A começar por qualquer manhã ensolarada
com zumbidos de marimbondos
rajadas de calor e vento
depois,
golinhos
de
café sem açucar;
na tigela 'saudável',
favo de mel,
leite de soja e cereais;
confabula um pãozinho francês amanteigado
- seguem uns cigarrinhos
ao intervalo,
viradores de páginas ancestrais -
lá vem o dia em casa,
tranquilo,
bajula frestas,
cílios, pestanas,
abre janelas e portas
O jardim se completa
com recantos de beijos americanos
camarões amarelos e vermelhos
ora pro nobis
manjericão
washingtonia
tuia jacaré,
permeia bocadinhos de alvenaria com
rabo de gato
azedinha
podocarpo
bromélias tigrezas
pata de elefante
ervas ciganas,
estas têm adereços de incenso
reza,
todos os demais, assim como
a rega,
a grama esmeralda
o chão São Tomé, canteiros com pedras escravas,
ao enfeite de cristais,
cacos de minérios,
recuerdos de beira de estrada,
outras de cristalização magmática
- afina-se a paisagem doméstica
com a música,
o fogão,
um menu caseiro
no qual
tudo promete
num singular plural de sabores
Remexem a vida em réstia de carinho:
vasos de antúrios
raphia
cafezinho ,
plantados em chão
dama da noite,
videira ao rebento,
guerreiros de entrada
São Jorge em espada e lança,
roseira,
complementos acertados
sem estranhezas
de sutilezas bailarinas
Inspiram um cardápio sabatino,
degustado aos vinhos,
rubros,
que despertam agudezas,
e descruzam os 'xis',
porque o amanhã é domingo,
hipoteticamente, desagua na segunda feira,
o rugido da fera semaneira,
num tempo quase outonal:
bezuntamos uns agrados
com molho de pimenta biquinho
morangos e abacaxi
- arroz cateto se amorena com lentilha,
gergelim, ao dobrar olfativo da panela -
segue de estalo algo que combine
com alecrim, cebola, pimenta do reino,
tomate cereja, alho de pouquinho,
um filé suino,
mineirinho,
azeite Borges,
trufa negra,
DVD A-ha,
ou Noel Rosa,
ou Amy Winehouse
- replicam aleatoriamente clics de inspiração
enquanto fumega o caldeirão de possibilidades -
Colheres de fibra de coco,
revolvendo particularidades...
Sem particularidades.