sábado, 24 de outubro de 2009

Fábula do Papaigaio Testamenteiro e a Cã Botequeira

(Os nomes desta Fábula são verdadeiros, mas as histórias os inventam para dar pistas concretas de uma realidade pra lá de cruel com outras personagens, tale quale...)





Subitamente, sem nenhum motivo aparente, lá está a luz vespertina, cheia de mormaço grudento, carregando o meio da tarde no suor do sovaco, tão lentamente que o mais novo e orgulhoso papai do Planeta, o Papaigaio Testamenteiro sacode as belas penas, preguiçosamente, e ensaia um balé de ventilador colibri , direcionando suas garras afiadíssimas ao belo infinito de telas e galhos de árvores. Aproveita e dá uma cagadinha no chão de cimento lá embaixo. As folhas de seu puleiro estão meio encolhidas, encaloradas, murchinhas, aninhando
a bela fêmea e o seu ovinho. Kheo, eis o nome do Papagaio Testamenteiro, imagina que seja o pai.
Seus companheiros de cela-árvore urbana também...
(saga psitacídea continua ...)

Matadouro 21, Humanos: DNA Bovino em essência

Quadrúpede com asas, guelras, penas, escamas, bicos, pelos e chifres: bípede
Chapéu de cobra
cinto de boi
sapatos de jacaré
botões de elefante
calças de vaca
camisas de bicho-da-seda
gravata de peixe
luvas de gorila
estômago de javali
sangue de novilha
cílios de taturana
peito de pato
pescoço de frango
óvulos de galinha
fígado de ganso
tripas de porco
medula de rato
pele de rã
leite de búfala
ossos de titânio
dentes de porcelana
unhas de resina
meias de petróleo
paredes de barro
teto de floresta
fome de lobo
coração de ovelha
instinto de leão
coragem de hiena