terça-feira, 11 de agosto de 2009

Divas balançam meu berço existencial: Dinah Washington e Billie Holiday

Não há como começar o meu dia
sem a companhia
de muitos que já se foram.
Em voz e melodia.
Ainda os ouço
assim como os leio
assim como os vejo
assim como manuseio
seus traços
e suas obras potencialmente
perfeitas
desde a loucura de suas imperfeições
rarefeita.
Em qualquer ocasião,
estão comigo.
Uma certa humanidade
lhes dá adjetivos:
gênios, musas, divas,
semideuses.
Não importa.
Como todos os seres
que me ajudam a tomar
um café pela manhã
a sair pelas ruas
a buscar aquilo
que, talvez, exista do
lado de lá.
Me inspiram algo além da sorte,
da morte,
além do azar,
além do acaso.
Se assim acredita
Richard Dawkins,
eu creio muito mais
do que apenas no espírito humano
de passagem eólica
sussurrando baboseiras
e doutrinas
ou mesmo dublando
Eleanor Fagan Gough
Ruth Lee Jones
Etta James.
Nina Simone
Cassandra Wilson
Alberta Hunter
Ella Fitzgerald.
Diana Krall
Norah Jones.
A deusa da vez, agora,
é a espiral genética,
uma vez, nós cromossomos,
cremos.

Euclidianos ausentes

tem um charme banal
na cidade de São José do Rio Pardo
estado de São Paulo
a alcunha de rio-pardense
ausente
todo o nativo intransitente
do berço natal
me dou ao bem
deste mal
não estar residente
me dou o mal deste bem
de ser nascente

Gotas antigravidade

balões no céu
de Ribeirão Preto
SP/BR
comemoram
153 anos
em 19 de junho
nada ideal
suponho
se ergue-se
o sonho de concreto
abstrato
do real

Eu Inverno


Tu invernas?
Jazem folhas solstícias
sobre o dorso
equinócio
Mando notícias
para o meu amigo
ateu.Creia.
Volto ao austral
hemisférico
como a lua
Cheia.