quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A magnitude natural do caos sobre o caotico humano


A piedade de um



se equilibra no mesmo fio da lâmina devastadora



da crueldade do outro



Benevolente, a natureza decepa vidas instantaneamente



o outro vai cortando fatias



aos poucos e lentamente



Agora,



ai de ti, Haiti



Antes era a escravidão,


depois,

a trama política lambendo a servidão,


aí veio o furacão,


o tsunami,


a floresta que virou carvão,


e revirou o chão em lama .


Agora, o desastre em pó


derrete teu choro


em cinzas

Teus gritos


se partem em escombros

Teus gemidos


despejam lixo e entulho

sobre



filhos, irmãos, pais, vizinhos, colegas, amigos.



Tua fome


tua miséria


sem estudo


sem diploma


caem como toneladas de pedras


sobre tua própria cabeça


rasgam com voracidade tua geografia


de cima a baixo.


A dor lancinante e insuportável


ecoa pela humanidade:

feito uivos noturnos de viralatas


Ai de ti, Haiti

O mundo ouve o roncar do teu


estomago vazio


abruptamente


Tua boca seca e


teu corpo quebrado em mil partes


estalam feito lenha no fogo


Não há água para linimento


nem para o alimento corriqueiro


A natureza mostra a face crua e nua,


só com um minutinho de contrariedade,


sacudindo-se do desmazelo e


te coloca no teu lugar: r u a.


Ai, Haiti,


tua bocarra de caimão,


espera o socorro

derradeiro.

De mão em mão, passamos o chapéu.

Na verdade, é socorro ao Planeta.


Pobre de ti.

Estavas em último lugar e estás prestes a perder até isso....
(foto veiculada na infernet)