sábado, 26 de fevereiro de 2011

À noite, serena a cheia

Enquanto não chove
e os grilos cochicham entre as folhas
cato pérolas
Enquanto nuvens brincam de esconde-esconde
e um cão melancólico ladra no escuro
cato diamantes
Enquanto não ressoa o coaxar de rãs chuveiras
cato cristais
E lá vou garimpando ouro
na escuridão da noite que ronca no motor
honda da motocicleta
subindo a rua em ladeira
Ouço asas pássaras espanando galhotas mamoeiras
cato, então, as luzes das sombras
em bateia insone
Cato pegadas de mãos largatixas
cato o visgo fosforescente de taturanas
e das teias aracnídeas
Feito risco de seda
Cato prata acesa
nas pétalas da flores que fingem dormir
A lâmpada ligada em baixo consumo da noite
me lembra a lenha gemendo no fogão antigo
E ainda assim
está à míngua a chuvarada fevereira

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Alguém aí no Cosmo, jogue a bóia!

Eis a penúltima cancela antes do mata-burro e a pirambeira
A tropa está aqui
Rezem. Orem. Leiam.
Raios partam os primeiros, mas há risco
de saírem inteiros.
Arteiras, inteiras.
Portal com uísque de milho e garrafa de videira
tinta
na algibeira
Paiol de veracidades na engatilhadeira
Armazém de amenidades na ribanceira
Transitam e transmitem falsidades sorrateiras:
a maior parte, verdadeiras
Cigarros e chicletes combinam barbaridade com saideiras.
Virei poeta 4 x 4, só não sei catar cavaco
em estradas de avessos e poeira.
Como-as mentalmente. De fasto.
Arruaceira.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O estilingue vivo da palavra


Dizem os especialistas em óbitos





que os humanos estão mais longevos





embora os cemitérios estejam abarrotados,





em sua maioria, de jovens do gênero masculino





negros, pardos e pobres





Como não sou especialista





e, como parte de outra minoria,





sobrevivente,





fico imaginando, em tardes de muito calor,





se haveria a mínima possibilidade





vivente





de se responder ao caos e ao alto vivo contingente





humano sobre a Terra,


(em desigual desvantagem,


cujas semelhanças se tornam


a aberração em comportamentos)


com pedradas certeiras de letra





Explico





Se alguém não gosta de alguém





a ponto de tomar atitudes 'drásticas'





colocasse na agulha da arma





uma bala perfeitamente legível





feita da palavra ódio





ou, se alguém se incomodasse





com alguém





e afiasse a lâmina da faca do 'desgosto'





com a língua de saliva ácida





ou, no punho erguido e fechado





pronto a socar o 'inimigo'





carimbasse a face do opositor





com frases: tu me temes e mais temo eu





ou, ao queimar documentos e prédios públicos





(leia-se, histórias de todo mundo)





flambasse sutil e rapidamente em perfume





o passado e o presente





reavivando-os sem danos


e justos






E assim, a cada lixo jogado nas ruas




plantassem um árvore,




a cada chuva, armazenassem um rio,




a cada criança parida,




adotassem uma órfã,




reduzissem matadouros e abatedouros




a hectares de grãos e pomares,




abrindo gaiolas




Que respeitassem os ciclos da vida






Mas, quando querem o sangue jorrando


a dor latejando de horror



a mágoa, o erro e o fracasso



como desculpas,



só uma solução:




não há salvação nem evolução.




Fadados ao abismo da ignorância

letrada e iletrada




estão




pois nascem da ilusão de um Planeta




em ascenção




Também imagino




uma pilha de gente tentando




umas sobre as outras




alcançar o 'céu', o 'paraíso'.




No caso, as planícies e o horizonte plácidos.




Se a idéia for outra,




aquela do lucro e do luxo,




piorou,




pois é uma viagem mais distante ainda




com vários atalhos,




nos quais os perdidos,




chegam ao fim, entupidos




de que não há fim



para a maldade sem fim




















quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Antiga História ou História Antiga?

Coquetéis molotovs contra o Museu.....
Sempre tem analfabetos de plantão
Por que não?
Ao invés de lançar palavras, lápis, argumentos,
livros, civilidade
lançam coquetéis molotovs
na História
É alguma piada?
Tipo: quem assassinou o Mar Morto?
Hosni já está de 'cairo' na chão
Humm...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pior que o cacique Sarney é o cacique Renato Machado

O que ambos têm em comum:
longevidade chatíssima no cargo
Acompanho o noticiário global das manhãs
e o âncora Renato Machado está cada vez mais
árido e seco
derrubado
sem o fio exímio da peça que leva no sobrenome
(igualmente chato é o tal do Cléber Machado,
o estridente)
Cansei de ligar o canal e vê-lo, tão deprê e distraído,
comentando fatos estarrecedores com tanta gravidade
na voz, tanta, que só falta um bocejo.
Consegue até ofuscar sua parceira,
a brejeira e reluzente Renata.
Bom no papel ficou Alexandre Garcia
que faz seus comentários pontuais
irônicos e afiados, desperto.
Vamos lá, Globo, repagine-se,
injete um ânimo na sua voz jornalística
pela manhã. Convença-me.