domingo, 6 de novembro de 2011

Planeta Terra, náufraga à vista

Mundo
corro atrás de você
nas asas de uma borboleta
violeta
me prende na ponta do alfinete
Mundo
corro atrás de você
nas garras de um caranguejo
me põe vivo na panela de água fervente
Mundo
corro atrás de você
no casco de um altivo nelore no pasto
me abate com martelo e me serve no churrasco
Mundo
corro atrás de você
no cantar de um pintassilgo fidalgo
e me cala na agonia da extinção engaiolada
Mundo
corro atrás de você
feito pipa ganhando a imensidão do céu
a linha de cerol corta a jugular de quem roda ao léu
Mundo
corro atrás de você
nas barbatanas de um surubim pintado
e me fisga no anzol para fatiar minha espinha
Mundo
corro atrás de você
com meus galhos frondosos
e ceifa minha sombra no machado
Mundo
corro atrás de você
lavando com minha água doce teu cansaço
e me prende em rios de esgoto
Mundo
corro atrás de você
com meu solo fértil que cresce em teu prato de comida
envenena minhas entranhas com herbicida
Mundo
começo a correr de você