segunda-feira, 28 de junho de 2010

Valentia, vitória e torcida brasileiras em campo

(foto AFP)
Vamos!

Fazemos rolar,
rachão,

torcemos as mágoas

espanamos a miséria

espalhamos a vibração

trabalhamos a tragédia

driblamos a fome

cercamos o resultado

adoçamos o vinagre

canelamos a falta de sonho

chutamos o azar

cabeceamos a sorte
sem saída, inventamos

chovemos na horta

embaixadinhas no futuro

duelamos a defesa

quando a casa cai

todo mundo vai

e diz levanta,

sacode a poeira

mais um gol

e chega a chuverada

a alma lavada

com garra

raça

samba sem corneta

aquele no pé

que tem à mão

- no batuque -

a musicalidade alegre da fé.


domingo, 27 de junho de 2010

Uma cozinha de tempo (de Marialice para Evelise e Carlão)


A começar por um belo Coteaux du Languedoc

2005

taças cristalinas

tinindo
(a garrafa vai servir de recuerdo)

panela de barro, legítima capixaba

se não, a melhor da casa, aquela de coração,

azeite Borges

cebola, alho e pimenta calabresa

(fatiados e salpicados de acordo com os gostares e jeitos)

ao Carlão

na finalização

já assine a salsinha finamente

então, por ora,

permaneça e se alegre

ao vinho e à tarefa

vai esquentando devagar

e esta é a melhor parte

pois o tempo

ali

é para ser degustado

junto à

cenoura

batata baroa

(a tal mandioquinha)

cará

cabotiá

(a tal da 'muranga' com casca e tudo)

sobrinhas de músculo 'manteiga'

- aquele que já entrou no cozimento

fez sua parte junto aos temperos

desgrudou e desgarrou

e só de olhar , derrete-se...

água só para o batismo e

tudo caudalosamente

mais banana nanica

brócolis

batata doce...

ingredientes em múltipla companhia

no bem humorado momento

com petisquinhos

ao alcance da ocasião

pode ser TV ligada

ou som no esconderijo de praxe

- quintal, jardim, sogra, gato abusado, vizinho.

Passarinho

Vale ver o céu

o Cristo

as nuvens

a piscina

telhados

reprises de gols

jogo em campo,
nada mais bonito do que a Lua
junina

É festa, mas para celebrar a vida
até mesmo quando temos pela frente
a segunda feira.
Mais uma chance.

Pensou?

Bata o martelo.






sexta-feira, 25 de junho de 2010

Que falta faz um olhar aberto...

Brasil não ganha

Portugal não perde..

Empate?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desembrulhando o caos




Assim parece



quando piscamos



ou bocejamos



basta, às vezes,



um espirro



e lá se vai a encosta



ao mudarmos de canal



cai um temporal



e carrega a cama de casal



uma buzina impaciente




freada brusca




avançando o farol quase vermelho




contamos no dedo




os que saem do acidente



dormindo



sonhando

desatarraxamos



o parafuso



a máquina quebra






e o papel de bala?






a latinha de cerveja?






a garrafa pet?






o copo descartável?



o toco de cigarro?






o rio enrosca






feroz






e cospe tudo em nós

Já passou pela sua cabeça

que o Planeta Terra

está cansado de nossa existência humana

nele?



















































































































































terça-feira, 22 de junho de 2010

Fogos, estrelas, frio, dança e fogueira


Muita pipoca

pé de moleque

quentão

paçoquinha

bolo de fubá

biscoito de polvilho azedo

cajuzinho
canjica
milho cozido
algodão doce

e Lá, dorme,

cheio de carinho,

São João Batista

e seu carneirinho

até que a cantarada

o foguetório

a alegria nos pés

da quadrilha

ao redor da fogueira

acordam o dorminhoco

e a festa esquenta

a benção de junho

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pés na estrada cósmica (e levantando poeira)


A caravana a caminho




do estamos e



seguimos:



Ele...vamos.



Levantamos rastros estelares



dos quais somos



o girar exponencial,


ciranda



de ímãs reluzentes


Por que?



Abrimos a clarabóia mental




estendemos as mãos



ao flamularmos o passaporte espiritual,




crença e lembrança da Casa constelar



Lá estão



nossas raízes fluídicas


em berço


Convergimos,



piscando em eternidade



ao azul imperioso do Cosmo infinito


energias



vívidas, crísticas, atemporais



solfejando emanações


música


sons


tons


tuns




O que ouvimos quando


rastelamos nossa consciência



adâmica


na cor de nossas cores


ao solo Terra,



fio por fio



palha por palha


grão a grão


sementes


timtim por timtim


pavio de atavios



renovando a centelha




lúcida,




filigramas metafísicos

Somamos:



Todo em UM




Nada pródigos




apenas latentes,




distantes e próximos,



saudosos,



sedentos,



exaustos,




quase náufragos de nós mesmos,




descascando o peso da matéria,




para desamarrarmo-nos




da gravidade espessa.




Alçamos o vôo liberto para o colo Mãe



com o nosso arrependimento,




um acalanto de Perdão.










domingo, 20 de junho de 2010

Bola à pelota, senhores


Lisa

arisca

traiçoeira

matreira

redonda

quadrada

molhada

oval

carrasca

carinhosa

manhosa

vistosa
amiga
inimiga

cheia de dedos

não importa

a seleção verde amarela (azul e branco)

canarinho

deve entrar em campo

e tratá-la como tal, ao toque mágico dos pés,
chuteiros

- jogar FUTEBOL brasileiro.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O mago dos textos ácidos e corrosivos, embora belos


Não fui de 'saramargar'

mas pinçava frases completas

em alguns livros de Saramago

dessas de embrulhar com fitas

charmosas o estômago ao revirá-lo

Elegante, irônico, satírico.

Um mago do bisturi literário.

Pouquíssimos o são. E foram.

Raro e quase completo,

se não o fosse.

Não era a minha cabeceira

nem poderia dormir

com aquele ruído todo.

Lamento que uns se vão , tão necessários

enquanto outros, nem matando

terça-feira, 15 de junho de 2010

África do Sul: cautela e caldo de vegetais, sem vudus,facões e fauna nativa na panela


o cerne está verde




a essência ao clima resseca




pás de cal sufocam a temperança






- pintam de branco o que não é




a igualdade diversamente sonha




a cultura exala odores de feras e etnias




a iniquidade insepulta, embaralha dialetos




feito nacos de esqueletos pontuando trilhas




a verdade ainda emite gases




hoje, arrota-se euforia






e o jeito,






como no passado, é balançar-se






cantando o atraso




- são negramente coloridos




e sonoros






os filhos da escravidão -






escravos de si ou ti , ainda, o são.






nasce, nasce, nasce






e não renasce o






continente que ruge e , de novo, abocanha mais grilhão






a savana gruda no vento amargoso




e quente




feito hálito amanhecido

a carne do abate e caça


ressentida


se enfraquece




pendurada no gancho modernoso




da vitrine, dos galhos, das cercas, das fronteiras


a contradição se arma até os dentes


e os crimes, contra a própria evolução,


rendem à economia da ilusão,


o consumo turístico, de ocasião


no mais, bebe-se o sangue do safári


também humano...








































































Hoje é hoje

em campo
decantam-se cantados
cantam-se decantados
encantam
os encantados
vamos , Brasil.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

a barca de outono pesca a estrela

(em 15 de junho de 2010, Tiradentes/MG/BR)
segue no oceano
escuro e sideral



apenas a sua imensa luz cortada em meia cuia



de costas, de frente,



a barca vai singrando





vagarosamente





em quarto crescente





adiante





no hemisfério Sul





brilha Vênus

a sereia outonal
















sábado, 12 de junho de 2010

Balões pipocam na inusitada atmosfera fria de Ribeirão Preto (SP/BR)

(foto: Kele)


Silenciosos


ovalados


cheio de cores


e gás


surgem de mansinho


ao alto


da cidade à tarde


Passeiam


majestosos


no frio


Alguém se lembra de


Jules Verne?


de véu em véu ao léu

Léguas e léguas
milhas e milhas
a quem mitigas teu mastigar
ruminando quilometragens
assuntando uns ventos
de cócoras
sob mantos
angelicais?
Por acaso, desvendastes
os véus imortais?
Vamos de céu em céu...
Alar
volear
sem tréguas...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Papagaio Testamenteiro in loco

Said:


estou viajando até as últimas inconsequências:


de vento em proa


de cabo a nado


em viço e verso


em pás pra frente

aberto em copas











sábado, 5 de junho de 2010

Dia Mundial do Meio Ambiente (made in USA)

Este ser alado coberto de petróleo na Luisiana não é a cara do Cara OB?
Como incerta e espessa faixa da humanidade espera dar conta de suas incontáveis dívidas com o Planeta Terra?

Tangará cayana em casa (Tiradentes-MG)


Saí, saíra

amarelo, preto, esverdeado

banana, mamão

sozinho ou bem acompanhado

chega em bando

com sanhaço

tejo

bem te vi...






quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ciranda de Luzes Familiares e Amigas: esteio de missões

Chegamos em Casa.
Depois de uma jornada árdua,
a Casa se traduz em um chão limpo,
um colchão confortável,
um banho quente,
um chá ,
um prato de comida,
um lanche,
um copo de água,
cerveja gelada,
vinho,
um livro aberto,
a TV ligada,
contas pagas,
o cobertor,
o travesseiro,
o silêncio,
a música preferida,
o abraço carinhoso,
a palavra amiga,
tirar sapatos,
o sofá,
o leite com café,
o pão,
um latido,
um choro de bebê,
o beijo,
os filhos,
companhia.
Para poucos é tudo isso.
Para muitos é nada disso.
Para poucos, muito é cada um.
Para muitos, cada um é pouco.
Para uns ,basta o estar vivo,
para tantos outros, o estar vivo não basta.
A alguns, as sobras são ricas,
a tantos outros, restam-lhes sobras.

terça-feira, 1 de junho de 2010

HE, asas de lágrimas iluminadas



Poderiam ser de papel


de algodão


folhas


flanela


cipós


rolhas


sapê


cílios


feno


capim


asas de cetim


ou de cinzas


de ares


nuvens




areia


serragem


asas de alta voltagem




vento


pétalas


de pontos cardeais


meridianos


de latitudes


atitudes


asas de digitais


células


íris


ventrais


asas de


fótons


prótons


íons


átomos


asas dos sentidos


abertas aos portais


acesas


radiantes


como chamas


etéreas,


asas da eternidade em brasa.



( re-criação literária, humana, em vias de desacoplagem, à base de mãos dadas, grudadas, faladas e mentalizadas, em meio às mineirices, paulicéias e panacéias cósmicas em vias de acoplagem, sempre em benvindos e chegados aos escâncaros )