sábado, 27 de outubro de 2012

E já estamos quase no ano que vem




Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O ponto de parada está lotado
Você pode não perceber
A barra da calça suja de barro
A fuligem nos ombros
um fio de cabelo pendurado
 resto de ano passado
Debruçado na vitrine
Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O guarda chuva amarrotado
 congelador com restos de comida
Muitas nuvens no céu da noite
Mira aquela estrela sem nome
Você pensa saber
o sentido da vida
Pratos e copos sujos sobre a pia
passa o dia, chega a tarde
a conta no banco vazia
e você só quer beber
Sem recomeçar
Sem interferir
Sem reagir
O suor na roupa veste o ontem
A toalha desbotada no gancho do banheiro
toco de vela
a ressaca da sexta
o porre do sábado
o almoço de domingo
fantasia
O carro na revisão
A questão é que muitos nascerão
E muitos voarão
Mas, muitos nascerão para serem ultrapassados
Mesmo que já quase é o ano que vem
O futuro, sabe, parece
 lanterna guardada com pilhas velhas