados pelo vício da casta e dos executivos; nos garimpos em RO, saqueando à exaustão sob encomenda de milionários europeus; nas tribos e nos quartéis da Amazônia, com estupros e escravidão, a mando dos coronéis; na orla do nordeste, crianças vendidas como bijuterias a "gringos" ; nos sertões de Pernambuco e Piauí, posseiros e grileiros a mando solto dos pecuaristas eliminando a reforma agrária; nas fronteiras com países leste/sul-latinos, portais de drogas e armas; nas tradições nazistas das colônias no Sul, confinando gado e gente em rituais folclóricos de mutilação ; e na história genética de cada um de nós, diga-se de passagem.
Por todos esses pecados e outros vis , ficamos com o ônus e o ânus..
Cansativo, não?
Se alguém aqui e aí tiver vergonha na cara, que faça intensa e decidida campanha para expurgá-los do planeta enquanto é tempo.


Luccia d. Troya



Crônica de uma paulista crônica para um amigaço paulistano crônico


San Pablo de las bunditas de fuera...E as psicoses para dentro...

For José Riviti

São Paulo, quem me dera, fosse uma paisagem-pássara , borbulhante de asas e hélices. Também, ora pudesse arder no chão como uma chuva súbita de verão. Como cílios espessos e luminosos , piscassem labaredas de desejo na madrugada , seus eventos, seus shows, a chic Paulista trespassando a incessante Brigadeiro Luiz Antonio, duas avenidas efervescentes , cheias de bundinhas siliconizadas à mostra. Um pouco da cidade submerge em túneis como o da 9 de Julho , tradicional, mais adiante nas curvas de poliuretano, emerge em faróis nervosos ,sobe a Consolação, desce a Rebouças, contorna os melhores endereços gastronômicos. No turbilhão, lá vêm elas, no travestir, travecas, bichas, bimbas, ainda, salto altíssimo, bocas muchochentas, arrastam seus boás, meio vedetes, meio biscates. Um Parque Trianon de espécies e encontros, no quadrilátero denso e verde, carros e ônibus passam zunindo, tiram casquinhas...Lésbicas, sapatões, hemos, homos.
Quem me dera, São Paulo, fosse um elevador vazio, com musiquinha new age, uma luz pálida no corredor escuro, mas é um bilhete suicida balançando no parapeito do décimo andar; lá embaixo, um pé de sapato em decúbito dorsal, reza no pátio ladrilhado com seus musgos e fungos da alvorada ininterrupta, ruidosa, sabe-se que dia e noite mal se alvoroçam e já estão prestes a acontecer. Geme a sirene da polícia , tange a do resgate. E assim sou São Paulo, metrópole de vultos, sons, rasgos de seda e sangue, perfume e sax no Largo do Arouche; um violão dedilhado em riste,ali na dr. Arnaldo; a garganta bêbada frente a Eugênio de Lima, o coração à solta, envolto na fumaça de cigarro, na Praça Roosevelt. Despeja ladainhas solitárias de mais um tempo em suspense: é o Viaduto do Chá. Aqui estou, no antro da cidade que voa dia e noite, navega sua barca suja e lamacenta pelas marginais de esgoto Tietê e Pinheiros , corredores externos de famosos anônimos, ilustres desconhecidos, dançam pela Rua Augusta e Bela Cintra. Lá vou eu por alamedas , contornos sessentinos, um neo clássico, um art déco, fachadas de une belle époque , o passado sépia, o presente gras, emerge um horizonte de edifícios recortado aleatoriamente para além dos Jardins. Sou um indigente intelectual, paulistano, à sombra de sua própria sombra, na Av. Angélica, cercado de portas e janelas impessoais, às escuras com o brilho desmesurado da solidão. A cidade não mais se veste de uma garoa melancólica, na Praça da República, Copan, Edifício Itália, Largo da Batata, recobre-se ainda de um frio de arrepiar na Eusébio Matoso , despe-se da boemia noturna para empanturrar-se de decadência ébria dos botecos vespertinos, lembro-me muito bem da Panamericana. Quase cinco séculos em mosaicos , estátuas, monumentos, percorre-se um Ibirapuera, passeia-se pela 7 de abril, 24 de maio, crescem os muros da Lapa, faz-se um atalho pelo Butantã. Não passa mais bonde no centro e o trem saiu da Estação da Luz, foi para os subterrâneos instantâneos do metrô. Serpenteia a Cerro Corá, alonga-se o Boaçava, não existe mais quadrúpede na Estrada da Boiada. Galerias centrais, vitrines , calçadões ainda de pé, escorrem pela sarjeta e bueiros engravatados. No Redondo ficou a tulipa de vidro, desambientada, e sobre balcão, o cotovelo . Cheira chopp, pastel engordurado, filãozinho com manteiga e média no bar ao lado. Quem me dera a cidade não fosse uma ferida de subúrbio, a cilada da periferia sob os casebres de tapume e caibros meia-sola, de onde riscam becos e vitrais, projéteis fatídicos, fatais.
Do terraço paulistano sobra-me um pouco de mim. Ali nas janelas vizinhas, envidraçadas, quem acende luzes e as apaga? Na parede de tijolos vermelhos, cartazes de peças antepassadas, não respiram mais em poltronas de madeira, que rangiam o tempo todo, como parte de cada cena, em que , ao peso de corpos inquietos, a cultura era desvendada e o conhecimento, um ponto a mais no hanking pessoal. Antes, o palco era a maior aventura, o cinema exercia fascínio, a faculdade tinha o carimbo de passaporte para o mundo. Aqui, mesmo, em São Paulo, com suas vielas românticas, ruas sem saída, sobradinhos singelos, resistentes ao vão escancarado do Museu de Arte Moderna.
Com a chave na fechadura, já tranco a metrópole que mora em mim, de dentro para fora. Na TV, canais reticentes trazem imagens da globalização planetária, um real digital, que passa ilusoriamente, pois podemos ligá-lo e desligá-lo a qualquer momento. Do oeste da metrópole, me lembro do Parque Continental, como uma imensa sentinela de olho na cidade-dormitório ,Osaco. A caminho de casa, em muitas noites adentro, após aulas e ônibus, um mural com ofertas de emprego, defronte a Av. Autonomistas: precisa-se de projetista de trafos... Sabe-se o que mais? No Senzala, ao léu da Cidade Universitária Uspiana, cerveja e questionamentos existenciais, conflitos eus, nada contritos. Dentro do campus, lambendo a ladeira ensombreada da Microbiologia, cena de filme, sobrando para um cachorro-quente de carrinho...Purê de batata e mostarda, escorrendo catch-up.
A cidade estala, suas fronteiras exalam um odor de terra e esgoto. Murcha a azálea no quintal de chão. No portão de lança, percebe-se a guarda de um pecado venial, lá dentro, encaracola o cabelo marginalizado. Cresce a costeleta , imberbe , ainda, a lâmina recorta o pensamento em mais um assalto. O miolo está cheio de balas, coça o dedo no gatilho. A mira é alheia à sorte de quem bobear, ao azar de quem perceber. Também é São Paulo quem atira primeiro, faz suas vítimas, ergue suas lápides, corteja a vida e a morte. São quase quinhentos anos entre o singelo e o estúpido, grafado com requinte e crueldade, em cujos portais esvaziaram-se navios de imigrantes. Planalto paulistano, plataforma de lançamento do novo e do obscuro, nicho de variedades, renda que se rasga de cultura e sapiência . Desfia-se como um rosário, inventa moda e reveste-se de uma falsa castidade. Sou seu habitante e por isso aqui mora o que há de melhor em mim: vocês.


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31/01/006 E tus?

Tempestades: queimou a TV, o fax modem e a placa de rede.
Granizos e outros tantos 40 graus.
Dizem os indianos, ou hindus, que rir renova as células,
rejuvenesce,
cura vários males, menos os maus,
voltamos a ser crianças,
sem medos.
Devem estar certos.
O nosso famoso Beto Guedes já cantou para todos:
a lição sabemos de cor, só nos resta aprender...

novembro 2003 dia 29 19:59


!Caracoles !


Há um cobertor estratosférico de lã

alcochoado de nimbus

tijolos de cashemir

revestem o concreto ser,

polainas de feltro no piso "frio"

e o chuveiro, mesmo desligado ,

jorra o 'inverno' .

Nada melhor para um ardente 29 de novembro,

o véu tropical...

Lá fora?

Mordaça pegajosa e quente da natureza ao relento.

Ao redor.
Dançamos para chover?

Ligamos as turbinas dos ventiladores de teto?

Voar,

pressurizar a calorice .

Estou um pouco em câmera lenta. .

Pareço narrar um descalabro ,

não cai nenhuma gota a leste daqui.

...............:
a gente fica matutando.

Não somos invisíveis e nem imortais. Não somos indolores, inodoros,

- sim, a maioria é insípida...
Abraxas...