domingo, 17 de janeiro de 2010

Quando se perde a noção do tudo e dá de cara com o nada

Algo cai na sua cabeça


abre brechas na sua vida


com novas e horripilantes perspectivas


implosivas,


dessas de arriar o costado,


de levantar a tampa da sua privada
dar descarga sozinha
limpar a pia da cozinha
vê aquele vizinho irritante
com som entre sertanejo e sei lá o que
ensurdecedor


escorregar encosta abaixo


junto com ele a prole


de filhos e parentes


de uma só tacada


lá se vão
- voce trinca os dentes
sufoca aquela gargalhada-


a dívida, a sogra, o chefe,


os bastardos com seu dna
a mãe, a mulher, a amante


- e o que voce faz?


desce o morro e pede socorro.


Faz aiai...Imita o gato, miau


Obvio


voce não é nada


E voce?


Com sua barriga-creche
aluguel de provetas
de auxílio-berço, que entra em fila
de cesta básica, kit geração 2050,
alisante para cabelos rebeldes
bronzeado em segundos,
seio em pé,
bunda pipa
pança jararaca
tudo faz de conta
menos pagar a conta


exibe sem ver
seu decote


em V volumoso de
vitrines R$ 1,99


seu bate-boca banguela
com a vizinhança


sua panela de mirrados
faz o que?


cai de cocoras
com as pernas abertas


e não levanta mais


cre que seu ato é so parir fulaninhos
e sustentar a fábrica de
novos escravinhos...







A rua de casa em perfil egípcio



Começa com 200
Recanto
Ao pé da São José
Biboca
Nativa
Predileta
De concreta

Em felizes momentos
Conhecido
De apelido
‘Mococa’

Chuveiro duchão
No arredor
de fora
As ‘São Tomé’
Para alisar
O pé no chão
Lustre marroquino
No corredor
Lanternas de cor:
Garagem e entrada
Não me apresso
Para descrever
O resto...

(em 16/09/2009)