sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ao U Inverso

De repente,

me vejo onde não sabia

estar também

Alguém me pinçou

nada sorrateiramente

de onde, posso dizer, sou

um ser em vôo

'senta a púa'

solidariamente

me topo de cara

na cara de quem

me escancarou bem

Agradeço

idem


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desfolha

uma chuva de ocasião
passa de raspão
no meio da noite
em nuvens
de agosto
diante
do céu de inverno
exposto
a contemplação
é encarar Lua e Vênus

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Chegou Mariana, hoje

Seja benvida ao Mundo, à Terra e à Vida

Seu berço é o Planeta

sua jornada o Universo



(ao Sundays -Mingo e família)

A nave estranha do estranho

Apenas um zumbido,

claro, preciso,

que parece mastigar a noite barulhenta,

enquanto a mente

se prepara

para mais uma insônia dormente.

Um som diferente,

espichado, sutil, persistente,

que pousa repentinamente

e, então, silencia.

Porque cala o pensamento.

Ali, ao soslaio da noite,

no amarrotado da cama,

a sensação de alguém lá fora,

estranha. E havia. Um brilho indefinido,

quase desnudo.

E quando, de repente,

tudo fica muito quieto,

o medo parece atear fogo incerto

na vigília seca.

Engatinhando pelo corredor escuro

até a vidraça da cozinha,

o olhar sorrateiro

vê a pequena nave na grama do jardim,

botando ovos violáceos

bem onde dobra o vento.

Então, com a voz sumida,

fingindo que não está,

deixou a gravata de seda italiana

pendurada na maçaneta da porta,

a cashemere inglesa no corrimão da escada,

o recado num bilhete: 'saí '.


(em 17/03/010)