sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Thenorinha, a jabuti e a cã botequeira Gueguê(primeiro meio capítulo)

Gueguê, na verdade, se chama Greta Garbo
sua nova amiga, Thenorinha Barriquela Ferrari,
a jabuti que nasceu 'Flor do Pantano'
Mas, essa confusão toda
não pára aqui
Vai longe
e se depender de Thenorinha
o longe é mais longe ainda.
Ambas gostam de andar pela grama
fazer xixi nela
ficar ao sol da manhã:
- E, aí, branquela peluda, lá vem água, de novo. Vai ficar para se molhar?
- Não amola, cascuda, chego ao sofá mais depressa que você.
Nenhuma das duas gosta de chuva, ao menos
no pelo, no casco,
molhar as patinhas.
Gueguê fica refastelada sobre almofadas
na varanda e se der trovoada, pula em cima da cama.
Thenorinha se esconde atrás de vasos
em cantinhos sombreados
sobre a pedra São Tomé
ou 'corre'para debaixo de qualquer móvel.
Ela gosta mesmo de ficar atrás da geladeira.
- Aqui é quentinho...
- Aqui é macio e tem o cheiro de minha dona, diz Gueguê. Se eu sentir frio, ela vem e me cobre.
- Ela me dá uma comidinha muito gostosa. Frutinhas, verduras e uns grãosinhos macios..
- Ah, isso é bom mesmo. Gosto mais do chamego que ela faz pra eu comer. Mistura aquilo um com aquilo outro e coça minhas orelhas. Eu queria um bifão com osso, mas não posso, tenho que fazer dieta.
- Ah, eu gosto do meu cardápio, tem um pouquinho de mato, de farelo, de planta.
- Ruim, hein.
- Nada, é uma delícia. Depois eu durmo bastante.
-Ah, eu gosto é de um bom passeio, ficar olhando a rua, sentar na mesa de boteco. Minha dona me leva sempre que pode. Ponho o focinho na mesa e fico lá quietinha. Aí, vem um e diz 'que belezinha, colerinha de fuxico, não pega nada no prato, só toma aguinha gelada...' Tiram fotos minhas. Só não gosto de gente que vem me passar a mão. Humm... não teem o cheiro da minha dona
- Eu gosto que afagam meu casco. Tenho muita coceira e não posso me coçar, minhas patinhas são curtas. Também gosto de terra,buracos, vegetação, mas essa de boteco, não conheço, não. Será que a minha dona me leva algum dia? Eu durmo muito. Posso dormir na mesa, também?
-Ih, cascuda, você é muito pequena, ainda. Num dá não. E não é qualquer lugar que nós bichinhos podemos ir. Os humanos não gostam. Dizem que levamos micróbios e sujeira. Imagine! Eles que já carregam tanto dentro e fora deles mesmos. Já viu o banheiro que eles usam? Um nojo! E a cozinha? Mas,quando você crescer mais, dou um jeito de você ir junto...






quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Falência múltipla de órgãos pensantes

Ora, ora, se não ,
a ilusão


que se esvai


no bueirão


das chuvas de verão


e tudo embarca na enxurrada


de roldão


brasil, brasil


lá se vai também


a indignação


intelectualizada


é crescente a lua


da admiração para o que,


no passado da intimidação,


ceifou, sem gloria,


vidas
Como, agora, brilham
o verde oliva
o coturno
o fuzil
institucionais
Contos de fada
se tornaram reais
assim como algumas candidaturas
presidenciais
Aprendi, desde pequena,
aquela cantilena
orai e vigiai.
Hoje,
cheirai e vigiai...

Carnaval com broa de fubá , recheio de uva e molho de cana


Vida boa, ôo

é ficar à toa

esperando a maré baixar

Vida boa, ôo

é a chuva de garoa

que molha sem estragar

Vida boa, ôo

é ter nada que doa

e se doer

tem jeito de sarar

Vida boa, ôo

é ter uma canoa

e vara de pescar

Vida boa, ôo

é ficar na proa

pro barco descer o mar

Vida boa, ôo

é ser gente que voa

pra asa não desacostumar


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Bem feito para usted Venezuela!

Se o Haiti é aqui,
o Irã é aí!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Realejo de Blues and Jazz for 'Hivich'

Desembrulhe um ambiente
em papel de seda
purpura

recheado de poeira cosmica

em que orbitam

languidas criaturesas,

de reinos sem pantano,

apenas almas liricas

que fazem da lama melodica

mascaras de beleza

reluzentes,

rebolando.


De quebra,

curam a ressaca com


cataplasmas de cataclisma,


para a cutis viscejar,


realçar pálpebras de kripton,


sob olhares de viés em neon,
que piscam begonias esverdeadas


- o cérebro carnudo,
tricota pensamentos


em

batom rouge,


entoando madrugadas

nos muros com

unhas de guache,


enquanto a

lingua de puro malte
e nicotina,
desenha frases gregorianas,


feito estilhete recortando

vitrais humanos


em

capsulas espaciais:
ei-lo,
no disfarce de Afrodite,
pigarreando improperios e profecias quotidianas
lilases
em asas de aleluias
no Largo do Arouche.








sábado, 23 de janeiro de 2010

Planeta com calcanhar vitreo de Aquiles e aqueles outros...

(pano para enxugar o suor de tédio escorrendo pela testa-

lá vem o mesmissimo assunto de bugres)

Obs.: o ser humano é replica de si, fazer o que? O Haiti não é só ali, é aqui e acola, alhures...


Por isso...


A Terra mostra os intestinos

(dela e os nossos)

quebra ossos

esmaga sonhos

soterra futuros

expõe entranhas

espreme cérebros

porque Ela

desassossega

vira de bruços

transpira

e quando o faz

derrete placas vulcanicas

tambem moe a dor

a plenos pulmões

com muito mau humor

e esquisitice

A Terra revira o estomago

tectonico

coça suas partes intimas

tem alergia a humanos

Isso quando não nos vomita

e regorgita

nosso lixo em nós mesmos

ah, ei-nos, célebres genios de nossa propria magma idiotice



quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Natureza ao prato


Respingue chuvas torrenciais


generosamente


salteie com trovões e


acrescente instantaneamente


relâmpagos


vá mexendo e rezando


devagar


concentradamente


enquanto na TV a cabo,


se ainda houver energia suficiente,


fala sozinho um clássico em preto e branco


pulverize com a cantoria dos pingos (sem is)


batendo vigorosamente


como nas calhas,


ainda assim, afinadamente,


tudo na justa medida


cuide para que


ao despejar o vendaval


não desande do ponto


faça-o sem pressa


deixando em chama bem farta


de velas


por tudo quanto é canto


da poderosa panela


deixe sua psique se manifestar


em delírio


ainda falta muito a ajustar


e equilibrar os temperos


no martírio das ervas


pouco sal marinho



que costuma adensar



impiedosamente

no fofo escuro de cada nuvem


e muito vinho tinto


para sua perfeita


descoordenação


enquanto


esquenta seu coração


disparado


desviando sua cabeça do


borbulhar volumoso


triz a triz



de possível sangria


apertando a colher de aves-maria


nas mãos trêmulas.


A receita pode demorar


ou chegar ao ponto


rapidamente


Tudo vai depender


da harmonia dos ingredientes


Salute e amem


Porque , a sobremesa,


será um belo e espantoso


arco iris.















quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um vento de luz


Já vai para o final de tarde

depois de uma chuva leve

e suas nuvens revoltas

para chegar com elas

o vento que bate portas

range o portão

abre janelas

balança os galhos

esparrama as flores

no chão

brinca com os pássaros

com asas e pétalas

assovia na passagem

e deixa a casa escancarada

para a luz do verão

(foto em Tiradentes/MG/BR)




domingo, 17 de janeiro de 2010

Quando se perde a noção do tudo e dá de cara com o nada

Algo cai na sua cabeça


abre brechas na sua vida


com novas e horripilantes perspectivas


implosivas,


dessas de arriar o costado,


de levantar a tampa da sua privada
dar descarga sozinha
limpar a pia da cozinha
vê aquele vizinho irritante
com som entre sertanejo e sei lá o que
ensurdecedor


escorregar encosta abaixo


junto com ele a prole


de filhos e parentes


de uma só tacada


lá se vão
- voce trinca os dentes
sufoca aquela gargalhada-


a dívida, a sogra, o chefe,


os bastardos com seu dna
a mãe, a mulher, a amante


- e o que voce faz?


desce o morro e pede socorro.


Faz aiai...Imita o gato, miau


Obvio


voce não é nada


E voce?


Com sua barriga-creche
aluguel de provetas
de auxílio-berço, que entra em fila
de cesta básica, kit geração 2050,
alisante para cabelos rebeldes
bronzeado em segundos,
seio em pé,
bunda pipa
pança jararaca
tudo faz de conta
menos pagar a conta


exibe sem ver
seu decote


em V volumoso de
vitrines R$ 1,99


seu bate-boca banguela
com a vizinhança


sua panela de mirrados
faz o que?


cai de cocoras
com as pernas abertas


e não levanta mais


cre que seu ato é so parir fulaninhos
e sustentar a fábrica de
novos escravinhos...







A rua de casa em perfil egípcio



Começa com 200
Recanto
Ao pé da São José
Biboca
Nativa
Predileta
De concreta

Em felizes momentos
Conhecido
De apelido
‘Mococa’

Chuveiro duchão
No arredor
de fora
As ‘São Tomé’
Para alisar
O pé no chão
Lustre marroquino
No corredor
Lanternas de cor:
Garagem e entrada
Não me apresso
Para descrever
O resto...

(em 16/09/2009)







sábado, 16 de janeiro de 2010

O aborto da natureza em terceira dimensão

Qual é a verdadeira face da pobreza?
E qual é a cor que ela tem?
A dor da miséria e da catástrofe
doi mais em quem?
Os despojos de vítimas fatais
de hecatombes naturais
são espólios da humanidade?
Quem vai adotar os órfãos?
Quem vai alimentar os aleijões?
Quem vai sustentar o sobrevivente?
Dar água e limpar a sujeira do que era uma cidade?
Recompor o chão?
Reconstruir um lar?
Afagar o cão?
Qual é verdadeiramente
a ação do semelhante ao assemelhado?
Por que há uma direção única
de socorro
quando ainda há centenas de milhares soterrados pelo
preconceito e pobreza
em seus próprios territórios,
esses obviamente condenados à extinção pela exaustão?
Mas, os conhecidos abutres alçam vôos além mar
em seus veículos abarrotados de equipamentos ,
junto ao sobre peso de voluntários solidários na ajuda
visualizada e disseminada
bem pagos , diga-se de passagem, brancos, bem nutridos,
e com dinheiro ainda mais,
doados pelas divindades terrenas
e outras moedas
subtraidas de nossos impostos
suorentos
- clicados com faces benevolentes e heroicas
atraves da onipresente midia
Milk shake of the band aids
Cada bando e matilha
brigam pelo palmo de cooperação
Imposição.
Hierarquia. Patente. Armamento.
Tecnologia.
Usucapião .
Disputam cada centímetro da tragédia.
Enquanto a própria se decompõe na sarjeta,
sob sol intenso, muitas vezes descoberta,
exalando seu cheiro fétido, sua deformidade,
sua careta de espasmo insofismável.
Aqui, mesmo, há mais e mais
semelhanças quotidianas.
No vizinho, ao lado, no quintal, no onibus,
na escola, no quarto, banheiro, na esquina,
no dia e na noite, no berço,mundanas.
Quem se importa?
Já vi muita porcaria, mas,
Clinton, Bush e Obama?
Doce triunvirato de comadres.
Eis a comédia.
Só faltou a valiosa adesão, depois da honrosa permissão do espaço aéreo de Cuba, de Bin Laden...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ô, Humanidades, lembram-se de Biafra? Ah, o mundo não era globalizado e nem havia internet...A dor era longe demais para ser 'sentida'....

Devo perguntar ao Caetano,
de novo,
por que ele disse 'o Haiti é aqui' em 1993.
Ou ao Gil, mas este é presença invisível,
que ótimo:
... o Haiti não é aqui.
Sei lá, um ou outro. Qual a diferença?
Creio que foi graças à rima.
Sem pregos e cruz.
Lembram-se de Banda Aceh?
Álamo?
Melhor ainda: Pompéia?

Coral de arcanjos roucos

A afonia celestial
tornou-se uma epidemia
graças aos ouvidos humanos
moucos

por que dirige a sua vida na maior barbeiragem?

Há uma pilha de desastres





em consumo e atividade





outra em construção





o estoque de argamassa plásmica





está abarrotado




fede em valas, canteiros, acostamentos,




no meio fio,



lá está o rastro




do seu casco na direção

antes de entrar na próxima curva




que faz ao quadrado




fala-me do seu anjo





aquele arisco ali





escondido atrás da primeira nuvem





já vi que você gosta de tirar finas





de almas





passa de raspão nas outras quinas da existência





faz o maior cavalo de pau nas sinalizações





de consciência




vai no racha




sem freio




o seu som rompe tímpanos alheios




porque seu ouvido está entupido




cheio de alienação




e a buzina?

Jaz aqui voce, repentinamente,

graças a Deus , com sua ignorância e som,

quietamente...

Ao seu lado, sei não,

ouça o barulhão de quem voce roubou a vida

chapadão...

Ou voce acha que não vai ter continuação?...




































quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A magnitude natural do caos sobre o caotico humano


A piedade de um



se equilibra no mesmo fio da lâmina devastadora



da crueldade do outro



Benevolente, a natureza decepa vidas instantaneamente



o outro vai cortando fatias



aos poucos e lentamente



Agora,



ai de ti, Haiti



Antes era a escravidão,


depois,

a trama política lambendo a servidão,


aí veio o furacão,


o tsunami,


a floresta que virou carvão,


e revirou o chão em lama .


Agora, o desastre em pó


derrete teu choro


em cinzas

Teus gritos


se partem em escombros

Teus gemidos


despejam lixo e entulho

sobre



filhos, irmãos, pais, vizinhos, colegas, amigos.



Tua fome


tua miséria


sem estudo


sem diploma


caem como toneladas de pedras


sobre tua própria cabeça


rasgam com voracidade tua geografia


de cima a baixo.


A dor lancinante e insuportável


ecoa pela humanidade:

feito uivos noturnos de viralatas


Ai de ti, Haiti

O mundo ouve o roncar do teu


estomago vazio


abruptamente


Tua boca seca e


teu corpo quebrado em mil partes


estalam feito lenha no fogo


Não há água para linimento


nem para o alimento corriqueiro


A natureza mostra a face crua e nua,


só com um minutinho de contrariedade,


sacudindo-se do desmazelo e


te coloca no teu lugar: r u a.


Ai, Haiti,


tua bocarra de caimão,


espera o socorro

derradeiro.

De mão em mão, passamos o chapéu.

Na verdade, é socorro ao Planeta.


Pobre de ti.

Estavas em último lugar e estás prestes a perder até isso....
(foto veiculada na infernet)































domingo, 10 de janeiro de 2010

Mãe Joana, barriga de arrimo, a casa cai, sim

Não só as tuas tripas
teus peitos
tua estima
tua renda
aprenda, Joana
caem também


tua geladeira


teu tanquinho


sabe aquele armário de aço?


a TV de novelas


novinha e moderna


teu celular pre pago


tua cama de casal


o sofá lilás


a toalha florida


és capaz de imaginar?


aquele comodo ao lado


pro churrasco
tua alegria
tua gargalhada a rodo
tudo cai
Te enganas
se crês o contrário


o fio de varal comprido


cai


tudo vai encosta abaixo


e se está no chão


reles


a terra também te engole


de supetão


cada prestação


sobra nada


não...


Quem liga pro teu balaio de gato


tua conta no magazine


tua penca de filho


escorregando em morro e favela


que nasce de riso


tagarelas
magrelas
e cairão também no choro
da miséria e da fome


que prazer enche teu ventre?


não sabes se é dor


obrigação


descuido


maldição


teu companheiro


pior que tu


só mora na cama


encontra macheza


no beco da vida sem saída


na cachaça


no raio que o parta


fazendo bicos


que dão noção


torta


de ação


aquele que gasta toda energia


com o cotovelo no balcão


falando de mulher e futebol


e te enche de porrada


porque o time não sai da segunda divisão


Joana, Joana,


pra ser bacana


segura o barco


nada de refrigerante


cuida dos dentes


cuidado com o colesterol


o diabetes


a pressão alta


fica no arroz com feijão


dá gosto


verdura de verde escura


cura o porre do sacana


com a benzedura da horta


feche as pernas


como quem fecha janelas e portas


segura a onda


que o mar é bravio


Tu és o pavio
Senão tu escorregas
como o teu chão







sábado, 9 de janeiro de 2010

Por que adoro Ribeirão Preto (SP/BR) : desde 1979.


Fiz esta foto no início de dezembro de 2009
com efeito dos ultradimensionais
num final de tarde
aparentemente virulento
ainda assim agradável,
com teto celestial de tormenta,
fotografável,
quando já estava com um pé de pneu na estrada
e o outro , descalço, na sacada
apartamento
mormaço
40 graus
tornado
imprevisível
aqui tudo é possível
até
a região sul grifar a cidade
em efêmera tatuagem
lado esnobe
que esconde sonhos pobres
em alturas
medianas
abrigando
os descendentes
de duas e quatro patas
aqueles que
jogam lixo nas praças
garrafas, latinhas,
entopem bueiros com camisinhas e ampolas
somam-se ao desperdício do canteiro de obras
Agregam-se ao pelotão de frente:
faxineiros, porteiros, seguranças,
babás, motoboys, jardineiros,
deliveries, agregados,
personal trainers de dogs,
ao deus-dará pássaros e aves
desarrumados de seus próprios ninhos
a trolha humana, civilizada, suburbana, metropolitana,
finge matar,morrer, procriar, produzir
e deleita-se,
às vezes, entre a verdade e a ficção;
finque-se no timão do barco, Ribeirão
a maioria dos habitantes urbanos não é desse chão
um enxame
uma troupe de forasteiros,
recente,
com sua
prole parida em outros epicentros,
fugindo de metrópoles violentas,
e trazem rebentos demais,
a bordo,
chegam aqui porque
Ribeirão
continua
o fazendão
iluminado
Uma réstia moderna e próspera
do aquinhoado
e eles acreditam
que roubaram, perderam, ganharam
e querem ascender aos três quesitos
infames,
punidos ou impunemente,
a cidade-califórnia, se iludem,
de pernas abertas
o faz matreira e
comedidamente
Não se engane,
Ribeirão Preto faz sua cobrança
cegamente
de olhos abertos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Transbordante aceno de Minas

São águas de brotão
descem vertiginosas
sobre pedras cor de cobre
como expelidas da boca
furiosa do vulcão

domingo, 3 de janeiro de 2010

Colchão de lama, lençol de barro

Não esqueça o champagne
taças de cristal
protetor solar fator 355
a grife do decotado praiano
a bermuda com etiqueta surfista
mochila eco
sandálias de pneu reciclado
escolhas de vidas vestibulares
uns se aposentam
outros amamentam
há os que fazem investimentos
em mais elementos de concreta
exploração.
Escolhem o paraíso na mais equívoca concepção,
em câmbio de temporada,
o oásis
da virada
e reviram-se em grotesca
celebração, pela última vez.
A natureza ,despótica,
soterra-os, sem a mínima contemplação.