sábado, 31 de julho de 2010

Confesso: eu pecã


Vou dizer e pronto

(é verdade, não me envergonho)

levei mais de cinquenta anos de vida para ver e comer

a noz pecã

Colhida no pé da árvore,

segundo a lenda

com esquilo na parada

cuspindo as aparas centrais, amargas, na cabeça do ' barnabé',

que são pessoas como eu e outros, embaixo do pé,

ouvindo e relatando

seus detalhes e sutilezas, provindas de Botucatu (SP).

Não é de facileza:

você tem que guardá-la em saquinhos de papel;

quebrá-las só na mão atritando, uma contra a outra,

duas de cada vez;

retirar as aparas entre suas metades perfeitas,

aquelas, que amargam,

driblando esquilos.

Bom, estes eu os deixo à vontade.

entendem de pecã milhões mais que eu.

Perfeitas na forma, no sabor, no doce, no amargo e no degustar

gourmet.



(minha admiração à Kele e Diego)

Nada prometo, prometo

Às vezes, nossos caminhos
são ao vento
de asas
outras , ao pó de pedras
contornando ou escalando
os obstáculos
planando
muitas vezes, nos pesam
e nos agarram
as dificuldades
as impossibilidades
já trilhei muitos desses caminhos
ao escuro, ao desconhecido,
ao que é permitido
enxergar
e ver
lembrar e esquecer
mais claros agora
em que as sombras
são devoradas
pela luz
mesmo ao silêncio
ouvimos
sentimos
enquanto prossegue a nossa jornada
a natureza cumpre o tratado
ancestral
de nossa existência
ciente de que não
cumprimos nem a ínfima parte
do que nos foi dado
ainda assim
me seguem, em revoadas,
seus mensageiros
entrelaçando minha passagem
aos bordados
de uma oração
mais uma vez
soube
que não é a minha mente
que necessita de remédio
e sim
o meu coração

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A importância do Ontem


Fui a um café

com Don Dieguito

pão de queijo

e conversas

na saída, demos de cara

com Amarok e Tiguan

Não há como explicar a plasticidade

do tempo

Sei que foi ontem

mas ainda é hoje

uma aparente realidade

inconsumível

para reles mortais

como eu e ele

Só podemos sonhar

Tamanho, forma, cheiro

tecnologia, preço

Quanto custam?

Mais de cem mil reais

Bagatela

se os vê ao vivo

de um viver em dimensão

à ré

demos ré ontem

Confessadamente

Imagine

então

o resto que temos por continuar:
sem caber em ruas
sem caber em vidas
sem caber em planos
sem caber em futuros
Boquiabertos

Em branco


Começa a florada do Ipê

que

lembra a neve

a nuvem

a calma
o algodão

a prece

no idioma Tabebuia roseoalba

quase instantâneo

em composição

sua efêmera beleza alva

traz o piscar do eterno

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sem plural

Me sinto sempre desconfortável
ante o sentimento de perda
e o sentimento de posse
Porque eles não têm plural.
Saudade é saudade
e ciúme é ciúme,
não importa a intensidade, a densidade,
a quantidade.
São únicos na desgraceira
na pasmaceira
na maluquice
no plantar bananeiras
São de inigualável
singularidade
Você sente ou não
Pode até escondê-los
camuflá-los
maquiá-los
explicar tim tim por tim tim
Só não pode multiplicá-los
São e pronto
saudade
ciúme
Por favor, não caia no pecado
de acrescentá-los aos esse
(sssssssssssssss)
Descasque-se
despele
escalpe-se
descabele-se
apunhale-se
mas, mantenha-os na grandeza
singular
Já é muito.

Náufragos sem mar


São as tormentas
que já vêm engarrafadas
prontinhas para consumo rápido e rasteiro
nos embriagam
numa overdose de medos
fingimentos fugazes
verdades vorazes
e vice versa
nos mins
distanciamentos
em que a noção de existir não tem noção
existem
Sem rios e mares
de pragas
aos rasos atávicos
sucumbimos
rasgando em seco
vestes de espumas raivosas

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Que venga el Toro


Muita gente acha e pensa que

nenhuma dor existe além do humano

Não dói a árvore cortada

nem a sede do rio

muito menos o nelore no pasto

Bocas e estômagos

haja

ventres e testículos

haja

não dói o galinheiro

nem a pocilga

Não dói a queima das florestas

nem o petróleo no mar

nem a mina de ouro e diamante

e para nào ir mais adiante

adianto minha contemplação

aos espanhóis que se doeram

e se renderam

à dor descomunal da ignorância.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ando sem fome

Já fui assídua e contumaz de alguns prazeres
não muito católicos
já que degustei algumas matérias impróprias
e pagãs
agora, não desce mais molho de tomate
chocolate
só pastoso
temperos aos destemperos, não
sal, nem pensar,
assim como açúcar e seus adocicados
pecados de todos
não engulo mais
estou aos com acidez e amarguras
se bem que pouco e bem dosados
me benzo aos pães e caldos
nada infelizes
mais um purgatório
do que sanatório
pode ser um punhado
de batatas em solidão
ou acompanhadas
de pouco sono
buquês de brócolis
sem exagero
afeitos à madrugadas
não me ocorre detalhes
a não ser de uma macarronada
ao queijo ralado e azeite
de perdidos e achados
me lembro, sim
arroz e feijão ainda em comunhão
que não cheirem
o trágico
só o básico
Sangue?
Nem em pensamento
desde que seja aquele de sangrar bastante
pensando
Abdico da matança em nome da carne
Um copo de mim, já basta
Água gasosa
para fazer burburinho
de terço em reza
Ainda desce sem perdão o café
É ou não é um ato de fé?
Vai, complete aí uma garrafa de vinho bem tinto
este eu sinto
ligando os canais de depuração
arrancando os credos.

Quimeras, Quisera, Quimerdas


Amas-me

e assim te amo

não há pássaros sem asas

e me sinto afogada em brasas

ao te querer

mas, assa-me em teu calor

que pavor!

meus pés latejam

como as penas do beija flor

Sou apenas

as penas

desse

insuportável amor

26/07/010 17:22h

domingo, 25 de julho de 2010

Papagaio Testamenteiro, em Id HD

Uns assinam embaixo
outros em cima
alguns falsificam
escondem
imitam
inventam
a invenção
e por aí acham que vão
em vão

Querida Terra Planetária, de novo

Hoje é , sei lá, domingo
talvez
nem parece
vamos dizer que é também final de mês
quem sabe, julho,
'julho' que não sei,
ano 2010
Sua Lua resplandece porque está Cheia
-como eu -
Apesar da existência do feio,
o bonito sempre me acompanha
Agradável companhia
Vou em montaria ,
ora motorizada,
ora aditivada,
ora calibrada,
ora renovada,
ora acabada,
mas vou
Dói?
Seria hipócrita se negasse
e mais ainda se alimentasse
Sabe? Desse trela
São nuvens ao pleno sol.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Querida Terra Planetária

Hoje resolvi acordar o Maistarde,


porque num tava afim de olhar para a cara do Ninguém


e do Tododia


Saquei que o Todomundo e o Sabiadisso estavam sem dormir


mas ficavam na conversa da Mesmacoisa


e com aquela vizinha que se apelida de Fazdeconta


e nada contam ao Tudobem e Namesma.
Dei de cara com Toaqui espreguiçando-se
e o Nemprecisa de pernas pro ar
Resolvi bater na porta do Cafépequeno
e acordar de vez a Ladainha
e o Lerolero
E sabe quem estava lá?
O Vejabem
Mais o Depoisdessa
e Sabedeumacoisa
Decidi sair com o Darnopé
Sacocheio e Tosabendo
Por hoje é só.




quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma sociedade brutal e anti feminino

A predominância de falsos valores


e exagerado consumismo,


fulminantes neste início do século 21,


demonstram a evolução de uma outra humanidade:


a do bestialismo sócioeconômico.


Aquela que consome vorazmente


fármacos, químicos, narcóticos,


hormônios sintéticos, etílico,
sai tangencialmente pelas laterais.
Se antes as rotas de fuga eram bem sinalizadas,
hoje, multiplicam-se às cegas.
Usava-se um jargão bem apropriado
às antigas: mata-se no ninho.
Não, não só geram monstrinhos, como os fazem passar no desafio da educação,
mesmo reprovados.
E crescem.
A lei da sobrevivência subverteu-se?
Não, foi corrompida, comprada, sintetizada artificialmente.
Assim, veste-se, aparenta-se, pinta-se, come-se.
Não se pensa.
O pensar exige certos atributos evolutivos, certamente de primeira e última linhagens.
O estereótipo feminino sucumbe à animalidade.
Feminino é o espelho ao contrário.
É a torção brusca .
Não é homofobia, nem heteropatia.
É a humanofobia.
Seres primatas e primitivos
em conflito com o desconhecimento do processo.
Baratas ou dinossauros?
Nem um nem outro.
Macacos ou Ets?
Nenhum nem outro.
Imagem deítica?
Imagem mítica?
Imagem narcísica?
Não, nada.
E tudo.
Mata-se passarinhos, porcos, frangos, bois, vacas, cavalos, elefantes, baleias.
Por que não criancinhas? Mulheres?
Nada nelas ainda parece perfeito. Pronto.
Como não gerar uma semente sem amá-la?
O ventre expele o que está germinado.
Se do outro lado há colo e berço, é outra história...
Se há rejeição e amor, mais outra história.
A história da vida. E vida por nada, a vida sem mandos. Comandos.
Se há amor, tudo. Sem mandos. Comandos.
Não é só plantar. Chuva, sol, lua, vento, alimentos, abraços, música, abrigo, conforto.
Até as pragas germinam assim.
O que não é mais suportável é a falta de aprendizado.
Suas etapas sem saltos ou pulos.
Demoradamente. Desde o ventre da semente.
Não da mãe, da mulher, da vizinha, da irmã, da criança....
O Mundo é o Mundo. A Terra é a Terra.
Não estão separados. Não são uma queda de braço do O e o A.
Aguente as referências e consequências.
O sacrifício.
É fácil ver o horror escancarado no outro.
Aquele que se fantasia, mas não cria.
E condená-lo.
Respira-se com alívio. Outro cordeiro foi imolado.
O íntimo está intacto, pois não foi manifesto na carnificina palpável.
Malcheirosa, feia, grudenta, impactante, dolorosa, permanente.
Sim, sonha-se até mesmo quando não se sabe. E fica naquele porão escuro,
regurgitando, borbulhando, preparando-se para a erupção.
O joio quer seu espaço.
E tem.
Mas, não é preciso matar ou exterminar o trigo.
É preciso saber plantar e colher.
Acolher.
Dar poderes a quem não os tem?
Por que?
Se pretensa e forçosamente podem ser tomados e destiná-los.
Claro, até os geneticamente modificados.
No jargão contemporâneo, em missão, o que não dá certo, aborta-se.
Hum...?
Ótima idéia.



terça-feira, 6 de julho de 2010

Cozinho minhas idéias no sentimento e na consciência

A verdade e a mentira


numa receita antiga


como os deuses e santos


o fizeram


com seus sinais esculpidos
em estranhezas de entranhas


e lá vai para o fogo


grãos de concepções arcaicas


triturados grosseiros de beabás


garatujados de percepção
folheados de imaginação


lá vem de novo o paraíso
respingando no avental primário


e na taça de vinho alquímico
- ingrediente secreto
e demoníaco da vontade


A fome e a panela se somam


vejo o fundo


pespegando as auréolas angelicais de mentiras aceboladas


ao alho santo da lucidez


para afastar aqueles que escurecem a noite
Caldo de memórias para engrossar o desenho dos elementais
pegando jeito e cheiro
dos esconjuros e batismos
a salga
Amarga um pouco a heresia
tem acentuada acidez o leigo
adoça o erudito
raspas incultas saltam
ao borbulheio de idiossincrasias
que harmonizam-se no cozimento
de sombras aprendizes
O arrependimento apimenta
O respeito fermenta
O despreendimento colore
O silêncio desencaroça
A caridade
salpica
luzes.










domingo, 4 de julho de 2010

Gol de braço, gol contra, cartão vermelho

São milhões em campo,
dólares, euros,
vestindo a camisa dos patrocinadores
nem se sabe direito os nomes dos jogadores
não há mais ídolos,
apenas adjetivos: o fabuloso,
o vacilão, o dancinha,
o melhor goleiro do mundo,
o queridinho da vovó,
o capitão, o técnico teimoso, o mais caro
e por aí vão.
O torcedor tem língua solta,
escala time por conta própria,
entra em campo com bombas caseiras,
pedaços de pau e pedras.
Mas, frequentam escolas do mesmo jeito.
A polícia fica lá fora para dar suas
bordoadas, também.
Tantos talentos que não se sabe porque
não fazem o que sabem: jogar futebol ou estudar.
Um esporte essencialmente de equipe.
Um não joga sem o outro.
Mas, são individuais, até nos erros.
Assim é, um espelho da democracia brasileira,
também um time com um técnico
sem preparo, teimoso no cargo,
com a escalação dos famosos:
o mais corrupto, o que rouba mais,
o enganador, o ficha suja, o puxa saco,
a guerrrilheira pro burguesia,
o torturador, o caixa dois.
Também vestindo a camisa dos patrocinadores,
em trilhões de impostos, dólares e euros.
Para ganhar, temos que mudar.
Transformar. E não é difícil
pois o joio agora está muito mais evidente.
Chorar no colo da mamãe também.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ao amigo desconhecido e silencioso , no mar

brilhe, brilhe
cada vez mais
em sua lua
em seu sol
se dorme à noite
eu, não
se acorda ao dia
eu faço a vigia:
navegue,
vôo
a cartografia
virtual
nos é entregue
a nós de mesmos
remetentes

Crimes acobertados pela velha e rançosa polícia política

Ora, se existe
Anabolizada pela corrupção
e, por que não?
cumplicidade com os assemelhados...
Casos evidentes de crime e torpeza se transformam
em longas novelas arcaicas de investigação
que se arrastam ao éter
à modorra da inatividade
da ação efetiva,
mesmo de posse de tecnologia de alto padrão,
principalmente quando a vítima
é a do terceiro escalão social:
prostituta,gays, drogados, mãe solteira,
criança, a que se sustenta com esforço e talento próprios, garota de programa,
pobre, parda, negra, com ou sem escolaridade,
lambenta, feia, gostosa ou 'burra'.
A famosa destruidora de lares, de mulheres dependentes (as do lar...) e de homens de 'bem'.
Em resumo, um ser inferior.
Foi assim com a advogada Mercia ,ex namorada e sócia de um ex policial
(portanto, este com o pressuposto passaporte da impunidade)
e com a amante do goleiro flamenguista Bruno
(este protagonista de outras barbaridades, mas com o passaporte
do clube, portanto, isento de qualquer maldade, a não ser a que ele mesmo pratica na atividade esportiva e com larga cobertura jornalística)
A vítima em questão, que já havia denunciado seu algoz, o mesmo citado acima,teve um exame de urina postergado em análise (desculpa da entidade, obras no prédio......) para mais de oito meses, mesmo a pedido do, imaginem, Ministério Público...
Denúncias anônimas e espontâneas surgem como a principal corrente de suspeitas. Não a investigação de fatos e evidências.
Toda denúncia da mulher contra seus parceiros sexuais, maritais, agressivos, ameaçadores, in loco, acaba com ela mesma na cova rasa.
Gesto e ato consumados friamente e filmados. E ainda assim, o desafeto, assassino, flagrado no escabroso, fica fora da prisão e do castigo. Livrinho. Andando por aí, na dita sociedade de 'bem'.
Geralmente, a vítima é sempre a culpada.
Parece o 'Para todo mundo ver o que é bom.'
Quem denuncia, anonimanente (em tese, claro), deve ser investigado, não o crime, nem o denunciado...
Segue a rotina policial, pela mídia, e xaus ti va...
e acaba onde?
No denunciante.
Que deveria ter ficado em casa, olhando a TV,
a roça, o capim crescer,
a mosca e fechar os olhos aos crimes dos ditos famosos
e as gostosonas, que são 'namoradas' (aboliram a cunha amante) de homens casados
com filhos pequenos,
sem a mínima para o familiar e a responsabilidade dos atos...
Vá cuidar da sua vida, panaca anônimo!