terça-feira, 6 de julho de 2010

Cozinho minhas idéias no sentimento e na consciência

A verdade e a mentira


numa receita antiga


como os deuses e santos


o fizeram


com seus sinais esculpidos
em estranhezas de entranhas


e lá vai para o fogo


grãos de concepções arcaicas


triturados grosseiros de beabás


garatujados de percepção
folheados de imaginação


lá vem de novo o paraíso
respingando no avental primário


e na taça de vinho alquímico
- ingrediente secreto
e demoníaco da vontade


A fome e a panela se somam


vejo o fundo


pespegando as auréolas angelicais de mentiras aceboladas


ao alho santo da lucidez


para afastar aqueles que escurecem a noite
Caldo de memórias para engrossar o desenho dos elementais
pegando jeito e cheiro
dos esconjuros e batismos
a salga
Amarga um pouco a heresia
tem acentuada acidez o leigo
adoça o erudito
raspas incultas saltam
ao borbulheio de idiossincrasias
que harmonizam-se no cozimento
de sombras aprendizes
O arrependimento apimenta
O respeito fermenta
O despreendimento colore
O silêncio desencaroça
A caridade
salpica
luzes.