domingo, 11 de janeiro de 2015

De que vestes se desnuda tua voz

Ouvi
Tantas vezes tua voz
Delicada e afinada
cantando
Como trovão e relâmpago
Como nas caixas de som Gradiente
Graves e agudos
Desde ave
Desde retirante
Desde peixe
Desde pedra
Como vento
Às vezes pluma
Às vezes onça
a espuma
Da maré da madrugada
Às vezes chão
Caminho cego
atento
Com pés e miçangas
Colares 
o ouro, os cristais
uma coruja
postada no galho escuro
brilhante
Xamã desmontada
Que Balança o tempo
Com o Perfume de alma
Que cala a noite
ao piar afinadíssimo
arrepiante
No abraço árido
Do Sertão que se ilumina
ao dedilhar as cordas 
violão
que anuncia o  dia 
ante a trama que se enrenda
Tecida, então
Espelhos moí
Que dissessem não
À face da qual
Durante anos
Me despí